Após os relatos da Associação dos Moradores do Bairro Dom Cabral de que o fechamento do Motel Le Baron trouxe alegria aos vizinhos do lugar, a Associação Brasileira de Motéis (Abmoteis) se manifestou sobre essa alegria local. 

De acordo com o Marcelo Campelo, diretor e representante da associação em Minas Gerais, essa comoção local com o fechamento do motel localizado entre os bairros João Pinheiro e Dom Cabral, região Oeste de BH, é incomum e contraria pesquisas realizadas em 2023 pelo órgão. 

“Nós, donos de motéis, temos uma relação harmoniosa com os moradores, não há conflito, pois prezamos pela política da boa vizinhança” afirma “Investimos em vários sistemas de aquecimento, não usamos caldeira a lenha para não dar fumaça e não criamos transtornos aos moradores”, defende Campelo. 

Problemas com a Fumaça

Em maio deste ano, os vizinhos do Le Baron reclamaram do mau cheiro e da fuligem expelida pelas chaminés do motel, e alertaram que esses problemas trouxeram doenças respiratórias para os moradores do bairro. 

 "Olha a situação dos vizinhos do Motel Le Baron. Houve várias tentativas de contato, e os moradores não foram atendidos. Morar perto do motel virou um pesadelo. A fumaça que sai de lá é constante, pesada e possivelmente tóxica. Ela entra pelas janelas, se espalha pela casa, cai sobre a nossa comida, deixa as camas com mau cheiro e faz a gente perder o ar.” afirma o postagem feita no insta da Associação. 

Na ocasião, a dona do Motel sinalizou que a fumaça era originada da queima de lenha para o aquecimento de água do estabelecimento, que funciona 24 horas. "É uma lenha natural, com certificado e nota fiscal. Ela não tem aditivo, então não tem cheiro ácido. Ela tem cheiro de mato, de natureza", afirma Roberta.

Pesquisa ABmotéis

A Associação de Moradores do Bairro Dom Cabral atrelou que a visão conservadora dos vizinhos fez com que houvesse uma resistência com o motel desde o início, em que foi realizado um abaixo assinado para impedir a construção do lugar. 

Essa justificativa foi questionada pela Abmoteis. De acordo com eles, a visão antiquada de que os motéis só buscam clientes interessados em sexo tem se desconstruído. Agora os empreendimentos querem oferecer uma experiência hoteleira completa, com pacotes que entregam alimentação diferenciada e até voos de helicóptero para pedidos de casamento. 

Segundo Campelo, a associação realizou uma pesquisa em 2023 sobre os hábitos dos hóspedes e os dados demonstraram que o público dos motéis não dialoga com o imaginário de muitas pessoas, de que esses estabelecimentos são utilizados em sua grande maioria por pessoas infiéis. 

“Hoje, 85% dos frequentadores dos motéis são pessoas com relacionamentos estáveis – casados e namorados”, aponta. 

A pesquisa conversou com 1000 pessoas de diferentes capitais do país, entre agosto e setembro de 2023 - 400 entrevistados eram de São Paulo, 250 do Rio de Janeiro, 105 de Salvador, 85 eram de Curitiba, 78 de Belo Horizonte, 50 de Brasília e 32 de Manaus. 

Dentro das cidades que fizeram parte da pesquisa, BH está na terceira posição com a maior porcentagem de frequentadores em 2023, com 56%, atrás apenas de Manaus e São Paulo, com 63% e 60% respectivamente.  

Le Baron

O motel será demolido e um edifício será construído no lugar. A associação de moradores informou que o prédio terá 180 apartamentos e um supermercado. A reportagem do Estado de Minas tentou contato com a dona do estabelecimento, mas ela optou por não dar entrevista. 

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Sobre o fechamento do motel, o diretor da Abmotéis acredita que as reclamações dos moradores não foram relevantes para a venda do negócio e que a comemoração se dá muito pela abertura financeira com os empreendimentos que serão erguidos no lote.  

“Acredito que a situação da venda do Le Baron foi uma caso específico, de valorização imobiliária, em que a comercialização do terreno é mais vantajosa que a manter o negócio de pé”, finaliza.

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