Operação contra empresas de ônibus apreende R$ 400 mil na Zona da Mata
Empresas fingiam competir por licitação a fim de monopolizar o controle do transporte coletivo de Cataguases
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A Operação Clonagem, realizada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), apreendeu, na manhã desta quinta-feira (13/11), celulares, computadores, documentos e R$ 400 mil em espécie em sedes de empresas de transporte público e em casas de pessoas relacionadas a um esquema fraudulento em Cataguases, na Zona da Mata mineira.
Empresários do setor e um funcionário público são suspeitos de trapaça em processo de licitação de instituições de transporte público na cidade.
O promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Regional da Zona da Mata, Breno Coelho, contou que um dos alvos da operação foi o Cataguases Trânsito e Transporte (Catrans), órgão público responsável por gerir e fiscalizar o transporte coletivo do município.
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Segundo ele, a motivação da busca foi um suposto esquema de corrupção, no qual líderes das empresas Sereno Tur e Transporte Coletivo Léo se uniam para criar uma falsa competitividade em busca da licitação concedida em 2023, a fim de atuar como empresas oficiais dos ônibus coletivos da cidade.
A fraude tinha o objetivo de criar um monopólio. “Acreditamos firmemente que um dos principais motivos seria evitar que terceiros, fora desse núcleo decisório, conseguissem participar da licitação”, esclareceu Coelho.
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A queixa chegou ao MPMG por meio de “outros potenciais participantes da licitação, que, ao constatarem atitudes estranhas (por parte das duas empresas), denunciaram”, de acordo com Coelho.
Ele afirmou ainda que, antes disso, a própria Procuradoria de Cataguases já investigava o caso. “Observamos que havia um elo entre as empresas e um servidor público do órgão de fiscalização de trânsito, a Catrans (Cataguases Trânsito e Transporte)”.
Ainda segundo Coelho, a omissão do servidor diante de situações inadequadas que ocorriam nas empresas soou “estranha”. As fiscalizações municipais, que deveriam ser frequentes, ocorriam apenas por ordem do Ministério Público.
Os quadros de horários dos motoristas dos coletivos da Sereno Tur e do Transporte Coletivo Léo ficavam no pátio de apenas uma delas. Ambas trabalhavam com os mesmos contadores, responsáveis técnicos e utilizavam a mesma garagem para guardar seus ônibus.
O promotor Coelho contou ainda que a licitação, questionada pela investigação, foi concedida às empresas em 2023 e envolvia valores na casa dos milhões de reais.
A reportagem tentou vários contatos com a prefeitura de Cataguases, mas não obteve resposta.
Busca e apreensão
A Operação Clonagem, efetuada em Cataguases, realizou buscas e apreensões no escritório de contabilidade e na casa do contador das empresas, na Catrans, nas sedes das organizações e nas casas do servidor público e dos “cabeças” da fraude, como denominou Breno Coelho, os donos das empresas de ônibus.
O promotor destacou que, apenas na casa de um deles, havia cerca de R$ 30 mil em dinheiro.
Os valores em espécie e a quantidade de objetos apreendidos não foram totalmente contabilizados, e os nomes dos envolvidos não foram divulgados.