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Estado de Minas VIRADA DE ANO

O que tem a agradecer em 2020?

Gratidão. Desafios, ganhos e perdas de 2020 fazem desse ato sinal de sabedoria, aprendizado e esperança


27/12/2020 04:00 - atualizado 27/12/2020 08:48

Cristiane Rosa Ferreira Valério venceu um câncer em 2020 e diz que a vida é um presente, ao lado dos filhos e marido(foto: Amanda Costa/Divulgação)
Cristiane Rosa Ferreira Valério venceu um câncer em 2020 e diz que a vida é um presente, ao lado dos filhos e marido (foto: Amanda Costa/Divulgação)
  

Gratidão é saber se doar sem esperar nada em troca. Saber que ela não retorna na mesma proporção do bem que é feito. Saber que ser grato não o fará imune aos problemas e obstáculos que virão pelo cami- nho. Mas ter a certeza de que praticá-la o fortalecerá para lidar com todos os desafios da vida. E em 2020, em plena pandemia da COVID-19, com tudo o que este ano, que está chegando ao fim, representa, os sentimentos de muitos podem estar confusos quanto ao praticar e receber a gratidão.

Em meio à dor, perdas humanas e materiais, ao medo, insegurança sobre o futuro, solidão, ansiedade, há o outro lado. E uma maneira de enxergar o que estar por vir é com esperança, fé e, acima de tudo, sendo grato pelo simples fato de existir, de respirar. E consciente de que a gratidão não é só pelo que dá certo, mas por tudo que está presente na vida de cada um. Com altos e baixos, dores e alegria.
 
Falar de gratidão é o presente do Bem Viver aos leitores neste momento. A busca de palavras em depoimentos inspiradores para que todos possam seguir de pé, em frente, confiantes ainda que com derrapadas e deslizes. Uma estrada de mão dupla, a gratidão faz bem a quem pratica e recebe e é tudo que o mundo precisa neste momento, porque ela se materializa na forma de amor, compaixão, solidariedade, amizade, cuidado, carinho, atenção, enfim, um ato de nobreza.
 
“Gratidão é reconhecer que mesmo em meio a tantas lutas, doenças, vitórias, conquistas, perdas, tristezas e alegrias a vida é um presente.” A declaração de Cristiane Rosa Ferreira Valério, de 37 anos, analista de crédito, casada com Pedro Valério, de 40, e mãe de Rhamon, de 17, e Rhafael, de 8, é um sopro do saber viver para todos. A vida de Cristiane passou por uma transformação em 2020. Demitida do emprego em janeiro, cumprindo aviso-prévio, ela percebeu um inchaço no pescoço. Após fazer vários exames, foi diagnosticada com linfoma não Hodgkin, logo no início da pandemia.

Depois de encarar o duro tratamento do câncer em meio à COVID-19, Cristiane Rosa conta que, mesmo tendo de lidar com a internação, as consequências da sua doença e o risco do novo coronavírus e encarar uma crise de pânico, segue otimista. Claro, confessa, tinha medo, receio de se contaminar, o que seria fatal, já que não tinha defesas no corpo. Mas apesar de ter tido de usar sonda gástrica, perder os cabelos, via casos da COVID-19 chegando ao hospital, não podia receber visitas, apenas um acompanhante fixo, e mesmo diante de todas as dificuldades não perdeu a fé. Fé responsável pela sua cura conquistada em outubro. “Hoje, passado o vendaval, vejo o quanto fui abençoada por Deus neste ano em que tantas pessoas perderam seus entes queridos, muitos deles saudáveis, sem nenhum problema. Venci o câncer e agora vou vencer a pandemia.”
 

MOMENTOS DIFÍCIES PASSAM

 
A professora Roberta Guimarães de Mendonça também venceu um câncer e segue de bem com a vida ao lado do neto Rodrigo(foto: Arquivo Pessoal)
A professora Roberta Guimarães de Mendonça também venceu um câncer e segue de bem com a vida ao lado do neto Rodrigo (foto: Arquivo Pessoal)


Para a professora Roberta Guimarães de Mendonça, de 50, “gratidão é reconhecer que a vida é um presente e que devemos agradecer todos os momentos. Por mais difíceis que sejam, eles irão passar”. Ela também superou um dos maiores desafios da sua vida em 2020. Passou por 16 sessões de quimioterapia e 15 de radioterapia, entre fevereiro e outubro, depois de ser diagnosticada com um tumor na mama direita que atingiu a axila. “Não vou negar que tive medo, principalmente neste contexto de pandemia, mas, ao mesmo tempo, me propus a enfrentar tudo que fosse preciso. Na rádio, ficava sozinha na sala. Já na químio, tinha com quem conversar, o que era ótimo porque adoro falar, ter contato com gente.

Então, transformava o tratamento em um evento. Separava minha roupinha para ir ao médico, já que entendia que estava indo em busca da minha cura, logo tinha que estar linda. A ocasião era especial. É lógico que os medicamentos trazem muitas reações para o corpo, mas não há dor que não se resolva.”
 
Também presenteada com a graça da cura em outubro e livre do câncer, Roberta revela que deste 2020 quer levar apenas a sua história de superação, que a transformou em uma nova Roberta. “Antes do câncer, era medrosa, um pouco tímida e agora sou destemida. Meus filhos costumam dizer que estou em outro plano. Eu me apeguei a todos os mecanismos para controlar a situação e encerrar este capítulo da minha vida de forma vitoriosa.”

RECONHECER A GRAÇA

 Para a psicóloga Adriane Pedrosa, que faz parte do corpo clínico do Cetus Oncologia, e acompanhou tanto Cristiane quanto Roberta, a superação dessas duas mulheres ressalta a importância de sermos sempre gratos à vida, sem jamais sucumbir, mesmo quando tudo pareça difícil. “Se para nós, saudáveis, o ano foi difícil, imagine para elas, que, além do medo da COVID-19, tinham que lidar com outra doença, com diagnóstico confirmado. Às vezes, valorizamos coisas tão banais e, com isso, nos perdemos dos pequenos, mas preciosos, detalhes, como observar o voo de um pássaro ou mesmo o caminhar de uma formiga. Tenho certeza de que isso tudo se tornou grande para as duas depois das lutas que enfrentaram. Elas mostraram o verdadeiro sentido da palavra esperança. Viveram a dor confiando sempre no amor”, afirma.
 
A beleza da gratidão é que é possível aprender e compartilhar. Filósofo e doutor da Igreja Católica, São Tomás de Aquino escreveu o Tratado da gratidão, em que define três níveis: no primeiro, mais superficial, está o reconhecimento da graça por uma atitude. A gratidão em si. No segundo, intermediário, é a sensação de gratidão por ter recebido uma ajuda espontânea; vai além da simples manifestação de gratidão, mantendo-se a permanência desse sentimento. No terceiro e profundo é a retribuição da graça recebida, não por obrigação, mas para permitir que outras pessoas experienciem o mesmo sentimento. É se comprometer com quem lhe fez o favor ou a boa atitude, representa um nível de vinculação. O desejo do Bem Viver é que cada um escolha ser grato na vida em todas as instâncias.


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