ARTES VISUAIS

Mãe e filho abrem a exposição 'Descendência' no Centro de Arte Popular

Cristiana Nepomuceno e Rodrigo Soares dividem a paixão pela arte, mas destacam as diferentes perspectivas na produção

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Cristiana Nepomuceno e Rodrigo Soares, mãe e filho, compartilham não apenas a profissão, dividindo um escritório de advocacia, mas também a paixão pela arte. A veia artística foi herdada pela dupla do tio-avô de Cristiana, natural de Patos de Minas, que se dedicava a quadros e esculturas.


“Eu me tornei advogado, assim como a minha mãe, mas nós nascemos artistas. Para viver de cultura no Brasil, da arte em geral, você tem que querer muito. Só que essa é a maneira que a gente consegue honrar o nosso talento. Presente como esse não se nega”, ressalta Rodrigo Soares.

Nesta semana, os dois inauguraram a exposição conjunta “Descendência: Alteridade e transformação do olhar”, em cartaz no Centro de Arte Popular, no complexo da Praça da Liberdade, até 23 de fevereiro. A mostra, com curadoria de Fabiano Lopes, explora os diferentes olhares para a arte e o modo como duas gerações se conectam por meio de uma vocação compartilhada.


As obras expostas são em sua maioria pinturas, exceto por uma peça em cerâmica feita por Cristiana, na qual reimagina as bonecas do Vale do Jequitinhonha. Para ela, desde a infância, a arte é uma forma de expressão pessoal, mais do que busca por precisão técnica. Ao retratar principalmente elementos da natureza, apresenta a própria perspectiva do objeto e o destaca com cores vibrantes.


“A pintura é diferente de uma foto, por exemplo, porque é a minha forma de enxergar o que se destaca. As cores surgem na hora em que estou criando. Pode ser que se os quadros fossem pintados em outros dias, as cores teriam outro estilo, porque sigo o que o momento pede”, explica Cristiana.

Desenho

 No caso de Rodrigo Soares, a trajetória artística começou pelo desenho, que o levou às pinturas com tinta a óleo. Suas obras, algumas criadas exclusivamente para a exposição, têm como foco o retrato humano e as nuances do olhar. Em rostos que misturam imaginação e elementos reais, ele apresenta maior detalhamento do que a mãe.

“O rosto humano sempre me intrigou, ainda mais pelo olhar. Para mim, ele é a janela da alma, que consegue transmitir uma ideia e um sentimento melhor do que qualquer outro retrato”, observa.

 Retratos pintados por Rodrigo Soares expostos em galeria

Obras do pintor Rodrigo Soares têm como foco o retrato

Renata Garbocci/Divulgação

Na relação entre os trabalhos, mãe e filho percebem semelhanças e diferenças, enquanto reconhecem que a interpretação final cabe ao público que visita a exposição. O tempo dedicado à arte, porém, é apontado como o principal divisor entre o estilo de ambos.


Cristiana admite que sua paciência para processos demorados, como a secagem da tinta a óleo, é limitada. “Hoje, pinto mais com tinta acrílica porque seca rápido. Não preciso esperar para criar como seria com a tinta a óleo. As minhas obras são mais focadas na vontade espontânea do artista. Já as do Rodrigo são bem mais especializadas e enriquecidas do que as minhas.”

Paciência

Rodrigo, por outro lado, encara essa diferença como prova de experiências distintas. “Todo artista tem aquele grau de loucura, de não respeitar as regras, de ser um pouco rebelde. Ela talvez prefira não esperar e, assim, não ser impedida de criar de forma mais livre. Eu, por ter a raiz mais desenhista, penso mais nos detalhes. São momentos de vida artística diferentes que ficam evidentes na mostra”, conclui.


“DESCENDÊNCIA: ALTERIDADE E TRANSFORMAÇÃO DO OLHAR”


Obras de Cristiana Nepomuceno e Rodrigo Soares. Até 23 de fevereiro, no Centro de Arte Popular (Rua Gonçalves Dias, 1.608 – Lourdes). Visitação de terça a sexta-feira, das 12h às 18h30; e aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h. Entrada gratuita.


* Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco

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