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Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

Um estilo de refeição que convida à prática

Enganam-se os que pensam que a alimentação plant based é sem graça. Adeptos e chefs de cozinha apostam na diversidade de ingredientes da estação, frescos e viçosos, nos cardápios


postado em 06/10/2019 04:00 / atualizado em 05/10/2019 20:22

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Pode parecer complicado. Restritivo até. Mas, de fato, adotar ou privilegiar uma alimentação plant based na rotina do dia a dia é mais fácil do que se imagina. Palavra de Paula Armani Martins Guedes, publicitária, de 32 anos, adepta da dieta à base de plantas há dois anos. “Já fiz todos os tipos de dietas malucas e nada saudáveis, que tinham como objetivo a magreza. Mas depois que engravidei, passei a me preocupar com uma dieta saudável, focando na saúde e não mais apenas em estética, o que vem como consequência.”
 
Paula contratou uma consultoria especializada em alimentação saudável para implementar as dicas na rotina. “São sugestões de cardápios saudáveis para o almoço (entrada/salada, prato principal e sobremesa) e uma sugestão de lanche por dia. Não sou vegana e nem vegetariana, apenas tenho buscado uma alimentação mais balanceada e saudável”, aponta.
 
Ela tem uma funcionária responsável pela cozinha, mas mesmo para quem não conta com tal facilidade, acredita ser possível variar o cardápio. “Tudo é uma questão de planejamento. Só de vetar certos alimentos na dispensa ou geladeira já ajuda, pois processados são um atrativo para a gula e para a preguiça de preparar algo. Hoje, também existem muitos restaurantes saudáveis e empresas que fazem esse planejamento alimentar plant based, inclusive no esquema delivery”, sugere.
 
E é mesmo possível abrir mãos das caixinhas e dos enlatados com comida pronta? Sem radicalismos, a publicitária atesta que sim. “Acho que é mais uma questão de saúde mesmo e de números listando casos de doenças relacionadas à alimentação e consumo de industrializados. Para mim, o principal benefício é a saúde e realmente houve mudanças benéficas no corpo e nos sistemas digestório e imunológico.”

NA COZINHA Em BH, mesmo em restaurantes convencionais (de cardápio misto entre opções com e sem proteína animal) já é possível desfrutar de refeições no conceito plant based. Exemplo vem do chef Walter Seixas, que faz questão de valorizar os pequenos produtores para criar as receitas da Osteria Cacio e Pepe, muito delas inspiradas na culinária mediterrânea, famosa pelo consumo de azeites, oleaginosas, frutas secas, legumes e frutos do mar. Sócio de Maria e Rodrigo Alvim no negócio, aberto em fevereiro deste ano no Bairro São Pedro, ele preza a utilização de alimentos em sua forma mais natural para elaborar os pratos e os molhos servidos na casa. “A maior parte dos insumos usados na cozinha são produzidos no próprio restaurante. Para o molho vermelho, usamos tomates italianos frescos misturados a aipo, alho-poró e outros vegetais. Tudo para dar um sabor ainda mais marcante. Nenhum dos processos é feito com enlatados ou algo assim. Priorizamos o real sabor de cada alimento. Legumes, frutas e hortaliças são cultivados por pequenos produtores locais”, detalha.

POSTURA PRÓ-SAÚde Frente ao cuidado com a elaboração de pratos mais saudáveis, Seixas não se vê fazendo nada extraordinário. “A preocupação com a saúde do próximo deveria ser algo prioritário para todos. Seja com pessoas com quem temos ligação afetiva, seja aquelas que mal conhecemos. Em uma época de crise ambiental, com diversos problemas climáticos, em meio à prática cada vez mais intensa de atividades predatórias que consomem o meio ambiente e colocam em xeque o futuro da humanidade, priorizar uma alimentação saudável e focar em produtores responsáveis é uma parte do que nós, donos de restaurantes, podemos fazer. Gastronomia é cultura. Devemos apresentar uma cultura saudável, responsável e inteligente”, defende o chef.
 
Convidado a sugerir dicas para o público que deseja conhecer a alimentação plant based, o chef é taxativo. “Uma única dica já simplifica tudo: preocupe-se com o que está comendo. Pesquise por alimentos saudáveis, transforme a prática de cozinhar em algo interessante. Evite comprar enlatados ou outros alimentos processados. Dê preferência para comprar tomates e fazer seu próprio molho, dando o sabor que você deseja em vez de comprar um produto pronto.Transforme o momento da refeição em uma prática divertida e que agrega.”
 
