
Em primeiro lugar: censura (prévia ou não, vide rodapé desta coluna) é inadmissível, inaceitável e intolerável. Tenho escrito aqui, com relativa frequência e insistência, a respeito do autoritarismo eleitoral contra as pesquisas de opinião. O governo Bolsonaro e seus aliados têm se comportado como censores fascistoides.
Em minhas manifestações, sempre alerto: a gente sabe como o autoritarismo começa, mas nunca como termina. O presidente, seus aliados e sua militância fanática operam um processo de destruição institucional sem precedentes no país. Para eles, nada presta e nada serve: imprensa, TSE, Congresso, STF, urnas eletrônicas, pesquisas…
A verdade, para essa gente truculenta e autoritária, a virtude e a razão só estão juntas de si e dos seus. Do outro lado - o lulopetismo -, ainda que de forma muito mais velada e tímida, os ataques às instituições democráticas e o jogo sujo eleitoral sempre foram característicos e presentes. Basta lembrarmos o que fizeram em 2014: “o diabo”, segundo Dilma Rousseff.
Em 2018, finalmente, o PT encontrou um adversário à altura na baixaria eleitoral. Mas o bolsonarismo consegue ser ainda mais inescrupuloso e aguerrido. Para cada “chute no saco” desferido pelo petismo, bolsonaristas devolvem dois, sendo um, no pescoço. Lula e seus bate-paus descobriram que Bolsonaro não é a Marina Silva. Agora, que aguentem.
Na esteira do derrame do chorume que transbordou, cada vez mais politizado e menos legalista, o Supremo Tribunal Federal (STF), após ir e vir, convenientemente, na prisão e soltura do ex-presidiário (sim, ex-presidiário!!) Lula da Silva, contaminou o colegiado eleitoral, que mais perdido que cego em tiroteio, anda metendo os pés pelas mãos.
Repito os três Is acima: censura é inadmissível, inaceitável e intolerável. Mas os jogadores (os políticos) são igualmente culpados E a imprensa - certo tipo de imprensa - tem muita culpa no cartório também. Juntos, transformaram as eleições em partida de várzea, tornaram as torcidas (os eleitores) inimigas mortais e rebaixaram a democracia.
Sim, aproveitando a analogia com o futebol: nossa democracia foi rebaixada à segunda divisão. E corre o sério risco de cair para a Série C. O Brasil, independentemente do vencedor no dia 30, seguirá fraturado como jamais esteve. E custo a imaginar que se recupere tão cedo. Nós e as gerações futuras pagaremos o preço da irresponsabilidade.
No primeiro parágrafo eu falei em epílogo, pois acredito, infelizmente, que não chegamos ao final, e que, no fundo do poço, ainda existe um alçapão. O lulopetismo e o bolsonarismo são movimentos de massa e, juntos, majoritários, além de interdependentes e retroalimentados. Com muito esforço e insistência, nossa classe política conseguiu nos levar à nossa hora mais escura.
* Um internauta da Rádio Itatiaia, onde participo de um programa diário (Conversa de Redação, de 8:40h às 9:00h), fez uma observação sobre censura. Ele disse que não há censura prévia, pois toda censura seria prévia. Conforme meu comentário (vídeo acima), concordo, discordando. Há, sim, a censura posterior, como ocorreu, recentemente, com a revista eletrônica Crusoé e com o jornal Estado de São Paulo, que tiveram reportagens censuradas após a publicação. Um forte abraço ao internauta e muito obrigado pela audiência e participação.
