
Processos na Justiça podem mudar desenho da Câmara recém-formada em BH
Três suplentes tentam obter uma cadeira na casa a partir da cassação de vereadores eleitos para o Legislativo da capital mineira
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Siga noPoucas horas após o fechamento da última seção eleitoral de Belo Horizonte em 6 de outubro do ano passado, os moradores da capital mineira já sabiam o nome de seus 41 representantes na Câmara Municipal. Estes mesmos parlamentares foram devidamente empossados no primeiro dia deste ano e agora aguardam a chegada de fevereiro para a abertura oficial dos trabalhos da legislatura. Na Justiça, no entanto, há três casos que podem mudar a composição das cadeiras da Casa.
Três candidatos que ficaram na suplência de seus partidos ou federações acionaram a Justiça Eleitoral para cassar os mandatos de correligionários. Os vereadores Lucas Ganem (Podemos), Janaína Cardoso (União Brasil) e Leonardo Ângelo (Cidadania) são alvos de processos que, por diferentes razões, argumentam pela substituição de mandato pelo primeiro nome que ficou de fora do grupo de eleitos.
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Lucas Ganem foi eleito vereador de Belo Horizonte com 10.753 votos. Ele chegou ao poder junto de dois correligionários, Juliano Lopes e José Ferreira. Com 7.970 votos, o então vereador Rubão não conseguiu se reeleger, mas foi o primeiro da lista de suplentes do Podemos. Ele é o responsável por mover um pedido de cassação do mandato de Ganem.
A candidatura de Ganem foi alvo de críticas, especialmente após reportagem publicada pelo portal "O Fator", evidenciando que o vereador eleito integra uma família paulista que lançou nomes para as eleições municipais em diversas cidades, mesmo nunca as tendo habitado.
Rubão levou as informações à Justiça, onde argumenta que Ganem não tinha domicílio eleitoral em Belo Horizonte e que outra pessoa vive no domicílio apontado pelo vereador ao realizar o cadastro de sua candidatura no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).
O processo se arrasta desde o ano passado. A reportagem entrou em contato com Rubão e Ganem para solicitar informações do andamento do litígio, mas ambos não responderam.
Questões judiciais à parte, Ganem deve ter um início de trabalho conturbado na Câmara Municipal, uma vez que foi designado como ‘traíra’ pelo novo presidente da Casa, Juliano Lopes. Os dois integram o Podemos, e o vereador novato chegou a anunciar que votaria no colega de legenda na eleição para a presidência.
Com a chegada de Bruno Miranda (PDT), líder da prefeitura na Câmara, ao páreo, Ganem foi um dos dois nomes da lista de 23 apoiadores de Lopes a mudar de lado. O pulo para o barco concorrente não pegou bem no Podemos.
Janaína Cardoso
Outro processo com ecos na eleição para a presidência da Câmara foi o que envolve Janaína Cardoso, eleita pelo União Brasil com 7.740 votos e Wagner Messias, conhecido como Preto, que não obteve a reeleição pelo partido. Os 5.599 votos recebidos pelo então vereador, no entanto, o colocaram como primeiro suplente da legenda.
Alvo do processo aberto semanas após a eleição, Janaína votou na chapa encabeçada por Juliano Lopes na eleição para a mesa diretora da Câmara mesmo tendo do outro lado um candidato governista. O União Brasil que abriga a vereadora é a legenda de Álvaro Damião, eleito como vice-prefeito de Fuad Noman (PSD) e, atualmente, o comandante em exercício da capital diante das dificuldades de saúde do pessedista.
O voto de Janaína contra a prefeitura foi mais um dos elementos utilizados pela chapa vencedora na eleição para a mesa diretora para criticar a atuação de Damião na tentativa de conseguir votos dentro da Câmara.
O processo movido por Preto diz que a candidata usou de uma campanha chamada de “Carreata da Saúde” para se promover eleitoralmente. A peça ainda aponta que os serviços médicos oferecidos pelo programa eram oriundos de uma parceria com o "Instituto Álvaro Antônio", que carrega o nome do ex-deputado federal, pai do atual parlamentar e ex-marido de Janaína, Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG).
À reportagem, Janaína Cardoso afirma que o juiz responsável pelo caso indeferiu o pedido de diligências de Preto. A defesa já se manifestou e a Justiça agora aguarda a produção de provas por parte do acusador.
A decisão do juiz Marcos Antônio da Silva, obtida via consulta ao sistema do TRE-MG, aponta que as solicitações do acusador não são específicas e que cabe à parte processante a produção de provas. “Verifico, por todo o exposto, que os pedidos são genéricos, extrapolam o objeto da presente demanda e alguns podem ser obtidos por iniciativa da própria parte, a quem incumbe primordialmente a produção de provas. INDEFIRO, portanto, o pedidos de expedição de ofícios apresentado pelo autor”, diz a conclusão da peça jurídica.
Leonardo Ângelo
A última das ações foi movida por Reinaldinho (PSDB), que pede a cassação de Leonardo Ângelo (Cidadania), eleito pela federação de ambos os partidos com 6.156 votos. O processo foi aberto na última segunda-feira (6/1) e pede a impugnação do mandato alegando abuso de poder econômico durante a campanha.
Segundo a acusação, o vereador do Cidadania teria contratado coordenadores regionais para atuar em sua campanha com salários estimados em cerca de R$ 450 mil. Ainda de acordo com o tucano, parte dos pagamentos teriam sido custeados pela campanha de Mauro Tramonte (Republicanos) à prefeitura, o que seria um descumprimento da lei eleitoral que determina a proibição do repasse de recursos entre partidos que não estão na mesma federação ou coligação.
Ao Estado de Minas, Leonardo Ângelo afirma que não teve acesso à acusação e não foi oficialmente citado pela Justiça. O vereador no entanto diz que aguarda o contato para prestar os devidos esclarecimentos. “Estou focado em servir e cumprir meu compromisso de muito trabalho para a nossa Belo Horizonte”, declarou.