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Engasgo: uma causa de morte que ainda é subestimada no Brasil

Mortes por asfixia acidental cresceram quase 40% em três anos e crianças estão entre as principais vítimas

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O simples ato de comer ou brincar pode terminar em tragédia quando não se sabe como agir diante de um engasgo. Em 2023, mais de 2 mil pessoas morreram no Brasil vítimas de asfixia por corpo estranho, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre as vítimas, 319 eram crianças de 0 a 4 anos - uma estatística que representa quase uma morte por dia e um aumento de quase 40% em relação a 2020.

A ameaça é real em todas as faixas etárias, como mostrou recentemente o caso do artista plástico Carlos Romero, de 74 anos, que morreu após se engasgar enquanto era alimentado por uma cuidadora em Salvador, onde residia. O episódio evidencia que acidentes desse tipo não são restritos a crianças e podem ocorrer em qualquer ambiente, exigindo preparo imediato.

A asfixia por engasgo é a quarta principal causa de morte acidental em crianças menores de cinco anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas a ameaça é real em todas as faixas etárias, especialmente quando falta preparo para lidar com situações de emergência. “O engasgo geralmente acontece sem aviso: um alimento, um líquido, um pedaço de brinquedo ou até saliva”, explica o especialista em otorrinopediatria do Hospital Paulista, Gilberto Ulson Pizarro.

Reconhecer imediatamente os sinais - como incapacidade de respirar, de falar ou de tossir - pode significar a diferença entre a vida e a morte.

Acidentes evitáveis, consequências irreversíveis

Na maioria dos casos, o engasgo ocorre de forma rápida e silenciosa, principalmente em crianças pequenas, que ainda estão desenvolvendo os reflexos de mastigação e deglutição. Um pedaço de maçã, um grão de pipoca ou uma pequena peça de brinquedo podem se transformar em armadilhas letais.

Além dos pequenos, adultos também correm riscos, principalmente em situações de distração ou consumo de bebidas alcoólicas. Casos fatais durante refeições continuam ocorrendo em restaurantes, festas e dentro de casa, geralmente por falta de conhecimento sobre como agir corretamente.

Segundo Gilberto, treinamento básico em primeiros socorros deveria ser parte da formação de todos, não apenas de profissionais da saúde. “Este tipo de preparo permite que qualquer pessoa possa agir com segurança e agilidade. O tempo de resposta é essencial: cada segundo conta.”

Você saberia o que fazer?

A manobra de Heimlich - compressão abdominal usada para desobstruir as vias aéreas - é eficaz em casos de engasgo total, mas não deve ser usada em bebês menores de 1 ano. Para lactentes, recomenda-se alternar cinco tapas firmes nas costas (com o bebê de bruços sobre o antebraço, apoiando cabeça e pescoço) e cinco compressões torácicas (de barriga para cima, pressionando o meio do peito com dois ou três dedos, cerca de quatro centímetros). Repita até que o objeto seja expelido ou chegue ajuda.

Em crianças acima de um ano e adultos, a manobra de Heimlich continua sendo indicada. “É preocupante que, mesmo com o aumento dos casos, o tema receba pouca atenção nas escolas, empresas ou meios de comunicação. É preciso falar mais sobre isso, fazer campanhas, ensinar a população. Estamos perdendo vidas por falta de preparo”, alerta o médico.

Prevenção começa em casa

Especialistas recomendam que os pais evitem oferecer alimentos de alto risco para crianças pequenas, como uvas inteiras, amendoim, balas duras e pedaços grandes de carne. Brinquedos com peças pequenas devem ser evitados, e refeições devem ser feitas com calma e supervisão.

Em ambientes públicos, como creches, escolas e restaurantes, a presença de pessoas treinadas pode salvar vidas. Instituições já promovem treinamentos em primeiros socorros, mas o alcance ainda é restrito.

“Assim como ensinamos a escovar os dentes ou a atravessar a rua, precisamos ensinar o que fazer em caso de engasgo. Não podemos tratar isso como algo raro ou imprevisível. O risco é real e está ao nosso redor o tempo todo”, reforça Gilberto.

Dicas para prevenir o engasgo

- Supervisione crianças durante as refeições

- Evite brinquedos com peças pequenas para menores de três anos

- Corte alimentos em pedaços pequenos e adequados à idade

- Ensine as crianças a mastigar bem e comer sentadas

- Faça cursos básicos de primeiros socorros, presenciais ou online.

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