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Estado de Minas COVID-19

Em meio à pandemia, pais deixam de vacinar os filhos

Índices apontam que, durante o isolamento social, as crianças têm se vacinado cada vez menos contra outras doenças. Consequências podem ser graves


07/07/2020 11:00 - atualizado 06/07/2020 19:14

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Dados apresentados pelo Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) apontam que, do ponto de vista federal, apenas 61,83% das crianças foram vacinadas contra a gripe na campanha deste ano. A meta estabelecida era de 90%.

Além disso, o Ministério da Saúde informa que o distanciamento social associado a situação atual da pandemia, no Brasil, tem gerado impactos na queda de cobertura vacinal no país. 

Para Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur, a queda das taxas de vacinação infantil, durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, se dá pelo crescente medo de contaminação.

No entanto, Sheila destaca que mesmo antes da onda de contágio de COVID-19 afetar o Brasil e o mundo, já era observado, desde 2016, um declínio nos índices de crianças vacinadas. 

Isso porque, segundo a diretora médica, há certa falta de informação sobre a importância de manter o cartão de vacinas atualizado, a fim de evitar surtos de doenças graves ou propiciar o retorno de outras já consideradas erradicadas, como a poliomelite.  

“Consideramos que a falta de relato de casos no país dá a impressão de que não existe mais o risco de se contaminar. Porém, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus da pólio pode ser facilmente importado por países onde a doença ainda é endêmica, e se espalhar rapidamente por onde não houver imunização adequada”, pontua. 

Além disso, Sheila destaca que a constante propagação de informações falsas a respeito da eficácia das vacinas pode contribuir para que as pessoas optem por não se vacinar e, consequentemente, decidirem não imunizar seus filhos. “Ouve-se muito, por exemplo, que a vacina da gripe resulta na infecção pelo vírus Influenza ou que a tríplice viral causa o autismo, o que não é verdade em ambos os casos.” 

Neste contexto, a especialista julga de extrema importância que a população tenha acesso a informações corretas quanto aos riscos gerados pela contaminação de doenças que podem ser prevenidas, a segurança das vacinas e a forma como estas agem no organismo. E destaca ser essencial que as crianças não sejam privadas de receber as imunizações. 

“Na infância, as pessoas estão mais suscetíveis às doenças, pois suas defesas imunológicas ainda são imaturas. Por isso, as crianças são públicos prioritários, por apresentarem no caso da gripe, por exemplo, risco aumentado de hospitalização e por serem os principais disseminadores da doença", afirma.

Vale ressaltar que para o calendário de imunização rotineiro, é importante que todas as doses recomendadas das vacinas sejam tomadas de acordo com o esquema vacinal

Ainda, Sheila destaca que manter a vacinação em dia contribui para prevenir que doenças controladas ou já erradicadas voltem a apresentar casos, como ocorreu, recentemente, com o sarampo.  


Pós-pandemia 


“Embora estejamos vivenciando a pandemia do novo coronavírus, isso não significa que os demais agentes infecciosos de doenças graves não estejam circulando. Eles continuam presentes e podem acometer os indivíduos com doenças graves, como a meningite, ou mesmo resultar na volta de outras patologias, o que é considerado muito preocupante”, comenta a diretora médica da Sanofi Pasteur. 

Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur(foto: Sanofi Pasteur/Divulgação)
Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur (foto: Sanofi Pasteur/Divulgação)
Sheila destaca que, mesmo em meio à pandemia, os postos de saúde continuam abertos e oferecendo o serviço de vacinação, visto que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), este é considerado essencial. 

“Dessa forma, o objetivo é evitar o aumento do número de indivíduos suscetíveis a outras doenças, que podem ser prevenidas por vacina, após o fim da pandemia."

Inclusive, recentemente, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBI) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançaram uma cartilha com orientações para que a vacinação seja mantida. "A não imunização de rotina pode acarretar, em um futuro próximo, risco de surtos de doenças imunopreveníveis, ou seja, que poderiam ser evitadas com a vacinação”, diz. 

Responsabilidade 


A princípio, segundo Sheila, são os pais os responsáveis pela vacinação de seus filhos. No entanto, cabe às autoridades de saúde, profissionais e entidades ligadas ao tema fornecerem informações adequadas quanto a vacinação e a importância de que sua periodicidade seja mantida.

Além disso, é de responsabilidade do governo manter a disponibilidade das vacinas inseridas no Programa Nacional de Imunização (PNI) para a população. 

“Sobre a responsabilidade dos pais, houve no começo do ano uma determinação do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) de que todo casal deve providenciar a administração de todas as vacinas de seus filhos, em conformidade com o calendário nacional de vacinação. Mas, reforço que o assunto deve ser tratado como uma responsabilidade conjunta, da sociedade, entidades de saúde e governo”, pontua. 

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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