Santa Luzia: fechamento do Hospital São João de Deus é suspenso
Prefeitura afirma que pagamentos de antigas dívidas e os repasses deste ano estão em dia. Insituição tem dívida de R$ 6,5 milhões
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Siga noUm entendimento, na tarde desta sexta-feira (14/3), entre a Prefeitura de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e a direção do Hospital São João de Deus, no Centro Histórico da cidade, suspendeu a intenção, por parte da unidade de saúde filantrópica 100% SUS, de fechar as portas e encerrar o atendimento à população. "O objetivo de fechar o hospital está suspenso", disse, às 16h, o presidente (prior) da Irmandade São João de Deus, o advogado Frederico Orzil.
Pela manhã, em entrevista ao Estado de Minas, Orzil falou sobre as dificuldades existentes e que era impossível continuar com a prestação de serviços ao município de 220 mil habitantes.
"Não temos mais condições de manter o São João de Deus em funcionamento. Os 286 funcionários não recebem há quase um mês, e os 120 médicos terceirizados, há quase dois meses. Também os fornecedores não recebem há quase três meses. A dívida do hospital, computados salários, encargos e juros, atinge R$ 6,5 milhões", lamentou o presidente da entidade filantrópica que administra o hospital dono de quase 200 anos de história."
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Sem saída, Orzil declarou: "Não temos insumos, não temos dinheiro para nada... nem para comprar um pãozinho." Atualmente, o hospital tem internados quatro pacientes no CTI (Centro de Terapia Intensiva) e quatro na enfermaria. Também pela manhã, Orzil conversou com representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sintra-BH) comunicando o propósito de fechamento e, à tarde, após entendimento com o prefeito, Paulo Henrique Paulino e Silva, o Paulo Bigodinho, comunicou aos funcionários a suspensão do fechamento do hospital.
Repasse de recursos
Paulo Bigodinho concederia entrevista coletiva, à tarde, para tratar do assunto, mas preferiu emitir nota assegurando o repasse de recursos ao Hospital São João de Deus. "Desde o início da atual gestão, foi identificada uma dívida acumulada de aproximadamente R$ 5,5 milhões, oriunda de serviços prestados e não pagos pela administração anterior. Com responsabilidade e compromisso com a população, a atual gestão já quitou mais de R$ 3 milhões desse passivo apenas neste ano, mesmo diante de dificuldades orçamentárias e burocráticas."
Com informações da Secretaria Municipal de Saúde, o prefeito esclareceu "que não há atraso nos pagamentos dos serviços prestados no exercício de 2025, e que os repasses continuam sendo realizados de forma programada e dentro da ordem cronológica estabelecida por lei". E que "o valor referente ao mês de janeiro já está devidamente provisionado e será pago conforme previsto."
No final, o prefeito destacou que "o Hospital São João de Deus é um prestador de serviços ao município, e não está sob gestão direta da Secretaria de Saúde". Ainda assim, acrescentou, "a prefeitura reafirma seu compromisso em garantir a continuidade do atendimento à população e a valorização dos serviços prestados pela unidade hospitalar."
Reabertura
Em abril de 2020, após cinco anos fechado, o Hospital São João de Deus foi reaberto, impulsionado pela pandemia. Em 12 de abril daquele ano, foi concluída a primeira fase das obras para funcionamento da unidade de saúde filantrópica. O espaço, conforme constataram as autoridades, estava abandonado e com sérios problemas estruturais, elétricos e hidráulicos. Os ambientes foram esterilizado para receber, então, 50 leitos para atendimento às vítimas da COVID-19.
Em 13 de março de 2020, o então prefeito Christiano Xavier decretou emergência pública em saúde no município. Conforme a nota divulgada naquele dia pelo chefe do Executivo, “antes de o vírus ser notificado no Brasil, o município já vinha se preparando para o enfrentamento da doença capacitando médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam nas unidades de saúde, urgência e emergência, centro de consultas especializadas, hospital e Secretaria Municipal de Saúde”.
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Naquela data, o EM publicou: "A Prefeitura de Santa Luzia promoveu uma força tarefa para adiantar as obras. A parte onde estão instalados os leitos ficará separado do prédio, pois o hospital seguirá em obras até que possa funcionar em sua totalidade".