O Jota Quest sempre fez questão de dizer que Tim Maia (1942-1998) era seu padrinho. Vinte e sete anos depois da morte do cantor e compositor, os afilhados dividem com ele um clássico de seu repertório: “Acenda o farol”. Com as vozes de Tim e Rogério Flausino, o single clipe chegou às plataformas no início deste mês. Carmelo Maia, filho dele, autorizou a “parceria”.
“Jota Quest & Tim Maia – Acenda o farol” é só o começo do que vem por aí. Em abril de 2026, a banda vai lançar álbum com 12 faixas dedicado ao “Síndico”. A novidade faz parte das comemorações dos 30 anos do Jota e de seu disco de estreia, “J. Quest” – aquele das perucas, inspirado na black music.
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Encerrada a turnê dos 25 anos, com shows em todo o país, a banda tratou de descansar. Agora, começa a planejar a festa dos 30. “Pensamos: vamos masterizar e relançar o disco ‘J. Quest', fazer um vinil, um show... Legal, mas e o que mais?”, revela Flausino. Pensou-se em baile black, algo diferente. Surgiu, então, a ideia de homenagear Tim Maia.
Foi o baixista P. J. quem pegou o boi pelo chifre e começou a produzir os singles. “Ele fez o primeiro, ‘Acenda o farol’, em seguida fez outro e mais outro, até que surgiu a ideia do EP. Aí, pensamos: vamos fazer um disco inteiro de releituras do Tim Maia. Já estamos com nove músicas prontas e mais três na agulha. A ideia é lançar em março, no mais tardar início de abril”, diz Flausino.
Selecionar as canções entre tantos hits do padrinho desafiou o Jota. “Fomos pelo coração mesmo, escolhemos 12. Não vou revelar o repertório inteiro para não estragar a surpresa, mas tá ficando legal demais da conta”, garante Rogério.
A banda trouxe Carmelo Maia, filho de Tim, a seu estúdio em BH. “Mostramos algumas músicas para ele, que escutou tranquilo e até chorou de emoção. O legal é que em algumas tivemos a autorização dele para utilizar as vozes originais do Tim.” Daí veio o dueto de “Acenda o farol”, lançada originalmente no disco “Tim Maia Dance Club”, em 1978.
É luxo só
É um luxo ter acesso ao material e à voz de Tim Maia. “A gente está fazendo tudo com o maior respeito possível. Não é reinventar a roda, muito pelo contrário. Amamos Tim e as versões originais das músicas dele, principalmente aqueles clássicos do início dos anos 1970”, afirma Flausino.
“Sempre partimos dos fonogramas originais. Vamos agregando, colocando um Jota Quest aqui e ali. Estamos regravando cordas, vocal, tudo. P. J faz um trabalho maneiro de refação de bases, coloca batida com timbre mais atual ou de repente um looping que não tinha. Porém, vamos manter a alma de Tim Maia”, promete Flausino.
Tim Maia é considerado pelos músicos do Jota Quest o padrinho da banda mineira
O vozeirão do Síndico não estará em todas as faixas. “Nem todas as músicas consigo cantar no tom dele. Se você altera a voz do Tim, não fica legal, e a gente não quer assim de jeito nenhum. Isso balizou a escolha das músicas”, explica o vocalista. “Pegamos aquelas cujo tom não precisaríamos mudar. Em ‘Acenda o farol’, estou cantando no tom dele.”
IA passou longe
Rogério Flausino avisa: a banda não usou inteligência artificial (IA). “Decidimos trabalhar só com as fotos e os vídeos do Tim à disposição. Esta é uma das filosofias do nosso projeto.”
Novo single pode vir por aí. “Que beleza”, “Você” e “Vale tudo” já estão prontos. “Pensamos em uns convidados também, mas não vou dar spoiler”, diz Flausino.
Os planos para 2026 são retomar o disco “J.Quest”, que pode ser remasterizado e ganhar faixas extras, além de levar a releitura de Tim para o palco. A ideia é fazer shows – não turnê como a dos 25 anos. Isso fica para 2027.
A banda cogita fazer residência em local fixo, com o espírito dos anos 1970/1980. “Um ambiente que lembre as coisas de que a gente gostava, como o extinto bar Drosophyla, em BH”, diz ele. “Podemos começar por São Paulo, depois Rio de Janeiro, vamos ver...”
“ACENDA O FAROL”
• Single clipe da banda Jota Quest, com participação de Tim Maia. Disponível nas plataformas musicais.
