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Estado de Minas ANNA MARINA

Natal é tempo de relembrar, de tradições a aromas

O presépio louvando o nascimento de Cristo, a árvore de Natal alegrando o encontro da família, faço parte de uma geração que nunca forçou crenças


25/12/2021 04:00 - atualizado 25/12/2021 07:17

Presépio
Anjos da graça, carregando faixas de louvor a Cristo, é uma tradição no presépio, mas que hoje é ignorada (foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press - 16/12/11)

Desde pequena, acredito piamente na magia do Natal, que consegue dar alento nos sofrimentos da vida. E dentro dessa crença, acompanho a liturgia da noite, com presépio louvando o nascimento de Cristo, a árvore de Natal alegrando o encontro da família. Curiosamente, faço parte de uma geração que nunca forçou crenças, recomendou caminhos. Eles nasceram naturalmente, acho que abençoados pelo batismo, crisma, primeira comunhão. O certo é que a comunidade luziense teve um papel forte nisso, a meninada era solta na rua e corria as casas de cima abaixo da Rua Direita, visitando os presépios.

A lembrança diz que nunca ninguém conseguiu repetir o que era feito naquela época. Não sei se esse reconhecimento vinha do maravilhamento da infância, da pureza do olhar que nunca tinha visto nada igual. Cada casa continha um tesouro perfumado por um fruto nativo que ninguém mais conhece, a cabacinha, ou das maçãs que eram importadas e que vinham enroladas em um papel de seda azul, uma a uma, que conservavam seu perfume por vários dias.

Só esses aromas já eram um acontecimento raro. Havia também o perfume do musgo fresco, colhido nas fazendas, sem nenhuma poluição, que forravam caminhos e cobriam morros imaginários. Houve época em que caixinhas desse musgo eram vendidas na Savassi, mas como a clientela acabou, a oferta sumiu.

As figuras importadas, brinquedos movido a molas, eram um espanto, a meninada não entendia aquele funcionamento. E o que dizer das figuras que encantavam, mas que só anos e anos depois conseguimos avaliar o valor e a raridade? Santos barrocos, animais que repetiam a natureza com maestria, anjos que levavam à mais pura contemplação. Alguns adereços eram totalmente desconhecidos, como as conchas, os caramujos, alguns tão grandes que, encostados na orelha, repetiam o barulho do mar.

Os anjos da graça, carregando faixas de louvor a Cristo, eram simplesmente maravilhosos, "pousavam" no ar sobre a gruta e o panejamento das túnicas era tão leve que eles pareciam mesmo voar. Pena que a criança de hoje não sabe o que é isso, mal e mal olha para um presépio quando consegue ver um. O que atrai, o que encanta, o que maravilha é a tecnologia. Como a rapidez da modernidade transforma tudo em lixo em pouco tempo, o que terão para lembrar?

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