TÉCNICAS

Ficar parado piora a ansiedade: cérebro precisa de ação imediata

Espera passiva durante crises prolonga sintomas; psicóloga explica por que pequenos movimentos físicos interrompem ciclo fisiológico da ansiedade

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Em 2024, o Brasil registrou 472 mil afastamentos do trabalho por transtornos de ansiedade, recorde histórico e aumento de 68% em relação a 2023, segundo dados do Ministério da Previdência Social, a psicóloga e neurocientista Anaclaudia Zani, alerta que um comportamento comum durante crises pode estar agravando o quadro da população: a espera passiva.

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Para ela, parte do problema está na crença de que basta esperar a crise passar. "Muitas pessoas ficam paralisadas esperando que a ansiedade passe sozinha, mas o cérebro precisa de ação. Pequenos movimentos, como caminhar alguns passos, lavar o rosto com água fria ou fazer alongamentos, interrompem o ciclo fisiológico da ansiedade", explica.

Como a ansiedade funciona no cérebro

A ansiedade funciona como um mecanismo de antecipação. "Ela nos faz ansiar por algo que ainda não aconteceu, criando uma resposta emocional desproporcional ao evento real", esclarece Anaclaudia.

"Quando a pessoa fica imóvel durante uma crise, o corpo permanece em estado de alerta sem encontrar resolução, o que pode prolongar os sintomas como taquicardia, falta de ar e sensação de aperto no peito. Ao propor técnicas que interrompem esse ciclo, estamos literalmente treinando o cérebro a racionalizar as emoções antes que elas dominem o corpo", afirma a especialista.

Três técnicas que interrompem crises

Método sensorial 5-4-3-2-1

Este exercício ancora a pessoa no presente e interrompe o espiral de pensamentos ansiosos. O processo consiste em identificar cinco coisas que você vê, quatro coisas que você toca, três coisas que você escuta, duas coisas que você cheira e uma coisa que você saboreia. "Essa técnica ajuda a ancorar sua mente no momento presente, tirando o foco das preocupações futuras e trazendo de volta o controle consciente", orienta Anaclaudia.

Nomear a emoção

"O simples ato de identificar e verbalizar o que você está sentindo já reduz a intensidade da resposta emocional. Nosso cérebro responde melhor quando consegue categorizar e compreender o que está acontecendo", explica a neurocientista.

Controle da respiração

Respirações profundas e controladas ativam o sistema nervoso parassimpático, responsável pelo relaxamento do corpo. Isso diminui a frequência cardíaca e a sensação de aperto no peito características das crises de ansiedade.

Contexto da saúde mental no Brasil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo, com 9,3% dos brasileiros sofrendo de transtorno de ansiedade patológica. O cenário se agravou após a pandemia, com estudos da própria OMS apontando aumento de 25% nos casos de ansiedade e depressão mundialmente.

Além disso, dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) mostram que 30% dos trabalhadores brasileiros relatam sintomas de burnout, e que o país enfrenta uma crise de acesso a suporte emocional qualificado.

Para a neurocientista, a conscientização sobre técnicas de interrupção de crises é fundamental. "A maioria dos brasileiros sofre em silêncio porque não sabe como agir no momento da crise. Entender que o cérebro precisa de ação, não de espera, pode fazer diferença imediata na qualidade de vida dessas pessoas", afirma.

Tecnologia como ponte de acesso

Diante da lacuna de acesso a suporte psicológico no país, Anaclaudia desenvolveu a Mentora Virtual, uma ferramenta de inteligência artificial (IA) que auxilia na organização emocional cotidiana. A tecnologia atua por meio de perguntas estruturadas que ajudam o usuário a identificar padrões de pensamento e reorganizar emoções em situações de conflito, ansiedade ou sobrecarga.

Dados da plataforma EITA, startup de saúde mental fundada pela neurocientista, revelam que 51% das interações tratam de angústia, ansiedade ou sofrimento psicológico. Questões de relacionamento respondem por 24,6% das conversas, enquanto carreira aparece em 19,4% dos casos.

"Esses números mostram que a maior demanda emocional do país está no campo da organização afetiva cotidiana, não apenas em crises clínicas graves. A tecnologia não substitui o atendimento psicológico tradicional, mas preenche uma lacuna: oferece suporte imediato para quem não tem acesso a profissionais", explica a especialista.

A ferramenta foi desenvolvida com mecanismos que desestimulam o uso excessivo e incluem limitadores quando há sinais de hiperfrequência. "O objetivo é empoderar as pessoas a desenvolverem suas próprias ferramentas de autorregulação, não criar dependência", ressalta Anaclaudia.

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