(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Maracujina no lugar da cloroquina. Eis o tratamento para o atleticano

O atleticano emputecido com a derrota, e mesmo com o empate, seria atraído por assistentes sociais, que o direcionaria às câmaras escuras do confessionário.


09/10/2021 04:00 - atualizado 09/10/2021 08:02

.
O empate com o lanterna Chapecoense fez o torcedor relembrar tormentas de azares e injustiças do passado (foto: Pedro Souza/Atlético)

É notável como o Atlético tem sido cada vez mais proativo e interessado na relação com seu torcedor. Por isso, gostaria humildemente de oferecer uma ideia, sem royalties nem direito de autor: a instalação de “confessionários” dentro do estádio e em locais de grande circulação na cidade. Em cada um desses pontos deve haver uma junta de profissionais formada por padre, pastor, pai ou mãe de santo, um psicólogo e um psiquiatra.

Tratar-se-ia de uma estratégia para a contenção de danos. O atleticano emputecido com a derrota, e mesmo com o empate, seria atraído por assistentes sociais, que o direcionariam às câmaras escuras do confessionário. Em um ambiente que estivesse garantido o completo anonimato do “paciente”, diríamos toda e qualquer barbaridade, soltaríamos sobre o Galo cobras e lagartos, exerceríamos a justa liberdade de expressão do nosso pessimismo, forjado em anos e anos de sofrimento, rogaríamos pragas contra a Globo e o Flamengo, a CBF e o Nathan Silva.
 
De acordo com o perfil do doente, poderíamos deixá-lo aos cuidados de Deus – prescreve lá uma reza, troca aquela ideia de rabino, e anda a fila. Se for mais grave, chama o psicólogo, deixa falar à vontade e taca-lhe um Freud. Em casos extremos, o psiquiatra entraria com a medicação adequada, o Rivotril Litrão. A parceria com a Hapvida – nossa nova patrocinadora e estreante também na CPI – pode ajudar a estabelecer protocolos de tratamento precoce, com a maracujina no lugar da cloroquina. Já me ofereço para cobaia.

São ações simples que evitariam de o atleticano recorrer às redes sociais e destilar, através de seus dedos nervosos, todo o ódio guardado no coração – e a partir daí, o desgraçado do Zuckerberg fazer se alastrar a mala onda com a ajuda dos seus algoritmos do inferno. Antes do Zucka não tinha nada disso: você rasgava a carteirinha da Vila Olímpica, no dia seguinte colava tudo com durex e vida que segue.

Esse é um problema especialmente problemático quando se trata do atleticano, repleto de complexidades, completamente dodói, atormentado pelo passado de azares e injustiças, o corvo sempre pousado em seu umbral. Se o Brasil está circunstancialmente polarizado, o atleticano é por si só polarizado desde sempre – bipolar é o diagnóstico correto da nossa doença.

Se perde – e até quando empata –, acabou-se tudo, ninguém presta, está na cara o engodo e o equívoco completo em relação a tudo e todos. Mesmo com 11 pontos de dianteira, a derrocada parece iminente e incontornável. Sabotadores de nós mesmos, pensamos em cavalos paraguaios. O corvo se alvoroça: “Nevermore”. E contamos os dias para os 50 anos de espera. Credo.

O outro lado da moeda pode ser visto quando, depois do lamentável, terrível e inaceitável empate, os adversários também tropeçam. O atleticano então emerge triunfante de sua fossa abissal. Respira como o náufrago que vem à tona e voa como a fênix rediviva. Conosco ninguém podosco! Dexezvin, sô! EU A-CRE-DI-TO!

Nessa hora o confessionário às moscas poderia ser usado para outros propósitos, como postos de vacinação ou emissão de carteiras de identidade, abrigos para atleticanos em situação de rua, e até cedidos aos pobres cruzeirenses – afinal, um adversário não precisa ser inimigo, e todos deveriam ter o direito de odiar em paz, desde que a mala onda não se alastrasse como fogo no facho.

Bora nóis, pois, ganhar o Brasileiro. Faltam 15 rodadas, 9 jogos em casa. Cuca completa hoje sua centésima partida pelo Galo em Belo Horizonte. Perdeu cinco (cinco!). Esse Brasileiro é nosso e ninguém tasca. Até porque, se tascar vai faltar pastor, psicólogo e psiquiatra para tanto paciente. Deus que nos livre e guarde!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)