De volta em BH, Damião encara protesto de professores e promete diálogo
Após missão em Israel prefeito de Belo Horizonte promete reabrir negociações salariais com os profissionais da educação
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Siga noO prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), desembarcou nesta terça-feira (18/6) no Aeroporto Internacional de Confins e foi direto ao encontro de professores da rede municipal que estão em greve e que o aguardavam no terminal. Os servidores carregavam faixas e cartazes em protesto contra o reajuste oferecido pela administração municipal. O chefe do Executivo não passou pelo saguão principal e seguiu à área externa, onde estavam concentrados os manifestantes, com faixas e gritos de ordem como “R$ 2,49 não é valorização”.
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Damião teve uma conversa breve, mas cordial, com representantes do Sind-REDE/BH e se comprometeu a abrir diálogo com a categoria nos próximos dias. A atitude surpreendeu os educadores, que não vinham conseguindo audiência com a prefeitura desde o início da paralisação, no fim de maio.
“Viemos até aqui para sermos ouvidos. A expectativa é de que, agora, finalmente o governo nos receba. O próprio Damião fala em valorização da educação, mas isso não pode ser só discurso. A conversa de hoje foi um primeiro passo”, afirmou Carol Pasqualine, dirigente do sindicato.
A categoria reivindica um reajuste superior aos 2,49% oferecidos pela PBH, índice considerado irrisório frente à inflação e ao piso nacional do magistério. A greve tem mais de 85% de adesão, mas até o momento o Executivo não apresentou proposta concreta de valorização. A única medida anunciada foi a extensão, de forma proporcional, do vale-alimentação para profissionais com carga horária inferior a 40 horas semanais.
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Mesmo com o gesto de aproximação no aeroporto, a greve segue mantida. A próxima assembleia está marcada para segunda-feira (23/6), quando os professores avaliarão os rumos do movimento, agora com expectativa de negociação direta com o prefeito.
Viagem a Israel e desgaste político
A viagem de Damião a Israel gerou críticas de movimentos sociais, parlamentares e parte da população. No dia 11 de junho, enquanto os professores deliberavam pela continuidade da greve, o Comitê Mineiro de Solidariedade ao Povo Palestino convocava um protesto na porta da prefeitura contra a ida do prefeito ao país do Oriente Médio, em meio a denúncias de violações de direitos humanos na Faixa de Gaza.
Parlamentares do campo progressista da Câmara de BH divulgaram nota de repúdio, questionando a escolha do momento e o modelo de segurança promovido pelo evento internacional do qual o prefeito participou. Damião integrou a comitiva de 12 autoridades brasileiras convidadas pela embaixada israelense para o seminário “Projetos Municipais para a Segurança Pública e o Desenvolvimento Local”.
Após a escalada do conflito entre Israel e Irã, o retorno ao Brasil foi feito por via terrestre: o grupo cruzou a fronteira pela Jordânia e embarcou em um avião fretado na Arábia Saudita. O voo foi monitorado pelo Estado de Minas via FlightRadar24, plataforma especializada em rotas aéreas, e teve como destino final João Pessoa (PB), base do prefeito Cícero Lucena (PP), articulador da missão. De lá, Damião seguiu para Belo Horizonte.
O Ministério das Relações Exteriores chegou a emitir nota dizendo que não tinha conhecimento da missão e que ela ocorreu em desacordo com as recomendações consulares. Em resposta, os integrantes da comitiva divulgaram um posicionamento público expressando “profundo desacordo e surpresa” com o Itamaraty.