Uma família de Santo Antônio da Platina (PR), perdeu dois membros em apenas 24 horas. João Gonçalves, de 55 anos, e Vitor da Silva, de 16, morreram com um dia de diferença — o padrasto, vítima de um infarto fulminante enquanto chegava para visitar o enteado no hospital, e o adolescente, por complicações relacionadas ao uso de cigarros eletrônicos (ou vape).
“Minha família foi dizimada em dois dias”, desabafou Angélica da Silva, mãe de Vitor da Silva e viúva de João Gonçalves ao G1. A morte do companheiro ocorreu no domingo (23/11), quando ele visitava o jovem na UTI e foi informado que o adolescente precisaria ser entubado.
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A jornada da família começou no sábado (22/11), quando Vitor foi levado a um hospital com vômitos e dor de garganta. No local, a equipe médica constatou que os rins do jovem estavam falhando e que havia uma infecção pulmonar, exigindo sua transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Foi nesse momento que o adolescente revelou à mãe que usava cigarros eletrônicos há cerca de dois meses. Segundo Angélica, um médico explicou que o ferimento na garganta de Vitor foi causado pelo vape, que agride a região à medida que é utilizado.
Ao saber que o filho seria entubado, Angélica ligou para o marido em desespero. João chegou ao hospital no domingo e, ainda na recepção da UTI, sofreu o infarto. “Ele nem chegou a ver o Vitor. Teve um infarto fulminante ali”, relembrou a mãe.
Angélica e João estavam juntos há oito anos. Ela conta que o marido, que era pastor, e seu filho eram grandes amigos. “Ele amava, e nem eu sabia que ele amava tanto assim meu filho para não suportar a notícia que ele estava entubado”, desabafou.
Horas depois do enterro do marido, Angélica retornou ao hospital para acompanhar o filho, que estava entubado e em estado crítico. No fim da tarde, recebeu a notícia de que ele estava em parada cardiorrespiratória.
“Eu vi o meu filho começando a morrer. Todos os médicos correram e eu pensei: ‘Meu Deus, de novo não’”, relatou.
Vitor morreu minutos depois, na segunda-feira, horas depois do sepultamento do padrasto. O atestado de óbito do adolescente revelou que a causa da morte foi sepse de foco pulmonar e insuficiência respiratória aguda por tabagismo com uso de cigarro eletrônico.
Venda proibida, mas acesso fácil
A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar é proibida no Brasil desde 2009. Em abril de 2024, a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu, por unanimidade, manter a proibição em vigor.
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A decisão foi baseada em um relatório técnico que apontou o aumento do consumo entre os jovens, o alto potencial de dependência da nicotina presente nos produtos e a ausência de estudos que comprovem a segurança dos dispositivos a longo prazo.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.
