Rebaixamento para os maus pagadores
"O calote está estabelecido e até mesmo clubes que viraram SAF, caso do Atlético Mineiro, esteve envolvido em não pagamento de contratações e atrasos de salário
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Enquanto o futebol brasileiro não se disciplinar e punir os maus pagadores, vai continuar nessa lama em que se encontra, onde uma equipe como o Corinthians, que tem 35 milhões de torcedores e deve R$ 3 bilhões, não paga a ninguém, atrasa salários, compras e tudo o mais, e continua disputando a Série A como se isso fosse normal. Na Inglaterra ou em países sérios, estaria disputando a Série B, ou até mesmo, a C. É preciso dar um basta no calote e na irresponsabilidade de dirigentes, que jogam a sujeira para debaixo do tapete, e o sucessor vai fazendo o mesmo.
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Já passou da hora de esses dirigentes terem responsabilidade fiscal e pagarem pelos erros cometidos. A responsabilidade financeira é fundamental para a saúde dos clubes. Estou citando como exemplo o Corinthians, porque a coisa lá está beirando o absurdo. Pagar R$ 3 milhões mensais a Memphis Depay, ou melhor, “fingir que paga, enquanto ele finge que joga”, é uma aberração.
Não há outra alternativa a não ser a transformação de todos os clubes em empresas. Duvido que um dirigente irresponsável como esse faria isso com suas empresas pessoais. Duvido que gastariam mais do que faturam, pois seria a falência. Como no futebol os clubes não sucumbem, pelo menos os mais populares, a banda vai tocando dessa forma equivocada.
Talvez Flamengo e Palmeiras não precisem se transformar em SAFs, mas todos os demais precisam e muito. O calote está estabelecido no futebol brasileiro, e até mesmo clubes que viraram SAF, caso do Atlético Mineiro, esteve envolvido em não pagamento de contratações e atrasos de salários.
A coisa tem que caminhar com transparência, lisura e competência dos gestores. É sabido que arrecadações em bilheterias não sustentam os clubes, pois as despesas, principalmente com salários, são absurdas. Num país de economia quebrada como o Brasil não se pode pagar esses salários irreais. Estamos repatriando jogadores da Europa pagando os salários pagos por lá. Dessa forma, a conta não fecha.
O Vasco da Gama é outro exemplo. Não tem um parceiro, pois sua SAF não deu certo, e está buscando jogadores no Velho Mundo. Vai pagar como? Pedrinho, seu presidente e ex-jogador, é um cara sério e quer o bem do clube, mas sem uma SAF forte não irá a lugar algum. Sinceramente, não sei onde ele está buscando recursos para pagar a folha salarial.
A CBF deveria criar o fair-play financeiro para moralizar nosso futebol. Mas a grande solução será a criação da Liga, na qual os clubes decidam seus próprios destinos. Negociação com televisão, patrocínios e divisão do bolo em partes iguais. Estamos nos transformando num campeonato espanhol, com Flamengo e Palmeiras ganhando praticamente tudo nos últimos 10 anos. É preciso uma reação dos outros clubes, em organização, critério e, principalmente, nas finanças.
A CBF deve cuidar única e exclusivamente da Seleção Brasileira, pois ela tem sido incompetente na confecção de tabelas, jogos e na caótica arbitragem. É sabido que a turma da política continua infiltrada na CBF e alguns escárnios continuam, como o caso das denúncias contra Gilmar Mendes e seu filho, Francisco, que, segundo reportagens seriam sócios da CBF Academy, faturando R$ 15 milhões, por ano. Isso não é correto.
Espero que o novo presidente Samir Xaud tenha liberdade para dirigir a entidade com responsabilidade, transparência e qualidade. Não deve e não pode ficar refém da política brasileira, que salvo exceções anda na lama e em descrédito com o povo.
Por mais clubes se tornando SAF, por mais responsabilidade dos dirigentes e dos donos. Por mais fair-play financeiro, por mais decência no nosso futebol. Viramos chacota mundial em vários aspectos, e o futebol inserido nessa sociedade corrompida é só mais um segmento contaminado. Não há mais como alguns clubes contratarem jogadores na certeza de que não vão pagar, de que o calote está instituído no futebol brasileiro. Por mais SAFs, mais decência, transparência e responsabilidade. Não importa se o devedor é Corinthians, Vasco ou uma equipe de menor expressão. Deu calote, punição com o rebaixamento e ponto. Só assim teremos a credibilidade do futebol de volta.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.