Cinema infantil

Criadora de 'Peixonauta' dirige animação sobre imigração japonesa

Filme 'Eu e meu avô Nihonjin', em cartaz em BH, aborda histórias e desafios enfrentados pelos nipônicos e seus descendentes no Brasil

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Noboru é uma criança brasileira de 10 anos descendente de japoneses que precisa fazer dever escolar. Ele deve apresentar para seus colegas a história de sua família. Só que, para isso, terá que passar as tardes após o período letivo com Hideo, seu avô rabugento e monossilábico.

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A animação “Eu e meu avô Nihonjin”, em cartaz em Belo Horizonte, acompanha os encontros dos personagens que revisitam o passado da família, inclusive revelando a existência de um integrante até então desconhecido pela criança.


Noboru aprende sobre a imigração de seus antepassados para o Brasil no início do século 20, os desafios que enfrentaram e também identifica traços semelhantes em sua vivência como nipo-brasileiro, como o fato de ele e o tio odiarem que os chamem de “japa”.

Entre aprender uma palavra ou outra, ter conflitos intergeracionais com o patriarca e degustar um udon preparado por sua “batchan” (avó em japonês), as conversas diárias oferecem um caminho para uma relação aprofundada e empática.


Durante boa parte do filme, a narração fica a cargo de Hideo (dublado por Ken Kaneko), o que traz ritmo mais lento para a trama, em flashbacks contemplativos. Nesta era de animações infantis frenéticas, com poucos espaços para respiros, o longa vem na contramão, oferecendo outra cadência.

“Resolvi encarar o desafio de fazer um filme que, do ponto de vista do mercado, não é uma aventura muito louca e cheia de trapalhadas, aquela coisa que vende, porque sou super contra subestimarmos a capacidade da criança de entender histórias mais complexas”, diz a diretora Célia Catunda.


A criadora de “O show da Luna” e “Peixonauta” defende que os dramas dos mais novos precisam ser levados em consideração nas produções, assim como dar destaque para questões psicológicas, familiares e identitárias para além do universo da brincadeira e fantasia.


Livro premiado

O filme adapta o romance “Nihonjin”, de Oscar Nakasato, vencedor do Prêmio Jabuti em 2012. O autor cita que, no processo, cenas como as de adultério e assassinato foram retiradas. “Eles conseguiram levar para as telas a essência de algumas questões relacionadas à imigração japonesa, o trabalho duro na fazenda de café, a dificuldade durante a Segunda Guerra pelo fato de o Japão pertencer a um dos países do Eixo”, diz Nakasato.

Outro elemento de adaptação foi na direção de arte, inspirada na obra do pintor Oscar Oiwa. Além das paisagens rurais inspiradas no interior de São Paulo e das cenas urbanas, alguns recursos do traço do artista foram essenciais para evocar o universo onírico do avô de Noboru, diz Catunda.


É o caso do estudo de luz nas folhas das árvores ou de transições que brincam com elementos da cultura japonesa, a exemplo do tofu que se transforma em ônibus. "A memória vai se constituindo dessas pequenas partículas", explica.


O ator japonês Ken Kaneko, de 90 anos, que se mudou para o Brasil em 1960, afirma que se identificou com o roteiro desde a primeira vez que o leu. Para ele, isso permitiu que a dublagem fluísse de forma natural, sem precisar forçar um sotaque.

Estreante na dublagem de voz original, Pietro Takeda, de 11, é quem faz Noboru e também tem ascendência japonesa. “A mensagem central do filme é o respeito”, afirma, destacando que o neto passa a valorizar seu “ditchan” (avô em japonês) após entender sua história.


Kaneko integrou outras produções que abordam o tema da imigração nipônica (como “Gaijin – Os caminhos da liberdade”, de Tizuka Yamasaki, e “Corações sujos”, de Vicente Amorim). Para ele, o filme fica como uma espécie de herança para as novas gerações de nipo-brasileiros que não têm conhecimento sobre o que os primeiros imigrantes vivenciaram.


“Claro que tem diferenças, mas, mesmo assim, tem amor. Esse amor não desaparece. Mesmo que o netinho não fale japonês”, diz Kaneko. (Susana Terao)


“EU E MEU AVÔ NIHONIJIN”
(Brasil, 2025, 84min.) Animação. Direção de Célia Catunda. Em cartaz em salas das redes Cineart, Cinemark e Cinépolis.

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