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Estado de Minas JULHO VERDE

Câncer de cabeça e pescoço mata 10 mil pessoas por ano, segundo o Inca

Os dados de mortalidade, segundo especialistas, podem aumentar ainda mais, haja vista o medo de consultas na pandemia. Prevenção é palavra-chave


01/07/2021 15:28 - atualizado 02/07/2021 08:29

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Nesta quinta-feira (1/7), tem-se início o mês de julho, considerado como o de conscientização do câncer de cabeça e pescoço e, também, denominado “Julho Verde”, campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) para chamar atenção para a prevenção e diagnóstico precoce da neoplasia.

De acordo com dados recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada ano surgem 43 mil novos casos de tumores nessa região, ao mesmo passo em que 10 mil pessoas morrem em decorrência da doença. 

Os dados são alarmantes, mas, em meio à pandemia de COVID-19, especialistas temem que as taxas se elevem, haja vista o medo e receio das pessoas em “quebrar” o isolamento social para recorrer a consultas médicas, postergando o diagnóstico e resultando no reconhecimento tardio da doença, quando há poucas perspectivas de cura.

“Quando a doença é diagnosticada em estado já avançado, as chances de cura ficam em torno de 40%, enquanto a probabilidade em tumores precoces pode chegar a 90%.” 

É o que explica Tracy Dias, oncologista clínica do Cetus Oncologia. Segundo Bruno Aragão, também oncologista clínico do Cetus Oncologista, os dados dizem mais: é possível que haja um aumento também na incidência de óbitos.

“Devido à pandemia, calcula-se aumento de 20% na mortalidade nos tumores de cabeça e pescoço, uma vez que houve aumento do consumo de álcool e fumo, além do sedentarismo e aumento de peso, provocado pelo isolamento social. Uma diminuição das percepções das pessoas quanto aos sintomas e queda na procura de auxílio médico são outras razões para a subida de casos deste câncer.” 

Nesse cenário, Tracy Dias reforça a importância de que o diagnóstico precoce seja feito. Conforme a oncologista, reconhecer o tumor precocemente é muito importante, e isso para além do aumento nas chances de cura. Isso porque, segundo ela, os tumores avançados demandam tratamentos mais específicos e invasivos, como quimioterapia e radioterapia, para tentar aumentar as chances de sobrevida. Mas, como é possível fazer o reconhecimento da doença o quanto antes? 
 
(foto: Marcele Valina/Divulgação)
(foto: Marcele Valina/Divulgação)

Quando a doença é diagnosticada em estado já avançado, as chances de cura ficam em torno de 40%, enquanto a probabilidade em tumores precoces pode chegar a 90%.

Tracy Dias, oncologista clínica do Cetus Oncologia

 

“Exames de imagem como raio-x ou de alto custo – ressonância magnética, ultrassom, endoscopia, laringoscopia e tomografia – podem ser feitos para descobrir nódulos na cabeça e pescoço. A partir do momento em que os nódulos são encontrados, é solicitada uma biópsia para que seja atestada a histologia do tumor, ou seja, a confirmação diagnóstica. A investigação deste câncer será necessária nos casos em que o paciente começa a se queixar de nódulos no pescoço, dificuldade de engolir, presença de lesões na boca com sangramento ou de difícil cicatrização, além de mudanças repentinas no timbre da voz”, destaca a especialista. 

Isso porque esses são alguns dos sinais de alerta dados pelo corpo que podem ser indício da doença. A partir disso, o melhor tratamento pode ser indicado: “Na maioria dos casos, é o cirúrgico. A radioterapia e quimioterapia também podem ser indicadas. A curabilidade é relacionada ao diagnóstico precoce”, comenta Sandro Lana, oncologista clínico do Cetus Oncologia. Em cenários de doença já metastática, a imunoterapia vem ganhando destaque, aumentando a sobrevida desses pacientes, conforme Flávia Amaral Duarte, oncologista do Grupo Oncoclínicas. 

DANOS 


Os cânceres de cabeça e pescoço englobam, de forma geral, os cânceres das cavidades oral e nasal, garganta, glândulas tireoide, paratireoides e salivares. E, apesar de muitas pessoas relacionarem o tabagismo ao câncer de pulmão, ele é também um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de cânceres de cabeça e pescoço. Outros fatores importantes são o consumo de bebida alcoólica, obesidade e infecções por HPV, conforme Flávia Duarte. 

