Sobre certo João, que desde 1182 os antigos escritos históricos da humanidade revelam em detalhes onde nasceu, onde viveu, o que pensava, como sentia, vamos saber agora: como um menino nascido João, logo, logo já era Francisco e, ao morrer, se torna santo – São Francisco de Assis, um dos mais amados e populares santos da Igreja? Ou seja, como certo Giovanni (o popular João no Brasil) passa a ser Francesco, para virar Francesco mundo afora? A história começa na cidade de Assis, Itália, na casa de um rico comerciante de seda, obrigado a constantes contatos com os franceses. E como o estudante de francês chegou a falar tão bem essa língua que virou Francesco? Batizado como Giovanni di Pietro di Bernardone, talvez o apelido aconteceu pela forte relação da família com a França. O pai o chamava de “Francesco”, algo como “de jeito francês” ou “francesinho”.
Francesco se divertia com os bens materiais e atrações do mundo como qualquer jovem, já então se obrigando a dar esmola a todo e qualquer pobre que a pedisse pelo amor de Deus. Mais dois anos e se impressionou com as palavras do Evangelho durante a missa: “Não queirais possuir ouro nem prata, nem tragais dinheiro em vossas cinturas, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão". Obedeceu e aplicou a si mesmo. Depois de jogar fora seu dinheiro, tirar os sapatos e abandonar o cajado e o cinto de couro, vestiu um pobre hábito, que amarrou com uma corda – traje habitual dos pastores e dos pobres camponeses daquele cantão da Itália. Francesco e a pobreza nunca mais se separaram. Chamava a pobreza de “minha dama”, “minha rainha”, “minha senhora”, expressões que na época caracterizavam cega obediência e com a quais se entregava àquela virtude que tanto admirava.
Com 24 anos, já tinha se despojado de tudo: riqueza, ambição, orgulho, e até da roupa que usava, para propor ao mundo o ideal evangélico de humildade, pobreza e castidade. Era chamado O Pobre Homem – Il poverello. Empenhou-se em reconstruir igrejas e capelas em ruínas, mas a que mais o encantou foi a Porciúncula, “porçãozinha”, “partezinha”, de Santa Maria dos Anjos, em Assis. O amante da natureza, que via um irmão em cada ser criado por Deus, amansou um lobo que atacava os moradores de Gubbio, comuna italiana da região da Umbria. Francesco foi até o lobo, fez o sinal da cruz e disse com a doçura de sempre: “Vem aqui, irmão lobo. Eu te mando da parte do Nosso Criador que não cause dano a ninguém”. O lobo se aproximou, deitou aos pés do santo e ficou tão amigo dos moradores que eles o tratavam como um cachorro de estimação.
Autor do lindíssimo “Cântico das criaturas” (“irmã terra, irmão vento”), teve também seu encontro amoroso com as andorinhas, que o seguiam continuamente formando uma cruz. No dia em que ia fazer uma pregação e precisava de concentração, avisou às aves: “Irmãs andorinhas, agora eu tenho que falar comigo”. Em outra vez, notando no caminho as árvores com multidões de passarinhos, disse aos companheiros: “Vou pregar às minhas irmãs aves”.
Começou a falar e os pássaros logo desceram dos galhos, emudeceram e ficaram ouvindo até que o santo fizesse sobre eles o sinal da cruz e os autorizasse a partir.
Na região e na época em que viveu, era grande o apego ao luxo e às riquezas. Francesco propôs um novo ideal de pobreza, obediência e castidade. Fundou a Ordem dos Frades Menores (franciscanos), que se expandiu pelo mundo através de várias ramificações.
Admirava também a obediência. Nas suas viagens, costumava prometer obediência ao religioso que o acompanhava, embora fosse dotado de rara prudência. Considerava a obediência uma das maiores graças que Deus lhe concedera, pois com a mesma facilidade e presteza obedecia tanto a um simples noviço como ao mais antigo e prudente dos frades.
Em 4 de outubro de 1226, com 44 anos, morre Francesco, após dolorosa doença. Para o mundo, nasce São Francisco de Assis, o santo que nos ensinou a chamar o céu e a Lua de nosso irmão sol, nossa irmã lua.
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