O cultivo e a utilização de verduras e leguminosas vêm sendo cada vez mais difundidos no mundo(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press %u2013 8/10/13)
O cultivo e a utilização de verduras e leguminosas vêm sendo cada vez mais difundidos no mundo (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press %u2013 8/10/13)
 
 
 
O papel de cozinheiros e comensais na sustentabilidade
 
Um conceito ainda muito novo, o green gap diz respeito à distância entre o ideal e a prática em cozinhas, restaurantes e consumidores no tocante à preservação do meio ambiente e da vida no planeta. Entenda mais na entrevista com Erica Campbell, diretora de digital consumer experience Electrolux Latam, que ministra palestra na programação da edição 2019 do Fartura – Comidas do Brasil (realizado em BH até este domingo).

O que é o conceito green gap?
Green gap refere-se à distância entre o conhecimento sobre hábitos e atitudes sustentáveis e de fato colocar este conhecimento em prática. Por ocasião do aniversário de 100 anos da Electrolux e a divulgação de metas e compromissos relacionados à sustentabilidade, conduzimos uma pesquisa global com mais de 9 mil respondentes, incluindo países da América Latina onde temos operações, como Brasil, Chile e Argentina, para entender qual o nível de conhecimento e prática relativos à sustentabilidade. A partir do entendimento dos green gaps pudemos buscar uma forma de a Electrolux ajudar a reduzir essas lacunas. A pesquisa indicou, por exemplo, que, apesar de 56% dos entrevistados na América Latina terem se declarado conscientes com relação ao clima, eles se sentem menos empoderados e com maior dificuldade de ter atitudes sustentáveis do que a média global. A intenção da Electrolux é ajudar a reduzir essas lacunas entre conhecimento e prática, reduzir a dificuldade em se adotarem atitudes sustentáveis. Por isso, lançamos o Better Living Program, um programa com uma lista de 100 ações ao redor do mundo, para que, até 2030, possamos transformar a vida para o melhor e para ser mais sustentável, focadas em nossos pilares principais: sabor, cuidado e bem-estar. Entre as ações, abordaremos temas como desperdício de alimentos, durabilidade das roupas e qualidade do ar.

O que os chefs de cozinha e os consumidores têm a ver com este conceito?
Chefs de cozinha, o crescimento de reality shows e programas de culinária e gastronomia têm ajudado, no nosso ponto de vista, a popularizar o interesse pela boa cozinha, o melhor uso e aproveitamento dos ingredientes, o cultivo próprio de verduras e leguminosas, inclusive mostrando que há, sim, gastronomia na alimentação à base de plantas (e com muito sabor!). Segundo a pesquisa, o percentual de pessoas no Brasil que adota dieta à base de plantas (25%) e a redução do consumo de carne animal (30%) está em linha com a média global. Sabemos que são hábitos que vêm crescendo e que os chefs são fundamentais na ampliação das alternativas alimentares para seu público.

De que forma uma alimentação mais verde e menos processada favorece a saúde e o meio ambiente?
Existem inúmeras pesquisas científicas que indicam esses benefícios. O papel da Electrolux é dar instrumentos para que nossos consumidores possam reinventar as experiências de sabor, auxiliando no preparo e na preservação dos alimentos, permitindo ao consumidor, se essa for sua opção, uma alimentação mais caseira, por exemplo. O programa Better living – Uma vida melhor começa agora tem, entre suas metas globais, a promoção da alimentação saudável como a escolha preferencial das pessoas. Uma das áreas-foco que a Electrolux está atuando fortemente aqui no Brasil para contribuir com essa meta é a redução do desperdício de alimentos. Com isso, ela estabeleceu um compromisso, que é investir o equivalente a 12% da verba de marketing para conscientização e instrumentalização de colaboradores e da sociedade latino-americana sobre desperdício de 
alimentos, entre outros temas. 
 
 
Cozinhar para alguém deve envolver a total ligação do alimento com quem o manipula. Saber o caminho que esse alimento percorre até a mesa do cliente é uma preocupação constante para os cozinheiros que mais admiro
 
Walter Seixas, chef que privilegia
ingredientes não processados no restaurante 

 


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