A missa de sétimo dia da professora Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, vai acontecer nesta sexta-feira (25/7) na Paróquia Nossa Senhora da Divina Providência, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O corpo da educadora foi encontrado debaixo de um viaduto em Vespasiano, na Grande BH.

Em nota atualizada, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que o inquérito ainda está em andamento. Na terça-feira (22/7), a fim de esclarecer as circunstâncias da morte, os investigadores apreenderam o carro e o notebook da educadora. 

O Colégio Santa Marcelina, onde Soraya lecionava a matéria de história, informou que o ato em memória da mulher vai acontecer na paróquia localizada na Avenida Expedicionário Benvindo Belém de Lima, no número 1038, no Bairro São Luiz, a partir das 19h30 

O filho e o ex-marido de Soraya procuraram a PMMG na noite de sábado (19/7), depois da família ficar 24 horas sem notícias sobre seu paradeiro. Conforme familiares e amigos, na noite de sexta-feira (18/7) ela iria para uma festa de aniversário com amigas, mas, por não estar se sentindo bem, desistiu de sair. Por volta das 20h20, ela teria conversado com o filho. Depois disso, não teria tido contato com mais ninguém. 

Na manhã do dia seguinte, Matteos teria tentado entrar em contato com a mãe por telefone e mensagens, mas não teve resposta. Posteriormente, ele teria pedido para que uma tia, que mora no mesmo edifício, fosse até o apartamento para tentar contatar a vítima. Sem sucesso, a família acionou um chaveiro, que abriu a porta. 

Em casa, o homem percebeu que não havia sinais de arrombamento e que a mãe havia saído sem levar os documentos ou a carteira. No entanto, ele deu falta do aparelho celular, das chaves e dos óculos. À polícia, ele afirmou que tentou localizar o telefone, mas o aparelho estava desligado. 

O corpo de Soraya foi encontrado coberto por um lençol sob um viaduto no Bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana de BH. Ela estava seminua, apenas com a parte de cima da roupa, e apresentava marcas de queimaduras na parte interna das coxas. Até o momento, não há suspeitos identificados e nem pistas sobre o que teria motivado o crime.

Em busca de resposta 

Ao Estado de Minas, Matteos França Campos, de 32 anos, filho da vítima, contou que a família não tem ideia do que pode ter acontecido com a mulher. Ele teria sido a última pessoa a vê-la, ainda na noite de sexta-feira (18/7), quando saía para uma viagem para a Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho, na Região Central do estado.

Desde o primeiro momento, as pessoas próximas da professora procuraram imagens de segurança que pudessem responder a alguma pergunta sobre onde ela estaria e como saiu de casa. 

À Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), durante registro de pessoa desaparecida, na noite de sábado (19/7), Matteos afirmou que chegou a olhar as câmeras do prédio em que Tati morava e não havia sinais de que ela teria saído do prédio, de carro ou a pé.

De acordo com ele, as gravações mostraram que entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado, dois veículos ficaram parados próximo ao portão social. No entanto, conforme relato do filho, não foi possível identificar a placa e se alguma pessoa entrou ou saiu dos carros.

“Estamos esperando alguma resposta. Não consigo expressar o que estamos sentido de outro jeito que não seja perdidos e devastados. Queremos respostas. Queremos conseguir que ela descanse em paz”, disse o filho, à reportagem. 

Vazio 

Soraya Tatiana era vista por pais e alunos como uma mulher destemida, forte e guerreira, embora sensível e bondosa na mesma intensidade. Desde seu desaparecimento, nas redes sociais do colégio em que trabalhava, alguns estudantes a compararam com nomes de mulheres históricas como: Joana D’arc, Marie Curie, Anita Garibaldi e Clarice Lispector. O carinho e apoio de quem convivia diariamente com Tati emocionou sua família. 

À imprensa, na manhã de terça-feira, Nilton França, pai de Soraya, identificou a mulher como “amor em pessoa”. Ele creditou as homenagens como obra da filha, que para ele era uma pessoa especial. “Eu sabia que ela era boa, que era uma pessoa especial, mas não sabia o alcance do trabalho dela em tantos anos cuidando de tantas gerações de pessoas boas [...] Espero que a minha filha conduza-se dentro do caminho que ela sempre seguiu dentro do amor e do bem”. 

Emeline Mate trabalhou com Soraya e via na colega uma referência profissional. A também professora de história conta que a amiga era uma educadora nata e uma pessoa “extremamente doce”. Para ela, o crime se trata de feminicídio. “Está doendo muito. É incompreensível e revoltante. Ela morreu por ter nascido mulher, não importa a circunstância. É isso que está engasgado e é muito pesado para a gente”.

 O desaparecimento de Soraya foi evidenciado pelo próprio colégio em que ela trabalhava. Na manhã de domingo, antes de seu corpo ser encontrado, a instituição de ensino publicou a informação em uma rede social, pedindo para quem tivesse informações sobre seu paradeiro procurasse a polícia. No mesmo dia, algumas horas depois, o Colégio Santa Marcelina, comunicou a comunidade acadêmica sobre a morte da funcionária e lamentou a situação. 

Durante o velório, a irmã Roseli Hart, diretora da escola, afirmou que a instituição está estudando como vão tratar a ocorrência com os alunos na volta às aulas."Soraya foi uma pessoa muito honrada por Deus nesse mundo, uma pessoa que só fez o bem. Com certeza cremos que ela está recebendo o prêmio pela semente boa que ela plantou e que nós, enquanto humanos, vamos fazer tudo que pudermos, no sentido da justiça".

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