
Maurício Tizumba saúda a ancestralidade africana no espetáculo "Herança"
Dirigido por Grace Passô, multiartista mineiro se apresenta nesta sexta (17/1) na Campanha de Popularização Teatro e Dança
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Siga noPara o artista mineiro Maurício Tizumba, abordar a longevidade de sua carreira é também celebrar figuras essenciais para a construção e solidificação dessa trajetória no cenário cultural. Em “Herança”, o ator, cantor e compositor comemora 50 anos de ofício, enquanto rememora a vivência dos ancestrais, com raízes que remontam a Camarões, na África.
O espetáculo, que estreou em 2023, percorreu 19 estados no último ano. Como parte da Campanha de Popularização Teatro e Dança, terá apresentação única nesta sexta-feira (17/1), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes.
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Dirigido por Grace Passô, Tizumba divide o palco com a filha, Júlia Tizumba, e o amigo Sérgio Pererê, que assina a direção musical. A irmã de Tizumba, Rosa Moreira, faz participação especial.
Os quatro narram histórias de relações familiares, acompanhados por músicas e objetos pessoais, como uma cadeira e máquina de costura.
“Quando a gente fala de herança, as pessoas pensam em dinheiro e coisas grandes”, afirma Maurício Tizumba. “Aqui, a gente tem como objeto uma colher de pau, símbolo muito importante para a avó do Sérgio Pererê. É a mesma coisa com as músicas do espetáculo. Todas são heranças que hoje nos permitem contar nossas histórias”.
Veredas
A dramaturgia foi inspirada no livro “De Camarões: Veredas de Maurício Tizumba”, escrito por Pedro Kalil e Elias Gibran. A obra instigou reflexões sobre a descendência africana e suas conexões culturais.
“A gente quer contar sobre a força e a capacidade que o nosso povo preto tinha, além de destacar a nossa herança ancestral que vem lá de Camarões e chegou às terras mineiras há muitos anos. É o povo preto contando a sua própria história, acrescentando mais literatura e mais espetáculos dentro do universo do teatro, que não é só do branco”, explica Tizumba.
No enredo, a trajetória do povo bamum, de Camarões, entrelaça-se com outros relatos. Grace Passô criou a dramaturgia em parceria com Aline Vila Real e Tomás Sarquis, a partir do compartilhamento de vivências. Em cada história, a mistura de elementos individuais dos artistas e tramas fictícias reflete a sociedade brasileira.
“As histórias tinham a potência não só de falar dos intérpretes ou de questões específicas, mas de poderem ser coletivizadas. Os relatos falam muito sobre a diáspora, sobre o Brasil e sobre ser negro no país. Com isso, a gente foi articulando a dramaturgia para que as memórias tivessem potência política e social”, explica Grace Passô.
Cinema
Outra decisão da diretora foi explorar por completo a extensa carreira de Tizumba. Aos 67 anos, o mineiro se orgulha de ser profissional e criador cultural ativo. Atualmente, além de apresentar “Herança”, ele está gravando um filme no Rio de Janeiro e planeja produzir um longa e uma peça em 2025.
“No espetáculo, toco, canto, danço e interpreto. Assim tem sido a minha vida nesses 50 anos de carreira. É muito legal a gente conseguir colocar toda essa história em uma única peça. Fiquei muito feliz de receber a homenagem em vida, trabalhando. É um lugar de comemoração dos vivos”, conclui Tizumba.
“HERANÇA”
Direção: Grace Passô. Com Maurício Tizumba, Júlia Tizumba e Sérgio Pererê. Nesta sexta (17/1), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos a R$ 25 no portal Vá ao Teatro e nos postos do Sinparc, localizados no Shopping Cidade (Rua dos Tupis, 337, Centro), Teatro do Pátio Savassi (Av. do Contorno, 6.061, Savassi) e Shopping Monte Carmo (Av. Juiz Marco Túlio Isaac, 1.119, Ingá Alto, Betim). Na bilheteria da casa, o preço é R$ 52 (inteira) e R$ 26 (meia).
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria