O encontro está previsto na agenda oficial das autoridades para às 18h no Palácio do Planalto -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

O encontro está previsto na agenda oficial das autoridades para às 18h no Palácio do Planalto

crédito: Ricardo Stuckert/PR

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne na tarde desta segunda-feira (8) com o ministro Fernando Haddad (Fazenda), em meio à crise na Petrobras.

 

O encontro está previsto na agenda oficial das autoridades para às 18h no Palácio do Planalto. O ministro era esperado na manhã desta segunda no Rumos 2024, evento virtual promovido pelo jornal Valor Econômico em São Palo, mas cancelou sua presença.

 

Haddad iria presencialmente à abertura do evento, mas mudou de planos após ser convocado pelo presidente para reunião no Palácio da Alvorada na noite de domingo (7). Na pauta, sucessão da Petrobras. O ministro escalou seu secretário-executivo, Dario Durigan, para participar do evento.

 

Ele deixou São Paulo no fim da tarde, mas o encontro com Lula não ocorreu. Embora não confirmada pela assessoria do presidente, a reunião estava prevista para as 20h e acabou cancelada. A causa seria a contrariedade de Lula com vazamento da agenda extraoficial.

 

A expectativa era que Haddad intercedesse em favor da permanência de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras, sob argumento de que não haveria motivos técnicos para sua demissão.

 

 

A crise na companhia expôs falta de coordenação no governo Lula 3 e acirrou intrigas e atritos na Esplanada. Apontada por aliados do presidente como um momento difícil do terceiro mandato de Lula, a semana passada foi marcada por desconfiança entre os principais ministros do governo.

 

A tensão toma conta da equipe do presidente em meio à tentativa do governo de reverter a tendência de queda na sua aprovação, buscando soluções para ajustar uma comunicação criticada e pressionando ministros pela entrega de resultados.

 

No caso da Petrobras, a crise ganhou novos contornos com a decisão de não pagar dividendos extraordinários aos seus acionistas, num movimento que desagradou mercado e contrariou o Prates. Haddad concordou com o presidente da Petrobras, mas foi voto vencido. Do outro lado, estavam o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa.

 

Rumores envolvendo a demissão de Prates ganharam força após entrevista à Folha de S. Paulo do ministro de Minas que admitiu haver conflito entre o seu papel e o do presidente da empresa.

 

Silveira foi questionado e evitou avaliar se Jean Paul Prates estaria fazendo um bom trabalho. "A avaliação da gestão do presidente da Petrobras eu deixo a cargo do presidente da República", afirmou.

 

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