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Patrimônio: gestora do Parque do Peruaçu almeja desenvolvimento na região

Ao EM Minas, da TV Alterosa, Dayanne Sirqueira falou sobre expectativas, sentimentos após o reconhecimento e 'mistérios' ainda a serem estudados

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“Esperamos ganho e fomento, principalmente na atividade turística, mas também no desenvolvimento das demais infraestruturas, melhoria no serviço de saneamento básico, incentivos para a produção de artesanato, que também é uma região muito rica.” A afirmativa foi feita por Dayanne Sirqueira, gestora do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, sobre o futuro da região após o reconhecimento do Cânion do Peruaçu como Patrimônio Natural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O anúncio do título para a área, localizada em Januária (MG), no Norte de Minas Gerais, ocorreu no dia 13 de julho.

Sirqueira foi a convidada do EM Minas, programa da TV Alterosa em parceria com o Estado de Minas e o Portal Uai, deste sábado (9/8), e também contou mais sobre a composição da unidade, revelando que a quantidade total de cavernas e sítios arqueológicos na área do parque ainda é um mistério. A gestora falou ainda sobre a expectativa de público para este ano, explicou como agendar a visita e deu dicas para o passeio. 

Confira a seguir os principais trechos da entrevista. O conteúdo também está disponível no canal do Portal Uai no YouTube.   

O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu recentemente recebeu o título mundial de patrimônio natural da Unesco. O que isso representa para Minas Gerais?

Esse reconhecimento dos cânions do Rio Peruaçu como patrimônio mundial vem com o potencial de mudar a realidade não só dos três municípios que compreendem o Parque Nacional, mas também toda a região Norte de Minas.

Quais são esses três municípios?

Januária, Itacarambi e o município de São João das Missões, que vem desempenhando um papel fundamental de apoio à gestão nessa parceria entre os três municípios com o Instituto Chico Mendes.

São quantas cavernas no parque?

Isso ainda é um mistério porque não temos o estudo sobre o parque inteiro. Mas pelas nossas contas, está ultrapassando as 1500 cavernas. 

1.500 e cavernas de todos os tamanhos. As pequenas de 2 a 4 metros?

Isso. Até as maiores como Janelão, Arco do André., com mais de 100 m de altura. 



E como são as visitas a essas cavernas? Têm os guias que levam a turma por uma expedição pelas cavernas? Como funciona?

Hoje a área aberta à visitação compreende três circuitos que vão dar acesso a 11 atrativos. Porque temos cavernas para serem visitadas, mas também temos paredões de pintura rupestre, outro tipo de experiência para além da caverna. Hoje, o parque possui a obrigatoriedade de contratação dos condutores que fazem esse papel de proteger todo aquele patrimônio arqueológico, espeleológico que o parque possui e também de garantir segurança para o visitante que está indo ali conhecer essa maravilha. 

Agora lembrando, não adianta só chegar no parque. É preciso fazer o agendamento. Como é o agendamento?

Temos incentivado muito e passado muito essa informação para evitar aquele sentimento de frustração, porque a pessoa chega e não entra porque já atingiu a capacidade do dia. É uma visita que a gente fala que precisa ser planejada. É preciso se organizar. Porque você pode chegar, ter as vagas e conseguir visitar, mas com esse aumento na procura entendemos que esse planejamento vai se fazer cada vez mais necessário.

São quantas vagas por dia para a visitação?

O volume total de visitantes por dia gira em torno de 340, porque cada atrativo tem uma capacidade específica que varia.

E qual é o horário de visitação das Cavernas do Peruaçu?

Pedimos para fazer o check-in para dar entrada no parque entre 8 e 14 horas. E pode ficar até as 18h, que é quando ainda tem luz do dia, para não correr o risco de estar no parque quando está de noite.

O parque está numa área que compreende as três cidades. Repete para a gente quais são?

Januária, Itacarambi, São João das Missões. Mas a entrada é pela comunidade rural de Fabião 1, que é em Januária, mas está mais perto de Itacarambi.

E essas cidades, elas têm estrutura para receber turistas que vão visitar o parque?

