Alissa Sanders e Sérgio Pererê, que volta a tocar percussão em um show, terão repertório com blues, congada, folk, catopê, jazz e ring shout -  (crédito: Pablo Bernardo/Divulgação)

Alissa Sanders e Sérgio Pererê, que volta a tocar percussão em um show, terão repertório com blues, congada, folk, catopê, jazz e ring shout

crédito: Pablo Bernardo/Divulgação

 

 

O cantor, compositor e multi-instrumentista Sérgio Pererê e a cantora e compositora norte-americana Alissa Sanders se apresentam nesta sexta (29/11) a domingo (1/12), às 20h, no CCBB BH. O show “Vozes ancestrais” traz também as participações da dançarina paulista Vanessa Soares (sexta), da percussionista Débora Costa (sábado) e da cantora e violinista Nath Rodrigues (domingo).

 

 


Evocando raízes dos cantos negros brasileiros e norte-americanos, o repertório traz blues, congada, folk, samba, catopê, pop, jazz e o ring shout, gênero nascido na região Gullah, no Sul dos Estados Unidos, a partir de rituais religiosos marcados por gritos, batidas de palmas e dança em roda.

 

 

 


O show conta também com canções compostas por Sanders durante recente viagem para Mali e Senegal, na África. Elas dialogam com o cancioneiro de Pererê, que resgata cantos dos Reinados de Minas, assim como fazem as músicas de seu recente disco, “Velhos de coroa” (2023).

 

 

 


Pererê diz que o show é algo que, de certa forma, está no espectro da sua carreira, referindo-se à música negra de Minas, com base nos vissungos, algumas coisas do Reinado, ritual no qual ele é atuante, e também nos cantos da diáspora africana nos Estados Unidos.

 


“São os cantos que deram origem ao blues e ao jazz. A Alissa vem de Los Angeles (EUA) e já passa por essa pesquisa há algum tempo”, conta o artista.


Spiritual e Reinado

 

O compositor lembra que Sanders teve um período de formação com Bobby McFerrin e conhece bem as culturas negras dos Estados Unidos. “A gente se misturou para fazer essa fusão. Na verdade, a ideia do show nem é mostrar uma fusão, mas a semelhança entre as linhas melódicas dos spirituals e dos cantos do Reinado.”

 

 


Pererê esclarece que os dois vão revelar ao público que, na diáspora, o que veio da música africana ganhou ramificações e conseguiu se preservar, de certa forma.

 

“As pessoas vão ter acesso à expansão de uma música que veio da África e ganhou formas diferentes com a diáspora. Vão reconhecer a presença das escalas e linhas melódicas do blues e do jazz. Alissa é uma cantora mais especializada no jazz e estamos trazendo algumas coisas que são clássicos dos spirituals.”

 

O artista afirma que quem for ao CCBB BH vai reconhecer as músicas dele dentro desse lugar. “É um jeito de contar para as pessoas que a linha blues sempre esteve na minha vida. Só que com essa pegada, com os tambores ali juntos. Na apresentação, tocarei percussão o show inteiro. Isso é interessante, porque faz tempo que não faço um show tocando percussão”, diz.

 

Essa é a segunda vez que Pererê se apresenta ao lado de Sanders. Os dois subiram ao palco juntos em 2022, na Virada Cultural de BH.

 

 

 


Alissa Sanders conta que  a semente do projeto com Pererê foi plantada naquele momento. “Alguns meses depois, quando estávamos com vontade de trabalhar novamente, abriu-se o edital e seria uma chance de explorar as tradições de ambos. No meu caso, compartilhar um pouco da música das minhas tradições norte-americanas e também aprender mais sobre as tradições dele. Fiz uma playlist e mandei para ele, que também me mandou algumas coisas. Quando escutamos as músicas juntos, parece que o show foi se costurando ali.”

 

A artista afirma que o show de agora é como uma conversa entre os ancestrais, por meio da música.

 

 

“As raízes não são distantes, pois as pessoas saíram dos mesmos lugares e foram para vários destinos. Às vezes, a letra é triste, mas a melodia é alegre, eleva o espírito, cura. Como dois artistas negros que fazem parte dessa herança, vamos cantar também algumas músicas autorais. Somos a continuação dessas tradições musicais, do nosso jeito. Estou aprendendo muito com Sérgio, que é uma fonte profunda”, destaca Alissa.


Oficinas de canto

 

Além dos shows desta sexta (29/11) a domingo (1/12), Sérgio Pererê e Alissa Sanders oferecerão duas oficinas de cantos. Comandada por Pererê, a atividade Labidumba será realizada hoje, às 20h, com a proposta de passear pelo universo vocal de culturas tradicionais do Brasil e do mundo, explorando as possibilidades dos cantos difônicos e polifônicos.

 

No sábado (30/11), às 17h, em Cantando as raízes da música negra americana, Sanders explora os gêneros da música norte-americana, baseada nos métodos pedagógicos do músico estadunidense Bobby McFerrin. As inscrições gratuitas podem ser feitas por meio do site ccbb.com.br/bh.

 


“VOZES ANCESTRAIS”


Com Sérgio Pererê e Alissa Sanders. Nesta sexta (29/11), sábado (30/11) e domingo (1/12), às 20h, no Teatro 1 do CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários). Ingressos gratuitos pelo site ccbb.com.br/bh ou na bilheteria local. Informações: (31) 3431-9400.

 


OUTRAS ATRAÇÕES

 

>>> Percussão Circular

Comemorando 10 anos, o projeto Percussão Circular será apresentado neste sábado (30/11), às 20h, e domingo (1/12), às 14h30 e às 19h, no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Dirigido por Di Souza, regente do bloco Então, Brilha!, o espetáculo reunirá 400 artistas, entre estudantes de percussão, integrantes do Percussão Circular e músicos convidados para celebrar a trajetória da maior escola de percussão e musicalização de Belo Horizonte. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada), à venda pelo eventim.com.br e na bilheteria local. Informações: (31) 3236-7400.

 


>>> Samba que educa

O projeto Canjerê e o Instituto Casarão das Artes Negras apresentam neste sábado (30/11), às 18h, na Casa Canto (Rua Augusto de Abreu, 343 – Boa Vista), o show “Samba que educa: Cantando e contando a história do samba”, com as artistas Elzelina Dóris dos Santos e Viviane Amaral. A apresentação fecha o mês da Consciência Negra e comemora também o Dia do Samba, celebrado em 2 de dezembro. Entrada gratuita.