Traslado de corpos de duas vítimas de tombamento de ônibus foi feito por funerária de cidade próxima ao local do acidente  -  (crédito: Google Street View / Reprodução)

Traslado de corpos de duas vítimas de tombamento de ônibus foi feito por funerária de cidade próxima ao local do acidente

crédito: Google Street View / Reprodução

Familiares de duas vítimas que morreram no acidente envolvendo um ônibus na MG-120, próximo à cidade de São Pedro do Suaçuí, na Região do Vale do Rio Doce, ainda não conseguiram enterrar seus entes queridos, mesmo com a liberação dos corpos pelo Instituto Médico Legal (IML).

 

Apesar de as despedidas estarem marcadas para acontecer nesta quinta-feira (18/4), elas tiveram que ser adiadas quando uma das famílias percebeu que as duas vítimas foram trocadas.

 

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Aparecida Maria Pires, de 51 anos, estava no coletivo de viagem com o filho, de 7 anos, que ficou ferido. Ela é uma das sete pessoas que não resistiu aos ferimentos e faleceu. Moradora de Belo Horizonte, seu velório estava marcado para acontecer na tarde de hoje no Cemitério da Saudade, na Região Leste da cidade.

 

Em entrevista à reportagem, Liliam Reis, sobrinha da vítima, contou que a Funerária São João, de São João Evangelista, cidade próxima ao local do acidente, foi contratada pela família para fazer o traslado para BH. Antes mesmo do corpo chegar ao cemitério, a família soube da confusão.

 

 

“O que soubemos é que a família de outra senhora, que também morreu no acidente, descobriu a troca no momento do velório. Quando eles falaram com a funerária, eles conferiram e viram a troca dos corpos. A outra vítima já estava a caminho de Belo Horizonte, mas não chegou ao Cemitério da Saudade”, explica Liliam.

 

De acordo com a sobrinha de Aparecida Maria, ao ser questionado, o responsável pela funerária, que estava em contato com a família de BH, afirmou que para que um novo traslado fosse feito seria necessário efetuar um novo pagamento. Além disso, a empresa não teria dado informações claras sobre a localização do corpo parente.

 

“Quando nós tentamos resolver a situação, eles disseram que como o serviço já tinha sido feito, e um corpo enviado para BH, nós teríamos que pagar mais uma vez o valor do transporte. Mesmo a gente questionando e afirmando que o erro foi deles, com muita ignorância e rispidez, eles afirmaram que a culpa foi nossa que não soubemos fazer o reconhecimento direito”, desabafa a sobrinha.

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Para evitar mais dores de cabeça, a família de Aparecida contratou uma nova empresa para trazer seu corpo para casa. A previsão é que o velório aconteça nesta sexta-feira (18/4). A reportagem procurou a Funerária São João, mas até a publicação desta matéria a empresa não havia se posicionado.

 

Por meio de nota, a Polícia Civil, responsável pelo IML, informou que os corpos de todas as vítimas do acidente foram encaminhados para o Posto Médico-Legal de Guanhães, onde “foram submetidos aos exames periciais e liberados”.

 

A instituição ainda afirmou que nesta manhã teve conhecimento, por meio de familiares, da troca dos corpos de duas mulheres e “imediatamente” adotou as medidas cabíveis para o “devido esclarecimento dos fatos e atribuição de responsabilidades”.

 

O acidente

 

Sete pessoas morreram e outras 16 ficaram feridas em um acidente envolvendo um ônibus de viagem, na MG-120, próximo à cidade de São Pedro do Suaçuí, na Região do Vale do Rio Doce, na madrugada de ontem. Duas vítimas eram naturais de Belo Horizonte.

 

À polícia, o motorista afirmou que tentou desviar de alguns cachorros que atravessaram a rodovia e, na tentativa de desviar, perdeu o controle do ônibus. O ônibus saiu de Belo Horizonte e seguia sentido Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha.

 

Dezesseis pessoas, entre elas o motorista, foram encaminhadas pelo Corpo de Bombeiros e por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital São João Evangelista, na cidade de mesmo nome, também no Vale do Rio Doce. Elas tinham ferimentos diversos e fraturas. Cinco pessoas ficaram presas às ferragens do veículo. A princípio, as vítimas não correm risco de morte.

 

Conforme informações repassadas pelo Corpo de Bombeiros, depois que o motorista perdeu o controle do veículo, o ônibus desceu uma ribanceira e tombou à margem da pista. Vídeos publicados nas redes sociais mostram o veículo caído em bambuzais e destroços espalhados na pista. A tragédia ocorreu por volta das 3h30, e o coletivo destombado por volta das 14h30. O carro foi encaminhado para a cidade de Guanhães, onde ficará à disposição da Polícia Civil.

A Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) afirmou que a Sampaio Turismo, responsável pelo veículo, não possui concessão para operação de linha intermunicipal entre Belo Horizonte e Minas Novas.

 

De acordo com o órgão, a empresa é cadastrada no Departamento de Estradas e Rodagens (DER-MG) para realização de viagens eventuais de transporte fretado, ou seja, “serviço de transporte de passageiro, não aberto ao público, prestado para grupo fechado de pessoas por meio de contrato e prévia autorização.

 

A Sampaio Turismo, por outro lado, no dia do acidente, afirmou ser legalizada e ter autorização do estado para realizar as viagens. Ainda de acordo com a empresa, o motorista que dirigia o veículo também tem a documentação exigida.

 

A perícia da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) esteve no local do acidente a fim de realizar o levantamento do número de vítimas, além da coleta de vestígios que irão subsidiar a investigação. A equipe da PCMG apura as circunstâncias e a causa do acidente.