PREVENÇÃO
Atenção ao lúpus: a doença autoimune atacada pelo sistema imunológico
Diagnóstico precoce, diz médica, ajuda no tratamento e na qualidade de vida dos pacientes com a doença, que acomete de 150 mil a 300 mil brasileiros
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13/05/2025 08:08
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Prevenir, saber o que o corpo diz, antecipar-se, buscar o diagnóstico o quanto antes, aprender sobre o lúpus. Esta doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca tecidos saudáveis, provoca diversos sintomas, como manchas vermelhas no rosto em formato de “asa de borboleta”, cansaço excessivo, dores nas articulações. Atinge de 150 mil a 300 mil brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, principalmente, mulheres jovens. De 10 pessoas acometidas pela doença, 9 são do sexo feminino.
“Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor será a resposta ao tratamento. Pode-se evitar as sequelas”, diz a médica Ana Flávia Madureira de Pádua Dias, presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia. Ela explica que o diagnóstico do lúpus eritematoso sistêmico é feito pelos sinais e sintomas da doença e pelos exames de sangue. A pesquisa do FAN, anticorpos antinucleares, é um exame de sangue importante para o diagnóstico, mas a médica ressalva que nem todos com FAN positivo tem a doença, sendo importante uma avaliação do reumatologista para o diagnóstico.
Existem dois tipos de lúpus, apenas cutâneo, com acometimento limitado a pele, e sistêmico, com acometimento de diversos órgãos. O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença complexa, com sintomas gerais como febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo, além do acometimento de rins, coração, pele, articulação e pulmão.
Ana Flávia Madureira explica que a doença não tem cura, mas hoje o tratamento tem evoluído muito, permitindo uma boa qualidade de vida. Como acomete mulheres jovens, a gravidez é um ponto importante na avaliação do reumatologista. “A maioria das pacientes com LES vão poder engravidar, mas existe o momento certo para isto. É preciso estar com a doença bem controlada, sendo fundamental uma boa programação com o seu reumatologista”. O cuidado com a pele também é fundamental no lúpus, sendo o uso de protetor solar fundamental para prevenir a atividade da doença. Tudo para alertar sobre a necessidade de diagnóstico precoce. A médica lembra que os tratamentos evoluem cada dia mais e devem ser individualizados, dependem da manifestação apresentada pela doença.
Para alertar à população sobre esta doença complexa, a Atópicos Brasil vai realizar no próximo sábado, 10 de maio, Dia Mundial do Lúpus, das 9 às 13h, uma ação de conscientização na praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte. Haverá a presença de profissionais especialistas. “É uma doença impactante e quanto antes identificados os sintomas, melhor”, afirma Jules Cobretti, diretor institucional da Atópicos Brasil, organização social sem fins lucrativos, que faz campanhas de conscientização. Antes, desta do lúpus, fez a da risossinusite com pólipos nasais, quando iluminou 4 prédios em Belo Horizonte no dia 24 de abril, e prepara o alerta sobre a asma, que acontecerá também neste sábado.
A Atópicos Brasil, de acordo com Jules Cobretti, já atendeu diretamente cerca 4.500 pessoas desde 2022, e impactou mais de 1 milhão com as campanhas. Começou em 2009, na capital mineira, com lutas por políticas públicas para a esclerose lateral amiotrófica, incluiu conscientização e auxílio no tratamento de pessoas com doenças alérgicas, crônicas e raras (nanismo, doença de Fabry). Em outubro de 2024, passou a auxiliar também pacientes oncológicos e familiares.
Além das campanhas de conscientização, acolhe pacientes do interior. “Temos uma casa no bairro Califórnia para atender o pessoal em Belo Horizonte. Dependendo da microrregião, alugamos casas, oferecemos tratamento, apoio emocional e médico. Fazemos encaminhamentos para hospitais do SUS ou clínicas particulares. Damos todo o suporte aos pacientes”, informa o diretor institucional. A entidade doa e recebe medicamentos. “É uma corrente do bem, unida para salvar vidas.”
Doença
- É autoimune, ou seja, o sistema de defesa do corpo ataca as próprias células. A doença pode afetar pele, articulações, rins e outros órgãos.
- Dois tipos principais
- Lúpus cutâneo: afeta principalmente a pele
- Lúpus sistêmico: pode afetar vários órgãos internos
Sintomas comuns
- Cansaço excessivo
- Dores nas articulações
- Manchas vermelhas no rosto em formato de "asa de borboleta"
- Queda de cabelo
- Sensibilidade ao sol
- Febre baixa e contínua
- Inchaço nos pés e nas mãos
Causas e diagnóstico
- As causas exatas não são conhecidas, mas fatores genéticos, hormonais e ambientais podem contribuir
- O diagnóstico é feito por um médico, com base em exames de sangue, avaliação clínica e histórico familiar
Cuidados
- Não há cura, mas é possível levar uma vida ativa e saudável com tratamento adequado
Tratamentos
- Medicamentos anti-inflamatórios, imunossupressores e protetor solar
- Acompanhamento com reumatologista
- Alimentação saudável e sono adequado
Dicas para viver bem com lúpus
- Usar protetor solar
- Praticar exercícios físicos
- Manter um diário dos sintomas
- Buscar apoio psicológico