Com o diagnóstico tardio ou não, o câncer de cabeça e pescoço pode trazer danos para a saúde do paciente. “A longo prazo, mesmo em pacientes já curados, alguns sintomas são comuns, como alterações do funcionamento da tireoide, alteração do paladar e ressecamento da cavidade oral – falta de saliva, o que chamamos de xerostomia”, diz a oncologista do Grupo Oncoclínicas. 

Em casos mais avançados, é possível ainda que alternativas para alimentação e respiração persistam. “A doença e o tratamento podem ocasionar mutilações da língua, nariz, laringe, face e muitas vezes gerar a necessidade de traqueostomia definitiva. O uso de sondas para poder se alimentar, próteses para reconstruir a face, além da perda de olfato, paladar, desnutrição e morte são outros danos lamentáveis que este câncer pode causar”, pondera Bruno Aragão. 

Além disso, os tratamentos podem deixar algumas sequelas, segundo Tracy Dias. “Cirurgias muito extensas ou mutilantes podem, infelizmente, demandar a necessidade de remoção de partes da face ou do pescoço, o que causa prejuízos estéticos e, consequentemente, danos na autoestima. Além disso, a radioterapia podre provocar danos na pele, similares aos causados pelas queimaduras solares e inflamação das mucosas (mucosite). Em alguns casos, o paciente fica com dificuldades na fala e rouquidão persistente.” 


CUIDE-SE! 


Haja vista os riscos de queda na qualidade de vida, bem como os altos índices de mortalidade em decorrência do câncer de cabeça e pescoço, a prevenção é boa aliada do paciente. “O câncer de cabeça e pescoço é evitável e está intimamente ligado aos nossos hábitos. Quando adquirido é um câncer que realmente traz muitas marcas ao nosso organismo. Apesar da evolução dos tratamentos, ele ainda é grave. Por isso, o ideal é não ter. E isso está nas nossas mãos, por meio de atenção aos nossos hábitos e vícios”, comenta Bruno Aragão. 

E essa prevenção pode ser centrada em dois pilares, conforme Tracy Dias: os cuidados primários e os secundários. “É possível, por exemplo, se atentar aos fatores comportamentais que causam a doença: eliminar o álcool e o tabagismo, realizar a higiene bucal de forma adequada, manter o acompanhamento médico ou odontológico e alimentação saudável.” 
 
(foto: Marcele Valina/Divulgação)
(foto: Marcele Valina/Divulgação)

Mantenha a alimentação saudável e balanceada, e hidrate-se. Vá ao dentista, pelo menos, a cada seis meses, e se aparecerem feridas na boca, caroços no pescoço ou rouquidão com falta de ar, procure um especialista.

Sandro Lana, oncologista clínico do Cetus Oncologia

 

Além disso, segundo Sandro Lana, a prática de exercícios físicos é importante para prevenir muitos cânceres, incluindo o de cabeça e pescoço. “Ainda, mantenha a alimentação saudável e balanceada, e hidrate-se. Vá ao dentista, pelo menos, a cada seis meses, e se aparecerem feridas na boca, caroços no pescoço ou rouquidão com falta de ar, procure um especialista”, recomenda o oncologista clínico. Ainda, de acordo com Bruno Aragão, é importante que as pessoas se previnam contra o HPV, fator de risco para a doença. 

“O uso de preservativo para evitar a contaminação por HPV e vacinação contra esse vírus em meninas entre 9 e 14 anos e nos meninos entre 11 e 14 pode proteger da enfermidade. O SUS, inclusive, fornece gratuitamente as doses.” 

Outra forma de cuidado é a prevenção secundária, estabelecida por meio do diagnóstico precoce, conforme Tracy Dias. Para isso, é importante que o paciente conheça o próprio corpo e busque ajuda médica diante de qualquer alteração encontrada, seja uma ferida que não cicatriza, um nódulo suspeito ou qualquer outro sintoma que possa ser indício da neoplasia, haja vista a não existência de exames de rastreamento, nem mesmo em populações de alto risco. “É importante que os pacientes estejam atentos a alterações”, afirma Flávia Duarte. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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