CINEMA

Professor vira matador fake no divertido "Assassino por acaso"

Homem finge ser assassino e se complica ao encarnar personagens para ajudar a prender criminosos. Longa está em cartaz nos cinemas de BH

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Matadores de aluguel não existem. Ou melhor, não existem da maneira como são retratados no cinema: desafortunados, com alto grau de psicopatia e muito charme. Além do mais, matam por uma mixaria. Nenhum deles ficou rico com a profissão.


Personagens como Vincent Vega (John Travolta, em “Pulp Fiction – Tempo de violência”), Léon (Jean Reno, em “O profissional”) e o soturno matador interpretado por Michael Fassbender, em “O assassino”, ajudaram a consolidar a imagem pouco condizente com a realidade.


É justamente esta figura que o diretor Richard Linklater (“Boyhood”) ironiza com humor machadiano em “Assassino por acaso”, filme em cartaz nos cinemas de BH.

Desenvolvido por Linklater em parceria com o ator Glen Powell, o roteiro traz para as telas uma bizarra história real ocorrida nos EUA. Nas décadas de 1970 e 1980, Gary Johnson trabalhou para a polícia do Texas fingindo ser assassino de aluguel para prender aqueles que planejavam homicídios, mas não tinham coragem de cometê-los.

Leia também: Richard Linklater filmou "Boyhood" ao longo de 12 anos


O plano era sempre o mesmo: Gary se apresentava como matador profissional a quem queria “resolver alguns problemas”. Quando o negócio era fechado, a polícia chegava ao local para prender o mandante do crime, depois de acompanhar a transação por meio de escutas.


De tanto fingir ser assassino de aluguel, Gary descobriu sua vocação para as artes cênicas e começou a desenvolver “personagens” para as missões.


Ao receber informações da polícia sobre os investigados, ele iniciava o processo de construção da “persona”, imaginando qual tipo seria mais adequado para cada ocasião. Esta é a história real. Linklater e Powell partiram dela para desenvolver o filme.

"Bico" na delegacia

Na ficção ambientada nos dias de hoje, Powell dá vida ao tímido Gary, professor universitário de filosofia e psicologia que leciona em meio período. Obrigado a complementar a renda, presta serviços de manutenção de aparelhos eletrônicos para a polícia.


A vida muda quando o agente que trabalhava como infiltrado é suspenso por espancar adolescentes inocentes. Sem ter a quem recorrer, o delegado o substitui pelo professor, o novo falso “matador” aliado da polícia.


Em ação, Gary é outro. Ganha autoconfiança, não titubeia ao falar e se comporta como bad boy. Consegue a confissão do mandante sem dificuldades e, justamente por isso, é escalado para novas missões.

Lenhador e psicopata


O professor começa a desenvolver uma série de criaturas – e é aí que a veia cômica do filme se evidencia. Para o espectador que conhece o Gary tímido e inibido, é hilário ver os personagens inventados por ele: o estereótipo do sulista norte-americano, com barba estilo lenhador, cheio de tatuagens e vasto repertório preconceituoso; o psicopata gótico; a figura estranha que fala fino e não para de encarar o potencial cliente… Por aí vai.


Gary, no entanto, se perde numa de suas criações, o bonitão descolado que vive como lobo solitário. Ron é o nome dessa “persona”.


O galã surge na operação para prender Madison (Adria Arjona), mulher cujo plano é eliminar o marido abusivo.


No meio da missão, Gary se apaixona por ela e vice-versa. Na verdade, Madison se apaixona mesmo é por Ron.


Para manter o relacionamento, Gary passa a viver como Ron, agir como Ron e pensar como Ron. De um momento para outro, perde-se no arquétipo que inventou, caindo numa teia de mentiras a ponto de comprometer tanto o trabalho na polícia quanto sua carreira acadêmica.


Linklater e Powell desenvolvem um excelente filme, que, além do humor, lida com temas como valores que guiam o ser humano, relacionamentos e, claro, personalidade. Até os conceitos de identidade, de Jung, e de superego, de Freud, vêm à tona.


Netflix na mira

A produção atraiu o interesse da Netflix, que comprou o longa durante o Festival de Cinema de Veneza, onde foi exibido em setembro do ano passado.


O negócio deu o que falar nas revistas norte-americanas de cinema. Para especialistas, disponibilizar o filme na plataforma, pouquíssimos dias depois da estreia nas salas, torna os espaços de exibição obsoletos, pois o número de espectadores no streaming tende a ser muito maior do que o público que paga ingresso no cinema.


Além do mais, o filme teria fôlego para arrecadar U$ 35 milhões nas bilheterias, valor superior aos U$ 20 milhões pagos pela Netflix.


“ASSASSINO POR ACASO”


EUA, 2023, 105min. De Richard Linklater, com Glen Powell, Adria Arjona e Austin Amelio. Em cartaz a partir desta quinta-feira (13/8) nos cinemas dos shoppings Cidade, Boulevard, Pátio Savassi, BH, Estação BH, Partage Betim, Itaú, Minas, Monte Carmo e Via, além das salas do UNA Cine Belas Artes e do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

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