O inglês Ritchie, de 72 anos, está entre os artistas mais importantes do pop brasileiro
 -  (crédito: Alessandra Tolc/Instagram de Ritchie)

O inglês Ritchie, de 72 anos, está entre os artistas mais importantes do pop brasileiro

crédito: Alessandra Tolc/Instagram de Ritchie

 

A ideia era fazer 10 shows pelo Brasil em comemoração aos 40 anos de carreira, mas a recepção do público foi tão positiva que as 10 apresentações iniciais em pouco tempo viraram 30, depois 40 e já estão perto de se tornar meia centena. “Estamos marcando shows todos os dias. É uma enorme surpresa pra mim. Num único dia, nós fechamos oito shows”, diz, pelo telefone, um estupefato Ritchie.

 


Os shows fazem parte da turnê “A vida tem dessas coisas”, cuja espinha dorsal é o disco de estreia do artista britânico, “Voo de coração”.

 

 


Lançado em 1983, o álbum contava com nada menos que “Menina veneno”, “A vida tem dessas coisas” e “Pelo interfone”, hits responsáveis por fazer “Voo de coração” vender mais no Brasil do que o consagrado “Thriller”, de Michael Jackson, lançado em novembro do ano anterior.

 

 


Neste sábado (20/4), Ritchie volta a Belo Horizonte para a segunda apresentação do show comemorativo no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes – o début na capital mineira ocorreu em setembro do ano passado. Os ingressos estão quase esgotados.

 


Sob coordenação do inglês Steve Altit, o show transita por música, teatro e mágica – ser mágico era sonho de criança de Ritchie, diga-se. Não se trata de ilusionismo, é bom deixar claro. A influência dessa arte poderá ser vista nos gestos do cantor.

 


Há também experiências com realidade virtual. No palco, além de Ritchie e da banda composta por Eron Guarnieri (teclados e vocais), Igor Pimenta (contrabaixo), Renato Galozzi (guitarras, violões e vocais), Hugo Hori (saxofone, flauta e vocais) e Luiz Capano (bateria), o espectro do cantor aparece atravessando um triângulo amarelo – alusão à capa do compacto “Menina veneno”, que antecedeu o álbum de estreia. As projeções de imagens de Ritchie se relacionam com o que está sendo cantado.


Capitais e interior

 

A apresentação de sábado é uma espécie de reprise a pedido dos fãs. “Muita gente veio falar com a gente que não conseguiu ir ao show do ano passado, pedindo para voltarmos”, lembra o cantor.

 


“Até então, a gente tinha se concentrado somente nas capitais, mas começaram a chegar pedidos de cidades do interior. Queríamos fazer, mas ficávamos pensando se seria viável colocar todos os equipamentos, toda aquela estrutura na estrada. Por fim, conseguimos nos adaptar para tocar em lugares grandes e pequenos”, comenta. Recentemente, Ritchie se apresentou em uma cidadezinha no interior do Amazonas.

 


Ainda que se trate de turnê comemorativa, o repertório não se limita às canções de “Voo de coração”. Estão no setlist “Lágrimas demais”, do disco “Auto-fidelidade” (2002); “A mulher invisível”, de “E a vida continua” (1984); “Loucura & mágica”, do álbum homônimo (1987); “Transas”, também de “Loucura e mágica” (1987); e “Agora ou jamais”, da época em que Ritchie integrou o projeto Tigres de Bengala (1993) com Cláudio Zoli, Vinícius Cantuária, Dadi, Mú e Billy Forghieri.

 

 


Entraram também as versões de “Shy moon”, de Caetano Veloso; “Mercy Street”, de Peter Gabriel; e “Ando meio desligado”, d’Os Mutantes.

 


Aliás, a versão de Ritchie para o clássico de Sergio Baptista, Rita Lee e Arnaldo Baptista é homenagem à rainha do rock brasileiro, que morreu no ano passado.

 


Rita Lee teve papel importante na trajetória do cantor e compositor britânico. Depois de conhecê-la por acaso em Londres, ele veio para o Brasil, hospedou-se no sítio da Serra da Cantareira onde os Mutantes moravam, e, por intermédio de Rita, estreou na cena musical brasileira dos anos 1970.

 


Ritchie ficou tão à vontade que assumiu os vocais da Vímana, banda fundada por Lulu Santos, que contavacom Lobão na bateria.

 

 


Inéditas

 

O show também trará a inédita “Saudade sem paisagem (Ela jamais virá)”, lançada recentemente nas plataformas digitais. Fruto da parceria entre Ritchie e Fausto Nilo, a canção sobre amor não correspondido foi escrita em 2007, mas ficou guardada na gaveta por anos.

 


“Queria que todas as músicas do show fossem acessíveis em gravações de estúdio, mas ainda não são”, lamenta o cantor. Diz que por falta de interesse de gravadoras, versões originais de várias canções lançadas em vinil não foram digitalizadas e disponibilizadas nas plataformas de streaming.

 


É o caso de “Transas”, faixa do disco “Loucura & Mágica” (1987). O compacto que antecedeu o álbum, que trazia a canção, foi o mais vendido de 1986.

 


“Você não encontra a versão original nas plataformas, tem só a versão ao vivo. Isso porque a gravadora não quis investir. Então, agora que tenho meu próprio selo, estou aproveitando para regravar essas músicas e disponibilizá-las digitalmente”, avisa Ritchie, prometendo entregar, até o final do ano, mais 12 singles, entre regravações e inéditas.

 


“A VIDA TEM DESSAS COISAS”


Show de Ritchie. Neste sábado (20/4), às 21h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Inteira: R$ 600 (plateia 1/central), R$ 390 (plateia 1/lateral), R$ 340 (plateia 2) e R$ 240 (plateia superior). Meia-entrada na forma da lei. À venda na bilheteria do teatro e no site fcs.mg.gov.br. Informações: (31) 3236-7400.