BR-262 corta Minas Gerais de Leste a Oeste e exige cautela nas viagens de fim e início de ano, principalmente em trechos de pistas simples e nos perímetros urbanos, seja em direção ao Espírito Santo ou ao Triângulo Mineiro.

As rotas desse eixo são detalhadas nesta edição do guia de segurança para viajantes que a equipe de reportagem do Estado de Minas produz a partir do histórico de ocorrências registradas nas principais vias que cortam Minas Gerais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no período de 15 de dezembro a 31 de janeiro, entre os anos de 2022 e 2024, incluindo o intervalo até janeiro deste ano.

Para se chegar ao litoral capixaba, em Vitória ou Guarapari, a jornada de boa parte dos mineiros pode ser iniciada em Belo Horizonte, após o Anel Rodoviário, pela BR-381 cruzando oito municípios até João Monlevade, na Região Central do estado, onde prossegue pela BR-262, rodovia que. apenas no traçado mineiro. teve registro de 338 sinistros, com 27 mortos e 478 feridos no período avaliado. 

 

O segmento da 262 até João Monlevade é marcado pela alta letalidade devido a colisões frontais, trânsito na contramão e excesso de velocidade em curvas sem separação física entre sentidos opostos. São vários trechos críticos em municípios como Sabará, na Grande BH, entre o KM 430 e o KM 444, onde a pista é simples, sinuosa e com relevo acidentado. A chuva e a velocidade incompatível com as condições da via são os principais fatores de colisões frontais. Nas áreas urbanas, predominam colisões transversais e atropelamentos.

Mais à frente, São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central, registrou três mortes. O perigo se concentra na combinação de curvas com fortes descidas e pista molhada. Na mesma região, João Monlevade teve quatro mortes no período. A falta de separação física facilita invasões de faixa e perda de controle. No perímetro urbano (KMs 357/358), o risco migra para conflitos em interseções, levando a choques laterais. 

Mantenha-se alerta

A partir de João Monlevade, a BR-262 corta nove municípios mineiros até a divisa com o Espírito Santo. Transitar pela contramão foi a atitude que mais matou pessoas no período nesse segmento, com dez acidentes registrando três óbitos e dez feridos; seguida de acessar a via sem observar a presença dos outros veículos, com dois mortos, mesmo número de vítimas de veículos que apresentaram problemas no sistema de freios. A ausência de reação dos condutores a imprevistos foi a ocorrência mais numerosa, chegando a 18 registros. 

Os tipos de acidentes causados por várias circunstâncias e que mais mataram foram as colisões frontais, custando as vidas de quatro pessoas em 15 acidentes, com 29 feridos. Em seguida, as saídas de pista e atropelamentos mataram duas pessoas cada. A colisão transversal foi a ocorrência mais numerosa, com 21 registros, um óbito e 27 feridos.

Um dos locais para o qual o viajante precisa de mais atenção na 262 é no município de Abre Campo, na Zona da Mata mineira, onde três pessoas perderam a vida no período. Os perigos estão mais presentes cruzando a área urbana, entre o KM 94, perto do Posto Anacleto, e o KM 97, pouco depois do Posto Minas Mar. A velocidade da rodovia e a rotina da cidade entram em conflito, resultando em batidas e vítimas.

Os piores sinistros ocorrem em pista simples, onde a imprudência ao acessar a via e conversões proibidas provocaram colisões frontais e transversais graves. No entanto, o maior perigo está na interação com pedestres, o que levou os atropelamentos a se tornarem o tipo de acidente com maior potencial de mortes, frequentemente agravados pela baixa visibilidade noturna e chuva. 

Perigo no trecho urbano

Mais adiante, Manhuaçu, também na Zona da Mata mineira, não chegou a registrar mortos durante as viagens de fim e início de ano no período avaliado, mas o volume alto de sinistros, com 53 registros, e de feridos, com 63 pessoas, recomenda atenção na passagem pelo município.

Em destaque, o segmento do KM 33 ao KM 40 que corta totalmente o centro urbano e apresenta um conflito perigoso entre o tráfego rodoviário e a dinâmica da cidade, com concentração de acidentes entre os KMs 37 e 40.

A predominância de pista simples, somada a entradas e saídas constantes de veículos, resulta em um alto índice de colisões transversais. A principal causa é a imprudência ao acessar a via sem observar o fluxo preferencial, exigindo dos motoristas respeito rigoroso à sinalização de parada e atenção redobrada aos pedestres que circulam nas margens desprotegidas.

Já em pontos como o KM 33, o risco se eleva pela gravidade das ocorrências, caracterizadas por invasões de contramão que resultam em colisões frontais – o tipo de sinistro com maior potencial de letalidade. A falta de separação física entre as faixas opostas demanda respeito aos limites de velocidade e às regras de circulação. 

