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Estado de Minas Liberado pela Anvisa

Tenha a melatonina como aliada e não um suplemento prejudicial à saúde

Falta ou uso excessivo desse suplemento alimentar, conhecido como 'hormônio do sono' pode provocar dano ao organismo


20/03/2022 04:00 - atualizado 20/03/2022 08:58

Melatonina é conhecida como hormônio do sono
Substância vendida sem prescrição médica para auxiliar no sono já é produzida pela glândula pineal e lançada no cérebro (foto: pixabay)
Liberada desde o ano passado, a venda da melatonina como suplemento alimentar acende o alerta sobre o uso indiscriminado da substância. A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite que o fármaco seja comercializado sem prescrição médica. Conhecida como “hormônio do sono”, a melatonina tem como função promover o relaxamento e auxiliar na modulação do chamado ciclo sono-vigília, popularmente conhecido como “relógio biológico”. O ciclo sono-vigília é um cronômetro interno natural de aproximadamente 24 horas, que informa ao corpo as horas do dia e o sincroniza com o mundo exterior. Assim, são reguladas as funções metabólicas e hormonais.
 
A melatonina já é produzida pela glândula pineal (glândula endócrina localizada no centro do encéfalo) e liberada no cérebro. A endocrinologista da Rede Mater Dei de Saúde Patricia Freitas Corradi explica que essa glândula permanece inativa durante o dia. O estímulo para a produção ocorre à medida que for reduzida a exposição da retina à luz (natural ou artificial).
 
“À medida que os níveis de melatonina aumentam, os níveis de cortisol, o chamado ‘hormônio do estresse’, caem. A respiração fica mais lenta, as pálpebras pesadas e temos os primeiros sinais de sono. A melatonina age basicamente desligando as funções diurnas e ativando as funções noturnas, reparadoras do nosso organismo”, ressalta a endocrinologista.
 

"O ideal é dormir entre sete a oito horas de forma consistente. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco"

Aline Lamaita, cirurgiã vascular, integrante da Associação Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular

 
 
cirurgiã vascular
'O ideal é dormir entre sete a oito horas de forma consistente. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco' Aline Lamaita (foto: arquivo pessoal)
 
 
A produção deficiente de melatonina pode desregular o ciclo circadiano, levando a problemas do sono que interferirão direta e negativamente na saúde, como dificuldade de iniciar e manter o sono, que não é capaz de restaurar o corpo adequadamente. O indivíduo apresenta, então, efeitos residuais no dia seguinte, com sonolência diurna, prejuízo na memória, foco e concentração, levando a uma queda na produtividade e na qualidade de vida.
 
A versão sintética da substância pode funcionar nessas situações, repondo a melatonina em baixa. Contudo,  por ser uma medicação de venda não controlada, o uso mal indicado e, consequentemente, a ausência de resultados leva ao aumento inapropriado da dosagem e ao seu uso indiscriminado.
 
“O horário e a dose dependem muito do quadro do paciente, que deve ser avaliado minuciosamente. Além disso, existe uma grande variabilidade nas concentrações da substância, comercializada sob a forma de suplementos. A ausência de controle técnico rigoroso torna os rótulos não tão confiáveis”, esclarece Patrícia Corradi.
 
A especialista reitera que, muitas vezes, a causa do distúrbio do sono não está relacionada à deficiência da melatonina. A ansiedade pode levar à insônia, assim como a uma série de outras doenças potencialmente graves, como apneia do sono, síndrome das pernas inquietas ou distúrbios de humor como depressão, que podem exigir tratamento médico específico.
 
Deficiência A resposta ao uso da melatonina só ocorrerá se a causa do distúrbio do sono estiver associada à sua deficiência, que pode ocorrer em situações específicas, como durante a jornada no trabalho noturno. Há também os casos de jet-lag, alteração do ritmo biológico após mudanças do fuso horário em longas viagens por avião,  e de pacientes portadores de doenças que diminuem a produção do hormônio, como Alzheimer, Parkinson, autismo e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
 
Nessas situações, o relógio biológico fica desregulado e vários outros hormônios perdem a sincronia que levaria à reparação noturna. As consequências podem envolver distúrbios de sono, obesidade, diabetes, envelhecimento precoce e hipertensão, entre outros problemas.
 
