Três homens são presos acusados de tráfico de drogas na Operação Escudo
Operação da PM, Polícia Civil e Sejusp aconteceu na Pedreira Prado Lopes, Morro das Pedras e Cabana do Pai Tomás
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O crescimento da violência na Grande Belo Horizonte, consequência da guerra entre facções criminosas, é alvo das forças de segurança de Minas Gerais. Na manhã desta sexta-feira (19/12), foi desencadeada a Operação Escudo, um trabalho conjunto da Polícia Civil, Polícia Militar e Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), que cumpriu dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão.
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Esta é uma das maiores operações contra o tráfico de drogas em 2025. O objetivo da operação é desarticular organizações criminosas envolvidas no tráfico de drogas em três aglomerados de Belo Horizonte: Pedreira Prado Lopes, Morro das Pedras e Cabana do Pai Tomás, além de Contagem, Betim e Esmeraldas.
A operação envolveu 200 policiais, 100 civis e 100 militares, que conseguiram prender dois líderes do tráfico em BH, um de 32 anos, na Pedreira Prado Lopes, e outro, 38, na Cabana do Pai Tomaz.
Segundo o delegado Alessandro Contagem, da 4ª Delegacia Centro, com essas são três prisões de líderes do tráfico. “No último dia 13, prendemos um homem de 21 anos."
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A identificação dos alvos das prisões foi feita a partir de um trabalho conjunto entre os Serviços de Inteligência das polícias Civil e Militar, com apoio do Sejusp. “Esse trabalho nos possibilitou definir integrantes dos grupos de traficantes”, afirma o delegado.
Além disso, segundo ele, foram apreendidos celulares e muito dinheiro, que ainda não foi contabilizado.
O chefe da 4ª Delegacia Centro, delegado José Eduardo Santos, informa que os três presos, até o momento, são indivíduos de alta periculosidade.
O capitão Rafael Veríssimo, porta-voz da Polícia Militar, afirma que o trabalho realizado nesta sexta-feira reforça a integração das forças de segurança de Minas Gerais. Os serviços de inteligência mapearam as lideranças do tráfico nessas regiões.
Cristian Viana, sub-secretário da Sejusp, informa que também participaram da operação, 31 policiais penais com cães farejadores. “Isso contribuiu para o sucesso da operação.”
Aumento da criminalidade
Desde o início deste ano, percebe-se um aumento da criminalidade e da violência, em especial nesses aglomerados e cidades da Grande BH. Além disso, nesses pontos, há registros de associação de organizações criminosas mineiras se aliando às facções Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Terceiro Comando Puro (TCP), do Rio de Janeiro e São Paulo.
Na noite de 11 de novembro, uma tentativa de retomada de uma boca de fumo, na Vila Senhor dos Passos, conhecida como Buraco Quente, vizinha à Pedreira Prado Lopes, na Região Noroeste de Belo Horizonte, foi a causa de duas mortes, uma delas, provocada pelos invasores, um grupo dissidente do tráfico de drogas e, a outra, numa troca de tiros com a Polícia Militar.
A origem do confronto, segundo a Polícia Militar, seria o assassinato do antigo dono da boca de fumo, Denis Chai. A morte ocorreu em janeiro e acabou dividindo o grupo criminoso.
Para vingar a morte do chefe da boca, seus parceiros, que tinham sido afastados por um grupo rival, decidiram retomar o controle da região. “Na invasão, ele trocaram tiros com rivais e mataram o atual chefe do tráfico no Buraco Quente. Além disso, dois comparsas, desse, ficaram feridos”, afirma o tenente-coronel Jorge Chaves, comandante do 34º Batalhão da Polícia Militar.
O militar conta que moradores da comunidade ligaram para a PM e disseram que homens armados estariam transitando pelas ruas e becos, e também que tinham escutado tiros.
Viaturas da PM foram enviadas e, ao chegar no Buraco quente, depararam com três integrantes do grupo invasor, que estavam num veículo, um SUV Hyundai blindado e com a placa clonada. Os criminosos tentaram fugir, mas esbarraram num carro que era da Inteligência da PM e bateram em outro.
Nesse instante, ao descerem do carro, os criminosos se viram cercados por viaturas policiais e começaram a atirar. Os policiais revidaram e um dos homens foi baleado. O criminoso foi socorrido com vida e levado para o Hospital Odilon Behrens, mas morreu a caminho. Outros dois ocupantes desse veículo ficaram feridos.
A favela Buraco Quente é vizinha da Pedreira Prado Lopes e já há algum tempo os moradores reclamam da falta de segurança: homicídios à luz do dia, tiros, roubo e drogas são alguns dos crimes que se tornaram comuns na região.
