Cinema

Filme revela a obstinação e o talento do pianista mineiro Moisés Mattos

Documentário '3 atos de Moisés', em cartaz no UNA Belas Artes, mostra como o rapaz humilde de Juiz de Fora se tornou artista respeitado na Europa

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Entra em cartaz nesta quinta-feira (4/12) o documentário “3 atos de Moisés”, dirigido por Eduardo Boccaletti, sobre a trajetória do pianista Moisés Mattos, nascido em Juiz de Fora. Desde muito jovem, o artista cultivou determinação sem igual para superar o preconceito, a homofobia e a pobreza. Formado na Universidade de Bremen, na Alemanha, o mineiro vem tocando em grandes salas da Europa.

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Produzido pela É Pra Ontem Filmes e distribuído pela Pipa Pictures, o documentário se estrutura em três pilares: à vida do jovem Moisés na cidade natal, sua trajetória na Alemanha e o retorno triunfante a Juiz de Fora.

“Tudo começou porque a produtora que idealizou a história, Carolina Pernisa, também é de Juiz de Fora. Sua mãe teve contato com André Pires, professor de Moisés, que lhe falou sobre o artista”, explica Boccaletti.

Pole position

A mãe sugeriu a Carolina que levasse aquela história para o cinema. “Nós trabalhávamos em uma produtora e queríamos fazer algo autoral. Eu tinha algumas ideias sobre sinopses e roteiros, além de coisas já prontas. Quando veio a história de Moisés, ela ganhou a pole position na hora”, relembra o cineasta. Porém, não havia estrutura e recursos para rodar o filme.

“Mas era uma história que gritava naquele momento”, diz Boccaletti. Ele e Carolina conversaram com Moisés e o convenceram a fazer o documentário.

O projeto começou por meio de financiamento coletivo. À “vaquinha virtual” juntaram-se familiares e amigos. “A gente também investiu recursos próprios para irmos à Alemanha”, diz Eduardo.

“Chegando lá, conseguimos passagens interessantes sobre ele. A sorte é um elemento com que a gente tem de contar sempre. Lá, conseguimos muitas coisas interessantes para o filme, como o encontro do Moisés com a pianista Martha Argerich, uma celebridade mundial.”

Além do talento, é preciso destacar a dedicação e a obsessão do artista pela prática diária, observa Boccaletti. “Ele tem um carisma excepcional, é uma pessoa amorosa e muito aberta, então 'arrasta' a audiência naturalmente. Você o vê e logo quer saber mais da história dele. Muito dócil, em tudo o que Moisés fala transborda amor.”

Prova de tamanho carisma é o fato de o teatro onde Moisés defendeu o bacharelado, na Universidade de Bremen, ficar pequeno para a quantidade de gente que o acompanhava. “Não coube todo mundo”, conta Eduardo.

A história do filme começou da vontade de Carolina Pernisa, em 2018. “Já tem sete anos que estamos nessa estrada, agora conseguimos a distribuição e chegar aos cinemas”, observa o diretor.

As filmagens ocorreram em Juiz de Fora e na Alemanha. “Moisés mora em Bremen, cidade-satélite de Hamburgo, vai e volta diariamente de trem, filmamos esse deslocamento. Você tem o roteiro, a condução do que achava ser o fio condutor. Porém, o elemento constante que ficou no filme foi o movimento”, revela o cineasta.

“O movimento e o deslocamento existencial dele são notáveis”, ressalta. “Começa andando em um bairro pobre de Juiz de Fora e parece que nunca para, pois na Alemanha anda para ir dar aula. Então, o movimento costura o filme todo.”

Mattos também compõe. Um trecho de sua música é o clímax do filme. “O recital dele em Juiz de Fora foi impressionante: tocou por mais de duas horas Chopin, Schubert e Rachmaninoff, obras extremamente complexas” diz Boccaletti.

“Você sente a emoção da vida dele nos intervalos das notas. Uma coisa é ser virtuoso e ter agilidade grande nos dedos, conseguir notas difíceis, Outra coisa é passar emoção com a música. Ele faz muito bem isso, algo perceptível até mesmo para o leigo.”

Amor obstinado

Mostrar o trabalho de Moisés Mattos para o Brasil e o mundo deixa o cineasta feliz. “O filme não é muito sobre ato heroico, é mais sobre essa grande determinação. Mostramos que ele é obstinado e nunca admitiu outra alternativa. É um amor obstinado, nunca teve plano B. Vem de família extremamente pobre, além de ter sofrido preconceito pela cor da pele e pela orientação sexual”, ressalta o documentarista.

Nem o preconceito da família abalou Moisés. “Ele tinha como norte a vontade de ser um grande pianista. Espero que o filme transmita a beleza dessa determinação e do que isso gera na pessoa. Não é história como a de Cinderela, do milionário da música, pop star mundial. Ele se edificou como pessoa. Se transformou em solista, mestre por uma universidade conceituada da Europa. É muito bonito ver essas grandes conquistas”, conclui Eduardo Boccaletti.

“3 ATOS DE MOISÉS”


Brasil, 2025, 73 min. Documentário de Eduardo Boccaletti sobre o pianista Moisés Mattos. Em cartaz na Sala 1 do UNA Cine Belas Artes, às 14h.

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