FIM DAS OBRAS

BH: Café Nice deve inaugurar nova fase em julho

Após campanha para evitar o fechamento e a conquista de patrocínios, o estabelecimento concluirá as obras no próximo mês

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Depois de anunciar campanha para evitar o fechamento e mobilizar uma onda de saudade antecipada, o Café Nice será “reinaugurado” em um mês, após uma série de reformas realizadas sem interromper o funcionamento. O clássico da cidade permanece no mesmo endereço — que ocupa há mais de 80 anos — e vem recebendo melhorias na estrutura para continuar sendo o ponto da frenética Praça Sete, no Centro de BH, para uma pausa quente e acolhedora.

Em abril deste ano, o Nice lançou uma campanha de financiamento coletivo, convidando a população a ajudar a salvar o estabelecimento. A “Abrace o Nice” funcionou por meio da venda de uma linha de produtos personalizados (camisa, boné, sacola, caneca e cafés), com base em fotos históricas da marca ao longo do tempo. A meta era arrecadar R$ 30 mil por meio da campanha. A marca foi ultrapassada, totalizando R$ 39.730.

O plano para salvar a cafeteria também inclui o apoio de patrocínios, que ajudarão a custear as obras, cujo valor previsto é de R$ 280 mil. No final de abril, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) abraçou a causa. De acordo com o designer gráfico Rafael Quick, que possui histórico em resgatar espaços “esquecidos” na cidade, a verba será destinada ao conserto de equipamentos e à compra de novos. Além disso, o Banco Mercantil também entrou como patrocinador do negócio.

Segundo Douglas Issa, coordenador do projeto ao lado de Quick, já foram feitas reformas estruturais na laje, onde havia problemas de infiltração; pintura interna; instalação de nova marcenaria; banquetas; iluminação e elétrica. Além disso, manutenção em equipamentos como refrigeradores, fornos e compra de utensílios, como masseira elétrica e refresqueiras.

O projeto também prevê a construção de um painel com fotos que contam a história da cidade e uma nova configuração para a lojinha — chamada de tabacaria pelos frequentadores — que, hoje, é onde funciona o caixa. 

Vale ressaltar que as características originais da casa serão preservadas. “Manter a essência é um compromisso inegociável. Os significados do Nice estão nas paredes, nas fotos antigas, no balcão tradicional e até nos aromas que atravessam gerações”, afirma o também coordenador do projeto, Douglas Issa. Segundo ele, a previsão para o término das obras é em meados de julho.

Descentralização

Durante décadas, o Centro da capital mineira foi o núcleo da vida urbana, abrangendo bancos, cartórios, comércio e lazer. O Nice, localizado em uma das principais vias da cidade — a Avenida Afonso Pena —, era quase uma extensão da casa de muitos belo-horizontinos. Criado por Heitor Resende, o lugar também era parada obrigatória de políticos durante campanhas eleitorais. Já recebeu Juscelino Kubitschek, Lula, Dilma Rousseff, Itamar Franco, Tancredo Neves e Michel Temer, entre tantos outros, cujas fotos estão espalhadas pelas paredes.

Com o passar do tempo, no entanto, a Região Central foi se “esvaziando”. “A cidade era muito movimentada, muito cheia, então as gestões públicas começaram a descentralizar. Mas esvaziaram tanto que o Centro, hoje, está morrendo”, disse Renato Moura Caldeira, que está à frente do negócio junto ao irmão Tadeu, há 55 anos. A dupla herdou o espaço após o pai, Heitor, encerrar as atividades.

Ele conta que a pandemia também dificultou seu trabalho. “Ficou três meses fechado. Depois, funcionou só por delivery; em seguida, voltei aos poucos, mas respeitando o limite de pessoas dentro da lanchonete. Para complicar mais, veio a tecnologia, que afasta ainda mais o público que vinha resolver a vida aqui e aproveitava para tomar um café. ‘Quem vem aqui hoje é porque gosta mesmo. A maioria sumiu’, lamenta Renato. Foi nesse pano de fundo que o Café Nice, no ano passado, quase teve suas portas fechadas.”

Resultado do carinho

A “reinauguração” simbólica, que representa a conclusão das obras, é resultado do carinho que o lugar inspira. Quando o quase fechamento veio à tona, a resposta foi imediata: uma mobilização espontânea de clientes fiéis, vizinhos e defensores da história viva de BH.

Agora, a expectativa pelo Nice “novo em folha” cresce entre o público que acompanhou cada etapa da reforma e entre os curiosos para ver como ficará o espaço. João Víctor Plá conheceu o Café por causa dos pais e avós, e começou a frequentar quando foi trabalhar no Centro, em 2023. Ele espera que, com o fim das reformas, o lugar atraia mais pessoas.

“Espero que o público consiga aproveitar o que o Nice oferece. Além disso, que ele ganhe um toque de modernidade, porque é necessário se reinventar, mas, ao mesmo tempo, sem perder a essência e os traços históricos”, compartilha ele. 

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Já a expectativa de Angela Eulália dos Santos, que tem o café como parada obrigatória para o lanche, é que os produtos não percam a qualidade e que o atendimento continue acolhedor. Ela também comemora a instalação das banquetas. “Era o meu sonho tomar o meu café sentada. Vai ficar maravilhoso. Também espero que ele dure para sempre e continue com a mesma essência”, destaca ela.

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