Ir ao salão de beleza pode parecer um momento de relaxamento e autocuidado, mas também esconde riscos para a saúde. De hepatites virais a infecções por fungos e bactérias, os procedimentos de manicure, pedicure, depilação e até escova no cabelo podem ser fontes de transmissão de doenças — principalmente quando não são seguidas as boas práticas de higiene e biossegurança.

Segundo a infectologista do São Cristóvão Saúde, Michelle Zicker, as doenças mais preocupantes são as hepatites B e C, que podem ser transmitidas pelo uso de alicates e outros instrumentos cortantes não esterilizados. “Esses vírus são extremamente resistentes no ambiente: o da hepatite C sobrevive até três dias, e o da hepatite B pode permanecer ativo por até sete dias”, alerta a especialista.



E o perigo não está apenas nos alicates. “Lixas de unha, espátulas, palitos e até toalhas reutilizadas podem transmitir fungos, HPV e bactérias que causam infecções de pele. O reaproveitamento de ceras depilatórias e utensílios de aplicação também é um ponto crítico de contaminação”, explica Michelle.

Esses riscos aumentam significativamente em locais que operam de forma irregular, sem fiscalização ou sem licença da Vigilância Sanitária, uma realidade ainda comum no Brasil. “Infelizmente, a fiscalização ainda é falha, e muitos estabelecimentos funcionam sem seguir as normas mínimas de biossegurança”, lamenta a infectologista.

O que o cliente deve observar

O consumidor precisa ficar atento a alguns sinais importantes. Michelle recomenda verificar se o salão tem licença da Vigilância Sanitária, observar o uso de materiais descartáveis (como lixas, palitos, luvas e protetores plásticos para cubas e bacias) e conferir se os instrumentos metálicos são esterilizados em autoclaves.

“Autoclave é o método mais eficaz para eliminar vírus como o da hepatite, por exemplo. Limpeza com álcool ou água quente não é suficiente”, reforça. Além disso, a especialista dá uma dica simples, mas poderosa: leve seu próprio kit de manicure. “Isso evita qualquer risco de contaminação cruzada com materiais usados por outras pessoas”.

E os profissionais, estão protegidos?

Os profissionais também devem se cuidar. Além da esterilização dos instrumentos, o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como luvas descartáveis (trocadas a cada atendimento) além da a higiene frequente das mãos, que é essencial para proteger tanto o cliente quanto o próprio trabalhador.

Outro cuidado importante é a vacinação contra hepatite B, disponível gratuitamente pelo SUS. “Todo profissional da beleza deveria estar imunizado. É uma medida simples que salva vidas”, enfatiza a médica.

A beleza não pode custar a saúde

Seja para fazer a unha, uma escova no cabelo ou depilação, a vaidade nunca deve estar acima da segurança. Embora muitos salões sigam boas práticas, é fundamental que o consumidor saiba identificar ambientes inseguros e tenha consciência dos riscos.

“A saúde deve ser prioridade. Antes de sentar-se na cadeira do profissional, observe o ambiente, questione os procedimentos e, se necessário, leve seu próprio material”, reforça Michelle Zicker.

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