Disco de Guto Bellucco se baseou no livro de Anelis Assumpção, que publicou os escritos inéditos do pai, Itamar Assumpção -  (crédito: Ana Alexandrino/divulgação)

Disco de Guto Bellucco se baseou no livro de Anelis Assumpção, que publicou os escritos inéditos do pai, Itamar Assumpção

crédito: Ana Alexandrino/divulgação

 

 

Quando leu “Itamar Assumpção – Cadernos inéditos” (Editora Terceiro Nome), o cantor, compositor e instrumentista Guto Bellucco se encantou pelas letras inéditas de Itamar. Resolveu musicar 20 e seis delas fazem parte do álbum “Mar adentro”, que chega às plataformas na sexta-feira (24/1).

 

 


“O livro foi produzido pela filha de Itamar, Anelis Assumpção, que organizou o baú de letras inéditas do pai. Fiquei encantado com a qualidade das letras, que ainda não haviam sido musicadas. Foi assim que as melodias começaram a surgir”, diz Guto, ex-integrante da banda Cobras & Lagartos.

 

 


Antes do livro, ele não conhecia bem a obra do artista que brilhou na cena independente nos anos 1980. Apelidado “Nego Dito”, Itamar (1949-2003) foi nome de ponta do movimento Vanguarda Paulista ao lado de Arrigo Barnabé, Tetê Spíndola, Ná Ozzetti, Premeditando o Breque, Rumo e Língua de Trapo, entre outros.

 

“Ouço rock nacional desde os anos 1980, mas durante, minha formação, a Vanguarda Paulista não tinha muita projeção nas rádios”, explica Bellucco. De Itamar, ele só conhecia o LP “Intercontinental”.

 

 

O livro de Anelis foi o “start”. “Demorei a gravar o disco, porque me sentia meio de fora. Era outra época, outro espaço, outro território. As letras são muito boas e isso me convenceu a ir atrás de Anelis Assumpção. Ela foi muito atenciosa, fez com que o licenciamento desenrolasse rapidamente”, explica.

 


O músico Lucas Vasconcellos teve papel fundamental nesse processo. “Lucas me ajudou a sair um pouco da coisa de querer entrar no som de Itamar”, diz Guto. “Não tinha cabimento tentar fazer um som 'itamaresco'. Havia também as minhas referências sonoras.”

 

Itamar Assumpção, usando óculos escuros, canta durante show

Itamar Assumpção, que morreu de câncer aos 53 anos em 2003, foi um dos destaques da Vanguarda Paulista

Itamar Assumpção/Instagram

 


Entre a MPB e o rock, “Mar aberto” traz o espírito de cocriação de seus participantes. Bellucco assumiu voz, violão e guitarra. Gravaram o álbum Lucas Vasconcellos (baixo, guitarra e charango), Marcos Kuzka (viola caipira, clarinete, piano elétrico e sintetizador) e Gabriel “Barbeize” Barbosa (bateria), além das cantoras Jadsa Castro e Lucia Santalices.

 

 


O grupo fez apenas dois ensaios e gravou o disco em seis horas.O álbum reaviva a Vanguarda Paulista, tachada de “maldita” quando surgiu.

 

“Itamar ficava bravo quando o chamavam de maldito. O disco traz músicas novas para o cancioneiro dele. É uma responsabilidade, pois se trata de compositor com muita originalidade. Depois de 20 anos de sua partida, o cancioneiro e o mundo estético que ele forjou com nomes da Vanguarda Paulista continuam vivos”, diz Bellucco. 

 

 

“MAR ADENTRO”


Álbum de Guto Bellucco
Sete faixas
Disponível nas plataformas a partir de sexta-feira (24/1)