Para evitá-los, a endocrinologista Patrícia Corradi indica manutenção de horários regulares para dormir, com o mínimo de luz e ruído possíveis, alimentar-se de forma saudável, evitando o excesso de alimentos hipercalóricos, praticar uma atividade física regular, evitar o consumo de álcool e tabaco. Outras recomendações são a prática de, meditação e outras formas de redução do estresse, inclusive, de terapia comportamental.

Estudos Segundo análise publicada no jornal científico PLOS One sobre os resultados de 19 estudos com 1.683 homens e mulheres, as pessoas que tomaram suplementos de melatonina adormeceram sete minutos mais rápido e aumentaram o tempo total de sono em oito minutos. “Isso pode não parecer muito, mas houve muita variação individual, e os pesquisadores descobriram que a melatonina também melhorou a qualidade geral do sono, incluindo a capacidade das pessoas de acordarem sentindo-se revigoradas”, observa Patricia Corradi.
 
As contraindicações de uso da melatonina devem ser também observadas. Um desses exemplos é a administração por mulheres gestantes e mulheres que desejam engravidar ou que estejam fazendo tratamento à base de estrogênio.  A substâbncia tem leve efeito inibidor do hormônio feminino.


*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram
 

O desafio de dormir em época de pandemia

 

Ter sono de qualidade é um dos pilares do bom funcionamento do sistema imunológico. Situações externas e associadas ao ambiente em que as pessoas vivem, como a pandemia de COVID-19, podem representar um grande desafio. A doença respiratória interferiu no sono, em meio às mudanças na rotina e a crises de ansiedade e estresse provocadas pelas incertezas que o coronavírus impôs em vários campos da vida. A cirurgiã vascular Aline Lamaita, integrante da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, derruba o mito sobre a carga de sono inferior a sete horas para uma boa qualidade de vida.
 
“O ideal é dormir entre sete a oito horas de forma consistente. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco. Temos evidências extensas de que dormir cinco horas ou menos aumenta consistentemente o risco de condições adversas à saúde, como doenças cardiovasculares e até longevidade. Além disso, esse período é indispensável para a reparação do organismo e é importante para o bom funcionamento do sistema imunológico”, explica Aline Lamaita.
 
Além de potencializar o sistema imune e prevenir doenças, dormir bem é fundamental para manter o peso sob controle, o que é especialmente importante hoje, tendo em vista que a obesidade se mostra fator de risco para casos graves de COVID-19. “O papel do sono na saúde metabólica das pessoas vem sendo objeto de estudo há anos. Para muitas pessoas, a quebra do padrão normal do sono resulta invariavelmente em ganho de peso e problemas fisiológicos. Quando há uma grave perturbação da ordem temporal, bioquímica, fisiológica e dos ritmos comportamentais, isso mexe também com a expressão de alguns genes que regulam nossas vias metabólicas e nossos hormônios. Muitos pacientes que enfrentam mudanças nesse ciclo não conseguem seguir um plano alimentar, têm maior carga de estresse e impulsos alimentares”, completa a médica nutróloga Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
 
Dormir bem também é capaz de potencializar uma série de funções cerebrais, auxiliando, por exemplo, na produtividade, na capacidade cognitiva, na melhora do humor e na diminuição do estresse e da ansiedade, comuns na pandemia. “Tempo e qualidade ao dormir nos deixam com um humor melhor e aguçam nosso cérebro. Também nos dão a energia e a capacidade de administrar nossas vidas ocupadas, desde exercícios físicos a até o trabalho”, afirma o médico neurologista e neuro-oncologista Gabriel Novaes de Rezende Batistella, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).

Sem esforço Se a pessoa não dormir o suficiente, até mesmo uma tarefa simples pode exigir mais esforço mental. “Você também achará muito mais difícil se concentrar e poderá notar lacunas em sua memória de curto prazo”, afirma o especialista. O sono e a qualidade dele são fundamentais, ainda, para a boa aparência da pele.
 
A dermatologista Paola Pomerantzeff, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que durante o sono ocorre um relaxamento muscular que evita as rugas de expressão provocadas pela chamada mímica facial durante o dia, e a liberação de substâncias como o hormônio do crescimento (GH), que é responsável pelo desenvolvimento e a renovação celular, inclusive das células de colágenos. Elas dão firmeza e viço à pele.
 
“Uma noite mal-dormida, além de diminuir a produção de colágeno, pode aumentar a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que leva ao aumento de radicais livres, com consequente oxidação das células da pele e aceleração do envelhecimento”, destaca a dermatologista. 
 
 


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