Sinais de alerta no Espírito Santo

Já na divisa com o Espírito Santo, em Reduto, na mesma região, ocorreu o maior número de pessoas mortas em sinistros durante as férias, com quatro óbitos. Um dos segmentos mais críticos é a passagem por um eucaliptal desde o KM 22 ao KM 24, perto do acesso à Estrada do Jaguaraí. Um trecho de pista simples marcado por curvas e declives acentuados, concentrando a letalidade máxima no KM 22.

A combinação de traçado difícil com fatores como falhas nos freios e perda de controle do veículo resultou nos acidentes mais severos: as saídas de pista e capotamentos. A configuração da rodovia em área rural, sem separação física entre as faixas, transformou erros de condução ou panes mecânicas em tragédias, sobretudo nas descidas de serra e à noite.

Além das questões estruturais, o comportamento de risco, como transitar na contramão e a falta de adaptação à chuva, eleva o perigo de colisões frontais, especialmente no KM 24. O segmento exige cautela nas ultrapassagens e a redução da velocidade sob pista molhada ou neblina. A manutenção preventiva do veículo é fundamental, visto que falhas técnicas em declives oferecem menos margem para correção.

Do lado capixaba, a estrada apresentou violência menor no trânsito durante o período avaliado. Na travessia de 13 municípios foram 154 sinistros, 11 pessoas mortas e 219 feridos. A região serrana de Domingos Martins exige freios e pneus em perfeito estado, pois o traçado sinuoso não perdoa falhas mecânicas sob chuva. Em Viana e no acesso a Guarapari, a confusão no tráfego urbano e o desrespeito a semáforos são causadores frequentes de colisões laterais.

A alta velocidade foi verificada como sendo a causa mais numerosa de sinistros e uma das três que somaram o maior número de vítimas, com duas fatalidades, resultando ainda 33 feridos em 21 ocorrências. Também mataram duas pessoas os desastres em que condutores falharam na reação a imprevistos, aqueles que envolveram veículos com pneus avariados ou desgastados e condutores que ingeriram bebidas alcoólicas.

Sinistros que resultaram em colisões frontais foram os que mais mataram, com quatro óbitos, em 24 registros que deixaram 53 feridos. Na sequência dos tipos mais mortais vêm as saídas de pista (3) e tombamentos (2). As colisões traseiras foram os sinistros mais numerosos, mas de menos vítimas.

Ultrapasse com segurança

Atenção e paciência são primordiais em segmentos mais arriscados, como em Ibatiba (ES), onde as transições urbanas e rurais trazem desafios diferentes. Sobretudo do KM 159, que passa em meio a vastas plantações de eucalipto, ao KM 167, com a área urbana cortada tendo a estrada como via principal. 

O trecho apresenta um cenário de alto risco no KM 162, onde a combinação de pista simples, traçado em curva e período noturno têm gerado colisões frontais e laterais graves. A principal causa identificada é a tentativa de ultrapassagem ou perda de controle (invadir a contramão), agravada pela visibilidade reduzida.

Já na chegada à zona urbana, no KM 159, o perfil do perigo muda para colisões traseiras e atropelamentos, exigindo atenção redobrada com o fluxo local de pedestres e paradas repentinas. Além disso, o registro de óbito no KM 167 (tombamento) e sinistros sob chuva indicam que a pista se torna ameaçadora com o clima adverso.

Há riscos também na área serrana de Domingos Martins, sobretudo em Aracê, do KM 75 ao KM 81, onde predominam pista simples com traçados em curva e declive, e em que a ausência de separação física entre os sentidos opostos favorece colisões frontais em alta velocidade.

Os dados indicam que o pior cenário ocorre quando falhas mecânicas, especificamente o desgaste de pneus, se somam a condições adversas como chuva e período noturno, resultando em perda de controle e invasão da pista contrária, em desastres fatais. 

A caminho de Guarapari

Em Viana (ES), o motorista pode tomar a estrada para Guarapari (ES) ou continuar rumo a Vitória. A BR-101 leva a Guarapari e é exatamente em Viana que estão os maiores riscos, que deixaram seis pessoas mortas no período pesquisado. Sobretudo do KM 297, no Parque Industrial, ao KM 301, no Bairro São Francisco.

No início do segmento, especialmente no KM 297, o maior perigo está nos conflitos com o tráfego urbano. O excesso de veículos tentando mudar de faixa repentinamente ou desrespeitando semáforos gera frequentes colisões laterais e transversais (batidas em cruzamentos). A pressa e a velocidade incompatível com a via são os principais ingredientes para esses sinistros.

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Já no KM 299, o cenário se torna trágico e exige alerta máximo, pois concentra o maior número de mortes do trecho analisado. A principal causa é o atropelamento, indicando que pedestres tentam atravessar a rodovia em locais inadequados ou são surpreendidos por veículos em alta velocidade.

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