Acordar já cansado, irritado ou com dificuldade de concentração se tornou comum para muitas pessoas, mesmo após um dia aparentemente tranquilo. O que poucos percebem é que o problema pode estar na qualidade, ou na falta, de uma boa noite de sono.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, sendo a insônia uma das mais comuns. Esse dado preocupa, pois a privação de sono pode ser tanto um sintoma de transtornos mentais como ansiedade e depressão, quanto um gatilho para o desenvolvimento de outras doenças.
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Para Charles Betito, especialista em saúde mental e sono e fundador da MIND Station, trata-se de uma epidemia silenciosa. “Quando o sono não é prioridade, todo o resto perde equilíbrio. Sem descanso adequado, fica muito mais difícil lidar com os desafios do dia a dia”, alerta. Ele defende que o sono deve ser encarado como um dos pilares fundamentais do autocuidado, ao lado da alimentação equilibrada e da prática regular de exercícios.
Noites mal dormidas vão muito além do cansaço. Afetam o humor, a memória, a criatividade e até a capacidade de tomar decisões. Estudos recentes já relacionam a falta de sono a um risco até 50% maior de obesidade, além de contribuírem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e problemas hormonais.
Charles Betito alerta ainda que, embora o corpo possa estar exausto, é a mente em “modo alerta” que muitas vezes impede o adormecer. “Aprender a acalmar a mente é crucial”, reforça.
Mitos e verdades sobre o sono
Para desmistificar as crenças populares - que muitas vezes atrapalham mais do que ajudam quando o assunto é sono -, o especialista reuniu mitos e verdades baseados em evidências científicas e na sua experiência com saúde mental.
Segundo ele, informações equivocadas, como “basta estar cansado para dormir” ou “compensar o sono no fim de semana resolve”, acabam criando hábitos que comprometem ainda mais a qualidade do descanso. “Entender o que realmente influencia o sono é o primeiro passo para melhorar sua qualidade de forma duradoura”, afirma.
Dormir pouco só afeta o cérebro
Mito. Na verdade, impacta também o metabolismo, o coração e o sistema imunológico
Cochilar durante o dia atrapalha o sono noturno
Mito. Cochilos curtos, de até 30 minutos, ajudam na performance e não prejudicam o sono à noite, se feitos até o meio da tarde
Álcool ajuda a dormir melhor
Mito. Apesar de induzir o sono, o álcool prejudica suas fases mais profundas, essenciais para o descanso e recuperação emocional
Meditação ajuda a dormir melhor
Verdade. Técnicas de relaxamento reduzem a ansiedade e facilitam o adormecer
Ansiedade e insônia estão diretamente relacionadas
Verdade. Gerenciar a ansiedade é essencial para combater a insônia
É possível compensar o sono perdido no fim de semana
Mito. O sono não se recupera assim tão facilmente. Esse hábito desregula o ritmo biológico e pode até agravar os danos à saúde
Idosos precisam dormir menos
Mito. Eles precisam do mesmo tempo de sono, mas podem ter mais dificuldade em manter a qualidade, exigindo cuidados especiais
Remédios são a melhor saída para a insônia
Mito. Existem abordagens científicas eficazes e sustentáveis que não envolvem o uso de medicamentos
Estar fisicamente cansado garante sono de qualidade
Mito. Sem acalmar a mente, o corpo cansado não garante um sono reparador
Dicas práticas para dormir melhor
Charles Betito também compartilha orientações simples, acessíveis e cientificamente embasadas que podem transformar a qualidade do descanso noturno. Suas recomendações vão desde ajustes na rotina e no ambiente do quarto até técnicas de relaxamento e higiene do sono, que ajudam o corpo e a mente a entrarem em um estado propício para um sono profundo e reparador:
- Estabeleça horários regulares para dormir e acordar, inclusive aos fins de semana
- Reduza o uso de telas e a exposição à luz azul à noite
- Crie um ambiente propício ao sono: escuro, silencioso e com temperatura confortável
- Pratique técnicas de relaxamento antes de dormir, como respiração profunda ou meditação guiada
Para o especialista, o recado é claro. “Dormir bem não é luxo, é necessidade. Em um mundo acelerado, quem aprende a respeitar o próprio ritmo e prioriza o sono está um passo à frente no cuidado com a saúde e no equilíbrio emocional”.
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