Lucas Silveira, Thiago Guerra e Gustavo Mantovani lançam álbum que traz a

Lucas Silveira, Thiago Guerra e Gustavo Mantovani lançam álbum que traz a "trajetória linear e ascendente" da Fresno, como diz silveira

crédito: Camila Cornelsen/divulgação

Ao falar de “Eu nunca fui embora”, álbum da Fresno que chega às plataformas nesta sexta-feira (5/4), o guitarrista e vocalista Lucas Silveira é enfático: “Não tenho dúvida de que este é o disco da nossa carreira”. E completa: “São as melhores canções de toda a nossa carreira”. Produtor do trabalho, ele salienta que este é o resultado da trajetória de 25 anos, “linear e ascendente”, da banda.


Silveira considera que as pessoas tendem a tratar música como algo diferente, mágico – não chega a tanto, mas também não se trata de mero ofício burocrático. “É um artesanato e, como tal, você aprende com o tempo, desenvolve, coloca os sentimentos e evolui tanto musicalmente quanto como pessoa. É do alto da nossa experiência que falo deste momento muito positivo da banda, quando a gente consegue colocar no papel coisas que não conseguia antes”, diz.

 


O guitarrista Gustavo Mantovani, o Vavo, pontua que, em termos de temática, as sete inéditas que vêm à luz agora refletem quem são os integrantes da Fresno hoje. No início da carreira, o grupo de Porto Alegre, criado em 1999, falava de amores não correspondidos e paixões platônicas. “A gente não tinha capacidade de falar de amor por outro ponto de vista que não fosse o da tristeza ou da melancolia”, observa.


Essa limitação foi superada com a maturidade. Fresno retoma, com “Eu nunca fui embora”, a temática amorosa, depois de se dedicar a letras mais reflexivas, com investigações filosóficas.


“As novas músicas falam de amor, mas um amor que está acontecendo, não idealizado. O amor de quem está em um relacionamento, falando do que é problemático e do que é legal nesse estar junto. O álbum não deixa de ser um trabalho bastante autobiográfico e pessoal”, ressalta.

 



 

Quando chama a atenção para a trajetória “linear e ascendente” da Fresno, Lucas Silveira alude ao percurso sem grandes saltos e sem trabalhos muito destoantes entre si.


“Poucas bandas lançaram o primeiro disco tão com cara de primeiro disco, meio tosco, mal-acabado, mas cheio de verdade”, diz, referindo-se a “Quarto dos livros” (2003).


“Amadurecer é obrigação do artista, estou sempre querendo aprender a usar melhor minha voz, meu instrumento, minhas ferramentas. O novo disco mostra um olhar sobre nossa própria carreira deste lugar em que estamos agora. Foi o que procurei colocar nas composições”, explica.


Nesta sexta-feira, chega a público a primeira parte de “Eu nunca fui embora”. A segunda será lançada em meados do ano, quando a banda sairá em turnê para divulgar o disco. Silveira diz que dividir o lançamento em dois momentos cumpre o objetivo de otimizar a fruição do álbum.


“Com o streaming, as pessoas estão escutando música o tempo inteiro, em todos os lugares, então nossa ideia foi diluir mesmo, apresentando faixas novas agora e revitalizando o trabalho daqui a três ou quatro meses com o material restante. Com repertório mais enxuto em cada uma das partes do novo trabalho, as músicas acabam mais valorizadas”, destaca.


Uma convidada que pode causar surpresa é Pabllo Vittar, cantora na faixa “Eu te amo/Eu te odeio (iô-iô)”. O guitarrista e vocalista acredita que há pontos de convergência entre os públicos do grupo e da artista. “A música diz muita coisa sobre sermos uma banda de rock e a Pabllo uma drag ligada a outros estilos. É uma faixa manifesto que fala de amor de maneira mais light, com pegada mais dançante”, define.


Emocore

 

Fresno se apresentou em Belo Horizonte há menos de um mês, no festival I Wanna Be Tour. O evento reuniu bandas surgidas entre o final dos anos 1990 e os anos 2000, expoentes do segmento que, à época, recebeu diferentes denominações, como emocore ou pop punk. Os músicos gaúchos dividiram o palco com Pitty e os grupos NX Zero, Simple Plan e A Day To Remember.


O baterista Thiago Guerra conta que a experiência foi enriquecedora, pois ao longo da turnê os grupos puderam estreitar relações. “No final, virou uma grande festa, com músicos de uma banda participando no show de outra e vice-versa”, revela.


“São bandas representantes de um estilo que, durante um período, sofreu grande desdém da crítica, mas, passados os anos, seguem mostrando a força daquele momento”, diz Silveira.

 

“EU NUNCA FUI EMBORA”
• Álbum da banda Fresno
• Sete faixas
• Selo Elemess
• Disponível a partir desta sexta-feira (5/4), nas plataformas de streaming