Pedro Andrade aborda a paternidade gay na série que estreia hoje na HBO
Seriado discute tabus sobre barriga de aluguel, mostrando a jornada do repórter brasileiro e do companheiro para serem pais
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Isabel é uma menina linda de 1 ano e nove meses. Nascida no Havaí, ela tem dois pais, o brasileiro Pedro e o americano Benjamin. Eles só conseguiram realizar seu sonho graças a Whitney. Casada com um membro da Guarda Costeira americana, já era mãe de Branson e Brooklyn, quando decidiu que seria barriga de aluguel. Isabel, ou Izzy, como Whitney a chama, é o segundo bebê que ela teve para ajudar outro casal.
Com estreia hoje (21/10), no canal HBO e na plataforma HBO Max, a minissérie “Um tanto familiar com Pedro Andrade” conta a história de todas essas pessoas. E muitas mais, gente da China, da Itália, do Japão. Gente com famílias amorosas que fogem da definição do dicionário – “pai, mãe e filho” –, como Pedro Andrade destaca no capítulo de estreia.
Quantos tipos de família podem existir? É um mundo de possibilidades. A partir da trajetória pessoal do apresentador e jornalista desde antes da concepção de Isabel, a série dirigida por Tatiana Issa e Gustavo Nasr mostra outras histórias que tratam, sobretudo, de inclusão e diversidade.
“Fala de matriarcado, de ser pai ou mãe mais velho, de adoção. Acho que ela é importante diante do momento, político e social, que a gente está vivendo no mundo”, comenta Tatiana.
“Quem vive com medo vive pela metade. É um clichê, mas realmente acredito nisso. E tive esse impulso, essa coragem de ser transparente, de abrir as portas não só da minha casa mas da minha intimidade”, comenta Pedro Andrade, que começou, antes mesmo de fechar com a HBO, a pensar em um projeto sobre a própria paternidade.
Curiosidade
“O projeto é dividido em dois, na verdade. O primeiro foi a decisão de ser pai e o segundo foi a decisão de compartilhar isso com o mundo”, diz ele. Ao longo de sua trajetória na TV, Andrade procurou trabalhar com temas que lhe despertavam curiosidade.
“Uma das pautas, convenientemente, e de uma maneira um tanto egoísta, foi como ser pai. Queria muito explorar outras formas de criar uma família. Fiquei muito chocado com a falta de informação, pois as pessoas não sabem quanto tempo leva para um casal gay adotar uma criança, não entendem que a barriga de aluguel e a doadora de óvulos são duas mulheres distintas. Sem contar que cada país vê essas maneiras de um jeito diferente.”
A série intercala dois universos. Trata da história de Pedro, Ben e Isabel, e também de outras famílias. Já no primeiro episódio conhecemos outro casal gay que teve uma filha. Eles são italianos, e o governo de Georgia Meloni aprovou, em 2024, legislação proibindo que casais viajem para países onde a prática é legal (como os EUA e o Canadá) para ter filhos por meio de barriga de aluguel.
“Noventa e sete por cento do mundo vê o que eu fiz como algo ilegal. É raríssimo você encontrar um país que permita a barriga de aluguel. Mas a gente quis, com a série, mostrar de maneira aberta e transparente o que é a minha realidade e o que são as outras”, continua Pedro Andrade.
Tudo acertado com a HBO e a Producing Partners, a equipe, que já havia trabalhado com Andrade em outros projetos audiovisuais, ficou lado a lado com ele. Tatiana estava presente no parto de Isabel, mostrado no início da série.
A família de Whitney também está muito presente na história. Ela fala para a câmera das motivações que a levaram se tornar barriga de aluguel depois de ter os próprios filhos. Mulheres que aceitam gerar filhos de outros casais não têm, necessariamente, que conhecê-los. Foram Pedro e Ben que decidiram encontrá-la. “Quando a conheci, me dei conta de que a Whitney tinha eloquência, maturidade e estrutura emocional.”
Só depois do OK dela o projeto de série saiu do campo das ideias. “No momento certo, perguntei como ela se sentiria se expondo. É óbvio que se a Whitney tivesse dito não, a gente não estaria aqui. Ao longo da série, a gente vê que ela é uma mulher independente, bem-casada, segura, muito inteligente e capaz de ser a voz que fala sobre uma história muito maior do que a minha e a dela própria. Ela foi uma peça fundamental desse quebra-cabeças, pois conhecendo a Whitney a gente quebra tantas ideias falsas sobre por que uma pessoa decide virar barriga de aluguel.”
Emoção
Gerente de conteúdo de não ficção da Warner Bros. Discovery, Marina Pedral chama a atenção para o tempo real em que a narrativa se desenvolve. “É um elemento muito poderoso que mostra como a gente constrói uma narrativa emocionante, com reviravoltas.”
Pedro Andrade finaliza: “A gente sabia que a única maneira de a série ser o que sonhamos foi que ela pudesse ser em tempo real, pois se tivéssemos de recriar as emoções, não conseguiríamos com a honestidade que mostramos. As lágrimas que você vê, as ansiedades, elas são verdadeiras”.
“UM TANTO FAMILIAR COM PEDRO ANDRADE”
• A série, com oito episódios, estreia hoje (21/10), às 21h30, no canal HBO e na HBO Max. Novos episódios às terças.