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Estado de Minas PADRE ALEXANDRE

O amor deixa ir

"A morte não é o fim da nossa existência, pois Cristo quer nossa ressurreição, quer que vivamos para sempre"


20/11/2022 04:00 - atualizado 20/11/2022 07:33

Ilustração

 
Na Igreja, o mês de novembro começa falando de céu. A alegria dos santos no céu, que “louvam a Deus para sempre”. E no dia seguinte, nós, pisando este chão, oramos para que os céus recebam nossas orações (“Os povos, todos os povos, louvem a Deus para sempre”). O dia da igreja triunfante, o dia da igreja padecente e, entre eles, a igreja militante aqui na Terra.
 
O costume de rezar pelos mortos vem do Antigo Testamento. No segundo livro de Macabeus já encontramos: “É coisa santa e salutar lembrar-se de orar pelos defuntos para que fiquem livres de seus pecados”. Também diversos padres da Igreja promoveram essa prática, como São Cirilo de Jerusalém, São Gregório de Nissa, Santo Ambrósio e Santo Agostinho. No século 13, o Concílio de Lyon ensinava: "As almas são beneficiadas pelos sufrágios dos fiéis vivos, quer dizer, o sacrifício da missa, as orações, esmolas e outras obras de piedade, as quais, segundo as leis da Igreja, os fiéis estão acostumados a oferecer uns pelos outros".
 
A celebração começou na famosa Abadia de Cluny, Sul da França, em 2 de novembro de 998, quando seu quinto abade, Santo Odilon, instituiu no calendário litúrgico a Festa dos Mortos, dando oportunidade aos monges de intercederem pelos defuntos, ajudando-os a alcançar a bem-aventurança do céu. Roma adotou a prática no século 14 e a comemoração se estendeu entre os fiéis até ser incluída no calendário litúrgico da Igreja, tornando-se uma devoção habitual no mundo católico.
 
No Dia de Finados, na primeira semana de novembro, não festejamos a morte, mas a vida após a morte, que Cristo nos conquistou com sua ressurreição. A Igreja  lembrou a grande verdade baseada na Revelação: a existência da Igreja triunfante no céu, padecente no purgatório e a militante na Terra. O purgatório é o estado intermediário, mas temporário, “onde o espírito humano se purifica e se torna apto ao céu”. A Igreja ensina que as almas em purificação no purgatório não podem mais fazer nada por elas, pois a morte põe fim ao tempo de conquistar méritos. Assim, quem as socorre são os santos e os fiéis na Terra.
 
Por isso, é grande obra de caridade para com as almas oferecer para sufrágio delas a missa, o terço, as indulgências, as orações, penitências e esmolas. O papa Francisco recomenda: “A memória dos defuntos, o cuidado pelas sepulturas e os sufrágios são o testemunho de uma confiante esperança, enraizada na certeza de que a morte não é a última palavra sobre o destino do ser humano, porque o homem está destinado a uma vida sem limites, que tem sua raiz e sua realização em Deus”.
A morte não é o fim da nossa existência, pois Cristo quer nossa ressurreição, quer que vivamos para sempre. Essa é uma questão de fé, de acreditar. No dia 2, feriado, muita gente foi ao cemitério, reverenciando os que não estão mais entre nós.
 
Fomos criados para a santidade. Pela fé aprendemos que vivemos na Terra uma preparação para a vida no céu, para a vida definitiva, eterna. E para alcançar essa graça, contamos com a misericórdia de Deus. Mesmo assim, a morte não deixa de ser real, cheia de enigmas e dolorosa. Como padre, sempre aconselho a quem está vivendo a tristeza do luto que não olhe com o rosto humano, mas com o coração. Com o tempo vai aprender que existem outros modos de olhar que não apenas o de ver até onde a vista alcança.
 
O coração não deixa ir, sabe que se o tempo é veloz, a memória é eterna, dura para sempre, enquanto existir um de nós. E sempre haverá de existir. A memória tem seu próprio passo, ritmo e compasso. Estamos cheios de eternidade dentro de nós.
 
A vida vai ficando para trás, mas as lembranças são fiéis, não fogem. O amor deixa ir.  Porque ele também fica. O amor, sempre o amor. Um pedaço vai, outro pedaço fica. Deus está no céu e na Terra. Deus está lá, com o amor que partiu. E Deus está aqui, em quem ficou. O amor sempre deixa ir.

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