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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Quarentena: entre a inquisição e a compreensão

Sou contra a onda de ataques muitas vezes gratuitos


postado em 07/06/2020 04:00 / atualizado em 07/06/2020 08:10


 
Sob a pretensa desculpa de estarmos preocupados com o bem comum, nos tornamos inquisidores baseados em regras que achamos serem as melhores para transcorremos os últimos meses. Vou dar um simples exemplo. Vi pessoas olhando de suas janelas carros e transeuntes nas ruas e os criticando. “Estas pessoas ainda não entenderam que era para todos ficarem em casa”?
 
Porém, a todo momento, davam autorização para que entregadores de comida, supermercado, farmácia chegassem até a porta de suas casas. Acho que se esqueceram que para uns ficarem em casa em segurança, outros precisaram sair, que comida, mantimento, energia elétrica, gás, remédio não surgem do nada, por geração espontânea. Não estou querendo ir contra a necessidade da maioria ficar em casa, apenas sou contra a onda de ataques muitas vezes gratuitos que tenho visto muita gente adotar.
 
Esta é a primeira pandemia moderna que atinge a maioria de nós diretamente. Precisaremos de uma segunda para aprendermos a aproveitar melhor nossa energia nos concentrando em cobrar de nós mesmos tais atitudes morais. Mas creio que, na segunda, nossa desculpa ainda será a promoção do bem comum. Pois afinal, não é nada fácil tentar enxergar a vida por ângulos diferentes dos nossos, diferentes de nossa posição social e educacional. Acabamos nos escondendo atrás de justificativas nobres quando de fato estamos mais preocupados com nosso próprio umbigo.
 
Vou dar um outro exemplo simples. Há pouco mais de dez dias vi uma aglomeração de pessoas carentes. Logo imaginei que por ali deveriam estar distribuindo comida. Um quarteirão adiante vi um homem na frente de sua casa gritando com dois policias que estavam em uma viatura, argumentando que aquilo era uma aglomeração e que como tal poderia ser um ponto de transmissão do vírus.
Pela forma com que ele esbravejava, não estava preocupado com o fato de que aquelas pessoas poderiam estar contaminando umas às outras ou até a ele, mesmo estando um pouco distante. Quem quer um bando de miseráveis por perto, principalmente quando eles não estão confinados nos pontos onde deveriam estar?
 
Será preciso uma terceira pandemia quando se espera aprendamos a não julgar o outro se ele não escolher, ou não puder, seguir as mesmas regras que nós (qualquer que seja o motivo). Precisamos cobrar de nós mesmos comportamentos éticos e dar exemplo, cobrar dos legisladores, ao invés de partir para a briga como se tivéssemos a capacidade de conhecer e deter o comportamento mais próximo do certo. Nos transformamos em inquisidores que apenas julgam sem sequer dar ao outro a oportunidade de se justificar e se defender. Será que agiríamos diferente se estivéssemos na pele dele?

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