Carnaval: mais uma vez, edital de patrocínio da PBH não tem interessados
Mesmo com redução nos valores das cotas, nenhuma empresa apresentou proposta; prefeitura já empenhou R$ 13,3 milhões em contratos para a estrutura da festa
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A menos de dois meses do início oficial do carnaval, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sofreu um novo revés na busca por investimentos privados para a folia em 2026. Pela segunda vez consecutiva, o edital de captação de patrocínio foi declarado deserto — quando não há empresas interessadas. O resultado do Chamamento Público 011/2025 foi publicado pela Belotur nesta terça-feira (23/12).
A ausência de propostas ocorre mesmo após a administração municipal tentar flexibilizar as regras. Após um primeiro edital sem interessados em novembro, a Belotur abriu uma nova disputa em dezembro, chegando a reduzir os valores das cotas para tornar o negócio mais atrativo ao mercado. Na sessão pública desta terça, no entanto, nenhum envelope de habilitação ou proposta comercial foi entregue.
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O objetivo do edital era garantir recursos de empresas públicas ou privadas para custear marketing, estrutura e promoção do evento, que ocorre entre 31 de janeiro e 22 de fevereiro.
Apesar da falta de parceiros privados, a engrenagem do carnaval continua girando com dinheiro do contribuinte. Também nesta terça-feira, a Belotur oficializou a contratação de R$ 13,3 milhões em serviços essenciais para a festa, incluindo locação de banheiros químicos e gradis e logística e apoio especializado em eventos.
Recentemente, o prefeito Álvaro Damião antecipou que o Executivo assumiria integralmente os custos da festa caso a iniciativa privada não aderisse ao modelo de patrocínio. Até o momento, a Belotur não detalhou se abrirá uma terceira tentativa de chamamento ou se desistirá oficialmente da captação externa.
Em nota enviada ao Estado de Minas, a PBH informa que a realização do Carnaval de Belo Horizonte 2026 não está condicionada à captação de patrocínios. "O evento integra o calendário oficial da cidade e é uma política pública consolidada, assegurada pelo planejamento e pelos investimentos do poder público. A administração municipal reconhece e valoriza a participação do setor empresarial como parceiro estratégico na qualificação de uma das maiores festas de rua do país. Nesse sentido, a Prefeitura de Belo Horizonte segue em tratativas com a iniciativa privada e espera consolidar novas parcerias em breve, fortalecendo ainda mais o evento", diz o texto.
Carnaval da Liberdade 2026
O Governo de Minas Gerais e a Cemig também publicaram, nesta terça-feira, o resultado final do edital Carnaval da Liberdade 2026. Ao todo, mais de 50 iniciativas artísticas e culturais foram selecionadas para receber patrocínio da companhia. A lista completa dos contemplados está disponível no portal oficial da Cemig.
Diferentemente de edições anteriores focadas estritamente nos dias de folia, o cronograma de 2026 prevê a execução de projetos tanto durante o carnaval quanto ao longo de todo o ano. A estratégia visa manter a cadeia produtiva do setor ativa de forma perene, incluindo oficinas, cursos e pré-produção carnavalesca.
Os projetos aprovados abrangem diversas regiões de Minas Gerais, contemplando desde blocos de rua e escolas de samba até blocos caricatos e festas tradicionais. Segundo Cristiana Kumaira, diretora de Comunicação e Marketing da Cemig, o aporte vai além do entretenimento. “Os dias de carnaval são oportunidades importantes para toda a cadeia produtiva e para a economia do estado. O apoio contribui para o crescimento e a diversificação do carnaval mineiro de forma ampla e descentralizada”, afirma.
Os selecionados devem ficar atentos aos prazos. A Cemig iniciará o contato via e-mail para a fase de análise de documentação. Para que o contrato seja efetivado e o recurso liberado, os proponentes precisam apresentar toda a documentação exigida no edital. O patrocínio só será confirmado após esta validação técnica.
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Desde a criação do programa Carnaval da Liberdade, a Cemig já destinou mais de R$ 22 milhões por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. O montante beneficiou mais de 120 atrações em várias regiões mineiras.