À medida que se tornam adolescentes e jovens adultos, podem ter dificuldades em desenvolver e manter amizades, comunicar com colegas e adultos, ou compreender quais os comportamentos esperados na escola ou no trabalho -  (crédito: Freepik)

À medida que se tornam adolescentes e jovens adultos, podem ter dificuldades em desenvolver e manter amizades, comunicar com colegas e adultos, ou compreender quais os comportamentos esperados na escola ou no trabalho

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O Dia Mundial de Conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA) acontece anualmente no dia dois de abril. A Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e profissionais afins – Capítulo Mineiro (Abenepi MG) propõe, durante este mês, uma reflexão com toda a sociedade. A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) apoia a iniciativa e ilumina sua sede de azul, cor mundial. Este ano, a campanha tem como tema ‘Valorize as capacidades e respeite os limites!’.

A neuropediatra infantil e presidente da Abenepi MG, Marli de Araújo Marra, explica que esse é um convite à sociedade a repensar como devemos lidar com as diferenças.

O TEA faz parte do grupo de transtornos do neurodesenvolvimento. De acordo com as últimas estimativas da Rede de Monitoramento de Autismo e Atrasos do Desenvolvimento do Centers for Disease Control and Prevention (ADDM-CDC), a prevalência é de cerca de uma em cada 36 crianças, de até oito anos de idade, com o transtorno . “As pessoas com TEA, geralmente, têm problemas de comunicação e interação social, além de comportamentos ou interesses restritos ou repetitivos, com variação grande na quantidade e na intensidade de comprometimento.”

Segundo Marli, existem critérios internacionais rigorosos tanto para o diagnóstico clínico quanto para definir o nível de suporte que a criança necessita. “É importante a família e o pediatra estarem atentos aos marcos do desenvolvimento para detectar, mais precocemente, os sinais. Desta forma é possível iniciar as intervenções adequadas aproveitando a chamada ‘janela neurológica’, ou seja, época em que a plasticidade cerebral poderá ser mais intensa. Por outro lado, não significa que aquela pessoa cujo diagnóstico foi um pouco mais tardio não irá se beneficiar com as intervenções.”

A neuropediatra lembra ainda que o TEA afeta cada pessoa de maneira diferente, o que significa que existem pontos fortes e desafios únicos e necessidades de tratamento diferentes. Ela reforça que não existe uma receita única de intervenção. Cada pessoa deve ser avaliada de maneira individual. À medida que se tornam adolescentes e jovens adultos, podem ter dificuldades em desenvolver e manter amizades, comunicar com colegas e adultos, ou compreender quais os comportamentos esperados na escola ou no trabalho.

A especialista fala também da necessidade de um maior preparo das instituições de ensino e do Sistema Único de Saúde (SUS) no sentido de estarem alertas aos sinais de risco para os transtornos do neurodesenvolvimento de maneira geral, assim como otimizar o atendimento médico e multidisciplinar para a população melhorando o acesso real de todos.

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Estudos mostram que, apesar dos investimentos serem de custos elevados na fase inicial, as intervenções corretas repercutem em menor custo futuro se comparado com a população adulta jovem que não teve acesso mais cedo. Ao longo da vida podem aparecer mais comorbidades, ou seja, outros transtornos mentais associados ao quadro basal.

LEIS 

De acordo com a Lei nº 12.764/12, têm direito a serviços de saúde, incluindo identificação precoce, atendimento multiprofissional, terapia nutricional, medicamentos e informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento. Já a Lei Berenice Piana nº12.764, criada em 2012, como uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA, todos têm direito a serviços de saúde, incluindo identificação precoce, atendimento multiprofissional, terapia nutricional, medicamentos e informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento, mas precisamos como comunidade fazer valer a nossa legislação.