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O mar da fé

"As cavidades são preenchidas naturalmente com água doce, que entra no subsolo no aquífero, correndo em direção ao mar"


28/08/2022 04:00 - atualizado 24/08/2022 18:31

Escrito quando ainda estava no exílio, o profeta e sacerdote Ezequiel, deportado para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor depois da investida sobre Jerusalém, tem pronunciamentos exortando seu povo contra a idolatria. No seu livro no Antigo Testamento, Ezequiel encerra o último capítulo com uma visão utópica, um sonho enfim, após a queda de Jerusalém. 
 
Suas profecias falam do que o olho não vê, das lutas decisivas que vão restaurar Jerusalém, para encerrar maravilhosamente naquilo que o próprio profeta não experimentou na realidade. Enquanto escrevia e sonhava, sempre no exílio, o profeta deixa para todos os povos, de ontem, de hoje e de depois de amanhã, palavras de poesia no capítulo 47: “E junto ao rio, à sua margem, nascerá toda a sorte de árvore que dá fruto para se comer; porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de comida e a sua folha de remédio”.
 
Como Ezequiel sonhou que pode haver rios no deserto? O Mar Morto pode gerar vida? Autora de um canal de internet, a brasileira judia Aline Szewkies acredita que as profecias bíblicas estão se cumprindo. “Os rios estão chegando, o deserto crescendo e frutificando, e o mais importante é que já existem peixes na região do Mar Morto.” Outros estudiosos discordam, reputando o solo da região  na ocorrência geomorfológica e hidrológica natural em razão do progressivo declínio  de nível, por evaporação da água do Mar Morto, que em razão disso torna-se mais concentrado em sais. 
 
Quantas vezes já estive na Terra Santa e quantas vezes já li e reli  as profecias reveladas por Deus a Ezequiel? Espero voltar ao Mar Morto  e, quem sabe, me encontrar com o judeu Shlomi Lobaton, morador local e guia turístico em Israel, para que ele me mostre o rio que desce nas montanhas vindo de Jerusalém,  desaguando na extremidade sul do Mar Morto, onde nadam peixinhos entre as plantas aquáticas (lembrando que os peixes morrem instantaneamente quando lançados pelo Rio Jordão  ao sal do Mar Morto). “Nossa geração poderá ver essa profecia se cumprindo”, grita Shlomi diante das câmeras – “Todah Elohim” (Obrigado Deus em hebraico). Como os profetas foram capazes de ver coisas que permaneceram escondidas dos cientistas por milhares de anos?
 
Os sinais de vida começaram a aparecer na costa do mar salgado a partir de 1980, quando surgiram os “bolaines” (buracos) por conta das condições subterrâneas presentes após a redução do volume de água do Mar Morto. As cavidades são preenchidas naturalmente com água doce, que entra no subsolo no aquífero, correndo em direção ao mar. Ao preencher as crateras, as águas doces ficam saturadas com o sal das camadas mais antigas, que são dissolvidas. 
 
Hoje, já existem mais de nove mil bolaines no Mar Morto, acompanhados pelo Ministério de Pesquisa Nacional de Infraestruturas Geológicas do Estado de Israel. O controle é feito através de fotografias de satélites, que analisam o terreno duas vezes por semana. Dois novos bolaines surgem por dia. Se alguém pisar, pode abrir uma cratera aos seus pés. Assim, ao encontrar com o sal no subsolo, a água doce vira uma bola que vai crescendo até encontrar o sal da superfície, onde explode. Aí vira bolaine e nunca mais deixa de ser bolaine. Não é mar, não é rio, é apenas um bolaine, mais ou menos 15 metros de diâmetro e 20 de profundidade. 
 
Aline e Shlomi vão até a esse bolaine, de difícil acesso, onde é possível ver animais, pássaros e peixes. Eles nadam entre os peixinhos e plantas aquáticas. A água está fresca e pura, assim como profetizou Ezequiel há 2.600 anos.  “Há peixes vivos nesse bolaine”, dizem. Ezequiel escreveu no exílio e nosso amigo judeu procurou e encontrou um rio vindo de Jerusalém (seria do Templo?). Há peixes entre plantas e marcas de javalis passeando entre as margens. “E haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.” E Shlomi acreditou. Não é um mar morto, é um mar de fé.

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