A gente está se preparando ainda. É tudo um processo. Elas vêm se preparando ao longo dos anos, sabendo desse potencial. No site, fizemos um trabalho com a Secretaria de Turismo que tem listado todos os hotéis disponíveis nos três municípios e ainda tem sugestões de bares, restaurantes.

Quantos hectares compreende o Parque Nacional? Ele tem uma área federal e tem uma área estadual também? 

Dentro do universo de unidade de conservação, que são essas áreas especialmente protegidas, tem unidades de conservação na instância municipal, estadual e federal. Na instância federal, lá na região, temos duas áreas: a Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu e o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Só que na região onde a gente está localizado, ali do Vale do Peruaçu, além dessas duas áreas federais, temos um parque estadual, que é o Veredas do Peruaçu e mais um número significativo de outras áreas que compõem o mosaico. Mas o parque tem um pouco mais de 56 mil hectares, que é onde está o maior número de cavernas. A Área de Proteção Ambiental (APA) tem um pouco mais de 143 mil. O Parque Estadual tem um pouco mais de 31 mil. Então são todas unidades grandes que estão sobrepostas ou justapostas, como a gente fala, naquela região que compõem esse mosaico.

O acesso até o parque como funciona? Por onde é melhor ir, como é a condição da estrada, se isso precisa ser melhorado?

A gente tem asfalto de BH até a entrada do parque. Trecho de terra é apenas no interior do parque e não está ruim. Temos investido em manutenções para garantir essa acessibilidade, você não precisa ter um carro traçado. 

E as cavernas, falando inclusive em acessibilidade, crianças podem visitar, idosos, cadeirantes? 

Temos alguns programas dentro do parque para fomentar a visita de todos os públicos. Inauguramos uma trilha infantil em volta do centro de visitantes para que esse primeiro contato das crianças seja num ambiente mais seguro para os adultos, porque a gente fala que quem tem preocupação de levar as crianças são os adultos. E temos um espaço de exposição focado para que as pessoas consigam ter algum tipo de experiência que permita elas conhecerem. Tem até o site Vivências do Peruaçu, onde você consegue acessar os atrativos do parque através de realidade virtual.

Você, como é de Januária, pode nos dizer como vocês esperam que isso reflita na população da região?

Esperamos ganho e fomento, principalmente na atividade turística, mas também no desenvolvimento das demais infraestruturas, melhoria no serviço de saneamento básico, incentivos para a produção de artesanato, que também é uma região muito rica. Para além das cavernas, é uma região que tem muitas ‘gentes’, vários povos que compõem essa riqueza do território. A gente espera que o título traga essa melhoria em todas as áreas para que as comunidades sejam beneficiadas. Uma vez que é através delas que essa região está tão preservada. O parque tem uma sobreposição com o território indígena Xakriabá, que é um povo extremamente rico. Temos trabalhado para que o desenvolvimento chegue para todo mundo.

E convive bem esse território indígena dentro do parque? 

A gente está encaminhando, porque tem mecanismos de gestão para essa sobreposição do parque com a terra indígena Xakriabá, que são os termos de compromisso. Temos também comunidades quilombolas que o parque se sobrepõe. A gente tem trabalhado para que tenha essa relação boa.

Quem quiser visitar e planejar a viagem, qual é o site para fazer a pesquisa? 

Ela vai fazer o contato por e-mail, por onde mandamos o link da página para o site, onde tem fotos, tem descrição das trilhas para identificar qual você quer fazer, qual o perfil de experiência que quer ter. Faça o agendamento, a contratação do seu condutor e visite o parque.

Quantos sítios arqueológicos tem dentro do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu?

Estamos naquele mesmo mistério do número de cavernas. Assim como as cavernas, o parque também não é totalmente estudado do ponto de vista arqueológico, estamos com 120 sítios conhecidos, mas com vários ainda para serem descobertos.

E nesses sítios arqueológicos, o que as pessoas encontram? 

Temos vários vestígios da presença humana, desde utensílios e os próprios esqueletos. A gente tem a retirada de alguns esqueletos nos sítios já estudados.

Cenas de novela do SBT foram gravadas lá?

Foi a novela Caverna Encantada. Eu falo que o pessoal do Vale do Peruaçu tem esse diferencial. Quando lançou a novela, a gente montou o telão para assistir a novela. Temos essa experiência de ter ela como cenário.

