Diferenças entre a imagem original e a recriação são percebidas a olho nu -  (crédito: Reprodução)

Diferenças entre a imagem original e a recriação são percebidas a olho nu

crédito: Reprodução

Fora do ar há três anos, ‘Chaves’ e ‘Chapolin’ deixaram saudades nos milhões de fãs brasileiros que cresceram vendo os personagens de Roberto Bolaños na TV. Criadas nos anos 1970, as séries usavam as melhores tecnologias da época, mas acabaram defasadas ao longo dos anos. E como seria ver a turma de Chaves, Chiquinha e Quico em 4k?

A partir desse questionamento, o jornalista e deepfaker Bruno Sartori decidiu usar a inteligência artificial para recuperar a definição de algumas fotos dos personagens. Ele postou o resultado em seu perfil no X, antigo Twitter, e explicou um pouco do processo. “Tenho trabalhado com inteligência artificial na recuperação de definição de imagens. Fã que sou de Chaves e Chapolin, venho treinando alguns modelos para tratar imagens dos seriados. Essa imagem que os senhores estão vendo de Chapolin foi recriada pixel a pixel para formar uma nova imagem quase em 4k”, afirmou.

Para cada imagem, ele gastou cerca de três horas e utilizou a ferramenta de deep-learning Stable Diffusion. “A reconstrução pixel a pixel é capaz de dar definição e detalhes na imagem que antes não se via. Vejam só os detalhes da bota como estão aceitáveis. Conseguiria muito mais detalhes com mais tempo de trabalho na imagem”, apontou.

As texturas de pele e tecido, por exemplo, de fato são bem diferentes do que estávamos acostumados a ver na TV. Mas claro que alguns detalhes ficam discrepantes. “Não é a cópia da original, mas sim uma recriação baseada na original”, pontuou.

O que acontece é que a tecnologia cria pixels a partir do que identificar estar mais perto dos originais. Isso pode render algumas alterações, como o tom esverdeado nos olhos de Chaves, quando sabemos que eles eram castanhos. Bruno ainda sugeriu que as mudanças podem acontecer por não ter trabalhado o suficiente na imagem.

Para ele, a inteligência artificial fez um ótimo trabalho no rosto dos personagens, tornando possível perceber rugas, linhas de expressão e até poros. “Observe os detalhes na recriação do rosto. Não fica distorcido como em aplicativos com essa finalidade, como o Remini. A definição está lá de verdade”, destacou.

Quem já se animou para recuperar imagens antigas deve esperar um pouco, já que, por ser um trabalho novo, a inteligência artificial ainda funciona de forma muito manual e requer certo conhecimento na área. Mas, em poucos anos, a tecnologia deve avançar e corrigir esses problemas.

Por isso, ainda não é possível recriar um episódio inteiro do menino apaixonado por sanduíche de presunto ou herói latino inimigo do Tio Sam. Mas deixa em aberto a possibilidade de termos as séries de Chespirito (e muitas outras produções) em 4k.