Governo prevê aumento do turismo no Norte de Minas após título da Unesco
Parque Nacional Cavernas do Peruaçu agora é Patrimônio Natural Mundial e está situada entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões
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Com o título de Patrimônio Natural Mundial concedido ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no Norte de Minas Gerais, o governo estadual espera que o turismo na região aumente. A declaração foi dada pelo secretário de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, durante celebração na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite deste domingo (13/7). O evento contou com projeções de fotos do parque nos prédios do Circuito Liberdade.
A votação que aprovou a concessão do título internacional ao acervo de grutas, cavernas e pinturas rupestres, do Cânion do Rio Peruaçu ocorreu em Paris, na França, nesta manhã - à tarde, em horário local - durante a 47ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco. A decisão foi unânime, com os votos favoráveis dos 22 integrantes do comitê.
Minas Gerais já é o estado brasileiro com maior quantidade (quatro) de títulos de patrimônio cultural da humanidade conferidos pela Unesco: os Centros Históricos de Ouro Preto e de Diamantina, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos e o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte. Com o reconhecimento do Cânion do Peruaçu, o estado tem seu primeiro título de patrimônio natural.
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De acordo com Leônidas, em outros lugares em que o título foi recebido, houve um incremento de 100% do turismo. No caso do Vale do Peruaçu, por se tratar de passeios especializados, por ser focado nas riquezas naturais, o Governo de Minas espera que haja um aumento, “ainda maior”, na procura por pessoas de outros países.
“O fato de haver uma declaração, do porte dessa, da Unesco, de patrimônio do mundo, temos um incremento de fluxo de turistas. E, claro, antes de mais nada, já tínhamos a preservação nas esferas estadual e federal, e agora teremos uma preservação a nível mundial. É uma surpresa para a comunidade assim como para Minas, porque o título vai sendo feito pelos técnicos”, disse o secretário.
Para fortalecer os empreendimentos da região, o Sebrae, em parceria com o Governo de Minas Gerais, tem atuado para capacitar os empreendedores locais. “A gente trabalha com o Prepara Gastronomia, que é um projeto de preparar os restaurantes utilizando, inclusive, comidas típicas da região e também o Check-in Turismo, que prepara as pousadas para que receba os turistas. Agora, com esse título, a gente vai potencializar ainda mais essa parceira para levar essa capacitação”, afirmou Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas.
Impactos ambientais
O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu está situado entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, no Norte de Minas Gerais. A conquista do título envolveu 27 anos de luta para o reconhecimento, desde que a candidatura foi apresentada pela primeira vez em 1998.
A candidatura do conjunto de sítios arqueológicos ao título de Patrimônio Mundial Natural foi abraçada pelo governo federal, que informou que todas as etapas formais e exigências da Unesco no processo foram cumpridas pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com o apoio do Ministério das Relações Exteriores.
A União ressalta que a proposta do Cânion do Peruaçu, que alcança 38.003 hectares do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, “abriga o exemplo mais notável de um sistema fluvial até agora reconhecido e documentado no mundo, o que inclui um rio subterrâneo de 21 quilômetros de extensão. Trechos colapsados ao longo de seu curso subterrâneo revelam o rio em cerca de seis pontos. Essas seções desabrigadas formam impressionantes cânions com até 200 metros de profundidade”.
Para a secretária estadual de Meio Ambiente, Marília Melo, o reconhecimento demonstra para o mundo a importância das unidades de conservação. Ela afirma que Minas Gerais abriga 53 unidades de conservação e proteção integral. “O Peruaçu de fato tem uma beleza muito natural e muito específica daquela região. É o cerrado que está ali no Norte de Minas, junto com a caatinga e, especialmente, nossas veredas.”
Conforme a secretária, o Executivo estadual tem investido nas unidades de preservação, mas, a partir do título, fará uma “onda de desenvolvimento”. “Já temos nossa equipe do IEF (Instituto Estadual de Florestas), equipe do Ibama e toda a estrutura de recepcionar os turistas, porém a gente espera que isso traga uma nova onda de desenvolvimento como preservação. Temos os planos de manejo das nossas unidades de preservação que, inclusive, dizem como se deve desenvolver para garantir a preservação desse patrimônio.”
Astério Itabaiana Neto, presidente do Sindicato Rural de Januária e da Associação dos Sindicatos Rurais do Norte de Minas, conta que a comunidade recebeu a notícia do título de Patrimônio Natural Mundial da Unesco com muito orgulho e senso de responsabilidade. Para ele, o reconhecimento celebra a passagem e o legado milenar de povos que passaram pela região e registraram sua presença por meio das pinturas rupestres.
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“Como presidente do Sindicato Rural, também preciso destacar o papel fundamental dos moradores, das comunidades locais, dos nossos produtores rurais daquela região, que souberam trabalhar e produzir naquela terra com responsabilidade, que faz de Minas Gerais uma potência do setor agropecuário, mas também uma potência ambiental. [...] Estamos muito orgulhosos com isso de ter essa possibilidade de desenvolvimento econômico em uma região tão necessitada desse vetor de geração de riqueza e renda para nossa população”, disse Neto, durante evento de celebração na Praça da Liberdade, em BH.