A cantora Gretchen estava com o útero no tamanho de 850 centímetros, o que equivale a uma gestação de 20 semanas -  (crédito: Reprodução/Instagram)

A cantora Gretchen estava com o útero no tamanho de 850 centímetros, o que equivale a uma gestação de 20 semanas

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A cantora Gretchen, de 65 anos, passou por uma cirurgia de retirada do útero na terça-feira (20/02). Ela sofria com uma doença chamada adenomiose, que resultou no crescimento anormal de seu útero. O médico ginecologista André Vinícius, especialista em saúde da mulher, explica que condição é benigna, como diagnosticar e quais os tratamentos.

Antes de explicar o que é o adenomioma, o ginecologista destaca que é preciso entender como é a formação do útero. “O útero é dividido em três camadas: a serosa, que é a camada que o recobre; o miométrio, uma camada muscular intermediária; e o endométrio, que é a camada mais interna do útero. O adenomioma é quando o tecido endometrial vai para no miométrio, ou seja, o tecido que reveste o útero vai parar na musculatura do útero. A essa condição damos o nome de adenomiose”, diz Vinícius.

Quais os sintomas?

A adenomiose pode ser tanto sintomática quanto não apresentar sintomas. Os três principais sintomas que uma paciente sintomática apresenta são:

  • Infertilidade
  • Cólicas menstruais mais intensas
  • Aumento do fluxo menstrual e dos dias de período (a paciente que antes menstruava 3, 4 dias, passa a menstruar, 6, 7, 8 dias).

Como diagnosticar a doença?

O médico ginecologista esclarece que grande parte das vezes, a adenomiose assintomática é diagnosticada por meio de ultrassonografia. “Por esse exame, é possível identificar um miométrio irregular, ou que o útero está com o tamanho maior que o normal, pois a infiltração do tecido endometrial do miométrio pode aumentar o volume do útero”, comenta.

A cantora Gretchen estava com o útero no tamanho de 850 centímetros, o que equivale a uma gestação de 20 semanas.

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Segundo Vinícius, hoje o exame padrão ouro para identificar essa doença é a ressonância nuclear magnética da pelve, que tem um valor preditivo positivo muito alto, ou seja, ela tem alto índice de acerto.

Quais os tratamentos disponíveis para a adenomiose?

O tratamento da adenomiose em pacientes sintomáticas consiste em fazer o controle dos sintomas. “Para pacientes que apresentam cólicas muito intensas, é possível ajustar medicamentos para o controle dessa cólica. Em pacientes com sangramento uterino normal, é possível fazer um bloqueio hormonal, que geralmente é o tratamento mais indicado para adenomiose. E como essa doença é localizada dentro do útero, o DIU medicado com levonorgestrel tem uma ação muito interessante, pois diminui as cólicas menstruais da paciente e diminui o fluxo também”, pontua Vinícius.

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O médico complementa que é preciso ainda aliar o tratamento a um estilo de vida mais saudável, com a prática regular de atividade física, alimentação leve e equilibrada e o controle de estresse. 

Em quais casos a cirurgia é indicada?

Existem casos em que a doença tem pontos focais, o que permite a realização de uma cirurgia para retirada desses pontos. Segundo o especialista, ela é ideal para pacientes que querem engravidar.

Já a histerectomia, isto é, a retirada completa do útero como fez Gretchen, é um tratamento definitivo indicado para mulheres que já não desejam engravidar e que não conseguiram controlar a doença com a ajuda dos tratamentos convencionais. “Por ser uma doença localizada na camada muscular do útero, se retirar essa camada, não se tem mais o local para o tecido endometrial se instalar”, reforça o ginecologista.