Sobre essas reclamações, o tenente-coronel Chaves diz que o Serviço de Inteligência da PM vem atuando na região e que há rondas contínuas, durante 24 horas, são feitas tanto na Pedreira Prado Lopes como no Buraco Quente.
Depois dos tiroteios que resultaram na morte de duas pessoas, a casa de uma mulher, no Beco 21 de Abril, foi metralhada na mesma noite.
A região vive uma disputa entre duas facções que lutam pelo domínio do tráfico de drogas no local. A mulher, que teve a casa metralhada, é tia de um suspeito de pertencer à facção que quer retomar o controle do Buraco Quente. Diante do ataque, a vítima foi aconselhada pelos policiais militares a abandonar sua casa e procurar um outro lugar para morar. Amedrontada, a mulher se mudou no mesmo dia.
Uma outra consequência da disputa de gangues na Pedreira Prado Lopes aconteceu na noite da última terça-feira (16/12), quando dois homens ambos da Pedreira, sofreram um atentado, quando estavam num bar no Bairro Ipiranga. Willer Araújo dos Santos, de 32 anos, morreu, e outro homem, de 22, ficou ferido.
Os dois homens bebiam, quando um Toyota Yaris, de cor prata, chegou ao bar, na Rua Manganês. Dois homens encapuzados desceram do carro, armados, entraram no estabelecimento, atiraram nas vítimas e fugiram.
Medo
Na noite de 19 de novembro, moradores do Morro das Pedras, na Região Oeste de Belo Horizonte, foram surpreendidos por um tiroteio, que teria sido causado pela disputa entre facções cariocas por pontos de vendas de drogas em Belo Horizonte. Integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP) teriam atacado o Morro das Pedras, que seria dominado pelo Comando Vermelho (CV) há mais de três anos. Não há informações sobre mortos ou feridos.
A disputa pelo território é antiga e preocupa. Há duas semanas, por exemplo, foram registrados três homicídios, tendo sido feitas, também, várias prisões, entre elas a de um traficante considerado de alta periculosidade. Atendendo a pedido dos moradores, a Polícia Militar intensificou o policiamento no local.
Moradores denunciaram à PM, que foram enviadas mensagens, via celulares, de que o TCP teria ordenado Toque de Recolher, desde a noite de segunda-feira (17/11). Esse Toque de Recolher teria sido determinado pela união das facções TCP e PCC (Primeiro Comando Puro).
O comandante do 22º Batalhão da PM, tenente-coronel Jésus Cássio, informa que a situação está controlada e que os serviços essenciais funcionam normalmente no aglomerado.
Em julho deste ano, dois líderes do Comando Vermelho no Morro das Pedras foram mortos no Bairro Copacabana, em Venda Nova, durante uma operação da PM. Na operação, foram apreendidas granadas, armas e uma grande quantidade de drogas que seriam distribuídas em Belo Horizonte e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, onde o Comando Vermelho também conseguiu entrar e dominar.
Fogueira acesa
No caso da Cabana do Pai Tomás, a situação é de que existiria uma fogueira acesa, pois problemas com drogas e tiroteios são uma constante já há alguns anos.
Por causa disso, a Polícia Militar realiza operações constantes no bairro. São constantes a presença de viaturas policiais nas ruas do Cabana.
No churrasco
As investidas de facções cariocas em bairros de Belo Horizonte se tornaram uma constante. No dia 2 de dezembro, um ataque durante um churrasco na Praça da Vila Esperança, no Bairro Flávio Marques Lisboa, Região Oeste de Belo Horizonte, homens armados chegaram atirando - quatro em um T-Cross e dois em motocicletas.
Os invasores eram integrantes do Comando Vermelho (CV) e os alvos pertenciam ao Terceiro Comando Puro (TCP), todos apontados como chefes do tráfico na região.
Entre os alvos estavam Márcio Rodrigues Vaquimaz Moraes, RG 13.192.061, vulgo “Moraes”, Milton Pereira dos Santos, “Miltinho” e Agnaldo de Sousa Silva, “Calango”, os três líderes da gangue que atua com o tráfico de drogas na Vila Esperança.
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Oito pessoas envolvidas no tiroteio estão presos: Gustavo Ferreira da Silva, de 27 anos; Renan Pereira dos Santos, de 19; Igor Alexandrino Rosa Gonçalves, de 30; Iago Amorim Mesquita, 20; Wallison Henrique Cruz da Silva, de 22; Wallace Guerra Silva de Oliveira, de 20; Kaique Marlon da Silva Oliveira, de 25; e Davi Dias Porfírio, de 26.