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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Pandemia do coronavírus: tempo para doar e ter um hobby

Gosto de fazer peças para ser doadas a bazares beneficentes


postado em 31/05/2020 04:00 / atualizado em 31/05/2020 07:58


 
De uns anos para cá desenvolvi o hobby do corte e da costura que, há poucos meses, passou a dividir espaço com o bordado. Desde o início mantenho o princípio de que é por diversão que faço e bordo roupas. Com isso, a maior parte delas é para mim e as demais para minha mãe, irmã, sobrinhas, ou seja, aquele tipo de pessoa a quem posso ser direta e dizer que não há prazo de entrega e que existe a possibilidade de que tudo dê errado. Gosto também de fazer peças simples para ser doadas a quem precisa ou vendidas a baixo custo em bazares beneficentes.
 
Até agora, apesar de algumas peças não terem ficado do jeito que eu queria, nada precisou ser descartado. Cheguei a fazer camisa para meu marido e meus dois filhos, mas, confesso, exige um capricho e uma paciência que transformam minha diversão em suplício. Então, eles continuam comprando uma quando precisam.
 
Ter um hobby passou a ser importante em tempos de fique em casa, foi o que percebeu meu filho mais novo. Estudante obsessivo, ele está habituado a ficar com a cara nos livros e nas letras dia e noite, de segunda a segunda. Agora, de férias e preso em casa, está sentindo muita falta de ter um hobby. “Você, mãe, costura. Papai adora ser faz-tudo, eletricista, marceneiro, serralheiro. O Arthur se distrai automatizando tudo na casa dele. Preciso descobrir algo mais manual que intelectual, algo capaz de relaxar a mente e fazer-me sentir produtivo de alguma maneira”.
 
Vi outras pessoas lamentarem o ócio em que acabaram se submetendo por causa do isolamento social. Não aguentam mais arrumar a casa, fazer a comida e, o pior, ouvir as estatísticas sobre a pandemia e seus efeitos pelo mundo. Até que recentemente um amigo me relatou uma experiência que achei muito valiosa.
 
É um sujeito inquieto, que sempre se encarrega de tomar a frente de trabalhos sociais. Porém, o fato de pertencer ao grupo de risco o está impedindo de se arriscar em qualquer coisa que exija passar da porta de casa pra fora. O que está fazendo então? Em momento algum ficou resmungando e muito menos entediado.
 
A exemplo de voluntários de diversas organizações que já dedicam parte de seu tempo a conversar com pessoas em dificuldades do outro lado da linha telefônica, ele tem passado boa parte de seus dias conversando com pessoas idosas que, além de isoladas, estão sozinhas em casa. Pessoas desconhecidas que assim continuarão, vinculadas apenas pela voz e tudo aquilo que ela pode dizer.
 
Sobre o que conversam? Assunto não falta para quem está disposto a abrir o coração. Fala-se da própria vida, contam-se causos, ri-se dos causos dos outros, da vida. Volta-se à infância, imagina-se no futuro, por mais incerto que ele possa parecer. Sobre a pandemia, propriamente dita, muito pouco se fala. Afinal, a vida vai muito além dela e de toda morbidez que ela insiste em carregar.

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