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Estado de Minas ATLÉTICO

O que fez Sette Câmara mudar de ideia em dois meses e desistir de reeleição no Atlético

Apesar do desejo expresso de ficar mais três anos à frente do clube, presidente optou por outro caminho e anunciou que deixará o cargo ao fim deste ano


13/11/2020 04:00 - atualizado 13/11/2020 10:06

Sérgio Sette Câmara não concorrerá à reeleição presidencial no Atlético(foto: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO)
Sérgio Sette Câmara não concorrerá à reeleição presidencial no Atlético (foto: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO)
Em junho de 2019 - a um ano e meio da eleição -, Sérgio Sette Câmara já havia decidido: tentaria os votos do Conselho Deliberativo para reeleger-se presidente do Atlético. Há dois meses, em setembro de 2020, o advogado, enfim, tornou público o desejo e falou abertamente que queria seguir no cargo. Porém, tudo mudou. Em entrevista coletiva nessa quinta-feira, o mandatário anunciou a desistência da candidatura e falou em tom de despedida. Mas, afinal, o que o fez mudar de ideia em tão pouco tempo?

São vários os fatores que demoveram Sete Câmara da intenção de seguir na máxima posição da hierarquia alvinegra. Os mais significativos, porém, apontam para uma mesma direção: o desgaste político enfrentado ao longo dos três anos de gestão.

Embora viva o melhor momento desde que assumiu o posto, em janeiro de 2018, o presidente não tem o apoio de conselheiros influentes. Mais importante que isso, perdeu o aval do quarteto de empresários que impulsiona financeiramente e auxilia administrativamente o clube: Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador.

O inconsistente desempenho do time nos primeiros anos de mandato e as rusgas criadas com nomes importantes da administração alvinegra fizeram Sette Câmara recorrer de forma mais frequente à família Menin, a partir do primeiro trimestre deste ano. Os investimentos de Rubens e Rafael fizeram com que a popularidade do presidente aumentasse, já que o rendimento em campo melhorou com a chegada de reforços e do técnico Jorge Sampaoli.

Mas não foi suficiente para que Sette Câmara contornasse os problemas acumulados ao longo da gestão. Os empresários que comandam o grupo de situação do Atlético querem pacificar o turbulento momento político do clube - possibilidade descartada com uma eventual reeleição do atual presidente, que se desgastou com um dos líderes históricos da política alvinegra: Alexandre Kalil.

Presidente mais vencedor da história do clube, o prefeito de Belo Horizonte se afastou dos bastidores atleticanos nos últimos meses, mas ainda tem peso significativo sobre os demais conselheiros. Manter o atual mandatário no cargo, portanto, inviabilizaria o projeto de acalmar os ânimos num triênio decisivo, que terá a inauguração da sonhada Arena MRV. E o próprio Sette Câmara admitiu isso.

“Senti que poderia haver algum tipo de embate político se eu eventualmente viesse a insistir na minha reeleição. Isso poderia prejudicar o clube também. O Atlético em primeiro lugar. Nós temos que estar aqui em paz. Para dar continuidade a esse trabalho, é necessário que o Atlético esteja em paz. Esse é um ponto extremamente importante, porque um clube que vive numa turbulência política, queira ou não, acaba de alguma maneira contaminando o departamento de futebol, os jogadores, a torcida, a imprensa”, disse.

O candidato para levar a tão desejada paz política aos bastidores do Atlético está praticamente definido: Sérgio Batista Coelho, ex-vice presidente de futebol. A tendência é que ele forme chapa com José Murilo Procópio, que foi vice-presidente jurídico do clube no anos 2000. A definição dos nomes deve ocorrer até 26 de novembro - duas semanas antes do pleito, agendado para 11 de dezembro.

Motivações pessoais

Ao longo da entrevista, Sérgio Sette Câmara disse ter optado por não concorrer à reeleição. Sabe-se, porém, que a desistência não se deveu estritamente ao desejo do advogado. O desgaste político e a falta de apoio foram decisivos no processo, que envolveu também questões pessoais - já alegadas há anos pelo dirigente.

“Esses três anos me consumiram demais, inclusive a própria saúde. O que eu tive de problema de saúde durante esses três anos não está no gibi. Estou até com um lenço, pois tive que fazer uma cirurgia no meu olho direito. O Atlético consome quem está aqui. Você, às vezes, passa a noite sem dormir. Não é possível administrar a sua vida pessoal durante o período em que você está aqui com a tranquilidade que outras pessoas têm. Acho que o meu papel aqui no Atlético foi cumprido, a minha missão foi cumprida”, disse.

"Eu optei, depois de refletir bastante, em não sair para a reeleição. Acho que teria todos os predicados e méritos e, se quisesse, poderia sim sair (como candidato) e ganharia, porque acho que fiz um excelente trabalho, e o conselho do Atlético reconhece isso. Mas eu preciso cuidar da minha vida profissional, da minha família”, completou.

Ao ceder a cadeira de presidente a um sucessor, Sette Câmara, porém, não desiste de participar da gestão atleticana. O presidente deixou claro que seguirá ativo nas decisões do clube como conselheiro e, principalmente, integrante do grupo da situação, liderado pela família Menin.

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