Alguma outra novela além de Caverna Encantada foi gravada lá?

Acho que uma outra de uma outra emissora. Cara e Coragem, eu acho.

Você nasceu em Januária?

Sou nascida em Januária, moro em uma outra comunidade rural que não da região do Peruaçu, mas aí me envolvi com a região há um tempo e aí me vi gestora das duas unidades federais que tem lá, que é a APA e o Parque Cavernas do Peruaçu.

Sua formação?

Sou engenheira agrônoma.

Você esteve lá no parque durante seu processo de graduação também?

Um pouco depois da graduação, em um trabalho de extensão do Instituto Federal.

E o que o parque representa hoje para você?

É uma mistura de sentimentos. A gente se sente muito parte daquilo. Reza a lenda que quem bebe a água do Peruaçu não sai mais de lá, seja fisicamente ou em pensamento. E eu estou meio que comprovando isso, porque criamos relação. Vai além da relação de gestão, mas com as pessoas que estão ali no território, com o amor que sentimos pela região, o quanto queremos ver aquela região desenvolvida.

Quais são os próximos passos depois que em julho a Unesco deu o título de patrimônio mundial ao Parque Nacional?

Falamos que estamos sempre arrumando mais trabalho. Agora é nos prepararmos para receber mais turistas, nos prepararmos enquanto municípios, a nossa infraestrutura de recepção e o investimento também nas comunidades locais em áreas diferentes que não do turismo, mas que promova esse olhar de atenção porque nós estamos em um momento de preparação para o futuro, melhoria em todas as áreas é o que esperamos. 

Há quanto tempo o parque já recebe turistas e está aberto à visitação?

O parque é relativamente novo. Vai fazer 26 anos em setembro, recebendo visitação desde 2014, então são 11 anos. A gente tinha essa particularidade de ser um ambiente muito conhecido de nichos específicos. Todo mundo da espeleologia já ouviu falar do parque, todo mundo da arqueologia já ouviu falar do parque, mas para a sociedade em geral foi nos últimos 5 anos que teve esse maior envolvimento. Tivemos um número em torno de 500 pessoas em 2014, ultrapassamos os 14 mil ano passado. Com a expectativa de ultrapassarmos os 20 mil esse ano. Costumo dizer que a gente não cuida daquilo que não conhecemos. E a visitação é essa abertura. Ela coloca a sociedade em contato com as unidades de conservação e proporciona à pessoa conhecer. A partir daí ela vai ter esse cuidado de proteger também. 

E qual é o recado que você daria a quem vai visitar? Tem uma dica? Já houve algum acidente no parque?

Não tivemos nenhum incidente grave, muito em função do papel e da formação que os condutores recebem, e as nossas trilhas são muito delimitadas. É um ambiente muito controlado. Quando falamos de caverna, geralmente o pessoal traz a ideia de um espaço pequeno, que não é a realidade nossa. No parque, nossas cavernas são muito grandes. A gente se sente inclusive muito pequeno quando estamos lá dentro. Não tem foto, não tem vídeo que traga esse sentimento. Quando chegamos lá, percebemos que é muito mais bonito.

Como é para o pessoal entrar, tem algum equipamento de segurança?

Capacete e obrigatoriedade do sapato fechado para evitar torções.

Com quanto tempo de antecedência deve ser feito esse agendamento?

É muito variado. A gente pede três dias úteis pelo e-mail, mas o ideal, como é uma capacidade de carga relativamente pequena, é que seja o quanto antes, se você tiver a confirmação da sua viagem, terá mais segurança para se planejar.

E quais são as trilhas? 

Temos três circuitos. Um circuito é Caboclo e Carlúcio, são duas trilhas, uma caverna e um paredão de pintura. No circuito do Janelão, tem o Janelão, Bonita, Boquete, Arco do André. E onde você faz o check-in, já sai para um atrativo que é o Rezar.

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E quanto tempo dura o passeio?

Não se faz o circuito do Janelão em um dia só. Falamos que para conhecer o parque, você precisa de quatro dias. Eu não recomendo fazer corrido, não tem tempo para apreciar a visita. É muito desgastante fisicamente, você vai ter que fazer muito corrido e perde de apreciar a visão.  

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