MPMG ainda investiga policial penal por ajudar PCC  -  (crédito: Ismael Cristiano/Divulgação)

MPMG ainda investiga policial penal por ajudar PCC

crédito: Ismael Cristiano/Divulgação

A operação Decretados prendeu mais de 100 pessoas nesta quinta-feira (18/4), no Triângulo Mineiro e no estado de São Paulo. A mulher de um detento de Uberlândia, que seria a informante da facção no plano de assassinar um policial penal, está entre os presos.

 

Ainda segundo o Ministério Público de Minas Gerais, a investigação também mira a corporação, pois um servidor é suspeito de danificar o scanner corporal para facilitar a entrada de drogas no presídio.



As investigações ocorrem desde 2020 e apuraram que o Primeiro Comando da Capital (PCC) recebeu, no interior da ALA E do Presídio Professor Jacy de Assis - Uberlândia, remessa de drogas e aparelhos celulares, tendo em vista que o scanner estava com defeito.



Tanto as polícias quanto o MP confirmaram que os 116 mandados de prisão tiveram êxito, seja para nova ordem de prisão de detentos quanto de pessoas investigadas fora do presídio Uberlândia I. Os levantamentos ainda demonstraram a existência do plano de assassinato, que contava com ajuda de pessoas de fora da unidade prisional.



“Foi alvo de busca e apreensão e de prisão da mulher responsável por seguir o policial penal, que identificou a residência dele, tirou foto e essa fotografia do policial foi encaminhada para o presídio em que estava com o líder do PCC na região. O plano de executar o policial não só foi idealizado como iniciou o ato de preparação para dar sequência a esse atentado”, disse o promotor Thiago Ferraz.



Entre os presos estão também detentos do pavilhão investigado, os quais se identificam como faccionados. E também pessoas que ainda nem tinham passagens policiais e que agiam a mando de membros presos do PCC. Dentro desse grupo havia ainda mulheres de detentos que agiam dentro do esquema montado pela facção criminosa.

 

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Policial investigado


Existe a suspeita de que um policial penal, ainda em 2021, tenha danificado o scanner corporal como parte do plano do PCC de que drogas e celulares pudessem ser levados para dentro do Presídio Uberlândia I. Segundo a promotoria, esse dano, inclusive, foi flagrado em vídeo.



“Nós temos outras operações em andamento, como a Operação Celular Zero, para evitar o ingresso de aparelhos celulares dentro do presídio. O que chamou a atenção da gente é que um equipamento body scan foi danificado dentro do sistema prisional, e aí acendeu nosso alerta. A partir disso, a gente começa a levantar mais suspeitas do que pode estar entrando no presídio”, disse Ferraz.



As investigações apontam que a droga que entra na unidade prisional é utilizada como câmbio local, o que se verifica em todas as frentes de atuação do “comando”. Assim, toda dívida criada pelo comando era convertida primeiro em droga e, após, em moeda real.

 

A Polícia Penal acompanha o caso. O investigado não foi detido e ainda não tem indiciamento feito.

A operação

 

Durante as ações da operação Decretados, deflagrada em Uberlândia, Tupaciguara e Ituiutaba e também do estado de São Paulo, foram apreendidas várias porções drogas, quatro aparelhos celulares e anotações com cadastro de presos faccionados e levantamento dos setores que a facção criminosa comanda dentro do presídio de Uberlândia, como venda de drogas, aluguel de quadra de futebol, apostas de partidas de futebol entre outros.



Conforme as investigações, a organização criminosa mantinha uma verdadeira rotina de empresa, com rígido controle dos faccionados, por meio da denominação “cara-chachá”, com menção ao nome do integrante, data de nascimento, idade, nome da mãe, data e local do batismo, vulgo de batismo, origem da “quebrada”, funções ocupadas, presídio onde o faccionado estava recluso, se possui dívida com o PCC, se foi punido pela facção em alguma oportunidade e posto atual.



Conforme o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os elementos de provas colhidos revelam que os faccionados eram divididos em núcleos, os quais servem para distribuir as tarefas e permitir que os integrantes que atuam na disciplina possam acompanhar os andamentos dos trabalhos da organização criminosa.



A ação envolveu quatro promotores de Justiça, dois delegados da Polícia Civil e 20 policiais, 30 policiais militares e 21 agentes do Gaeco, além do apoio da Polícia Penal. A operação contou, ainda, com um helicóptero e 27 viaturas.